Apollo Taborda França
Curitiba/PR, 1926 – 2017
O POEMA
Germina o poema
Da intenção do poeta
Aferindo-se na emergente inspiração
De um momento desperto
Esclarecido
Arrisca o tema
Vai
insiste
Concatena
Debate-se no aluvião do estro
Compõe-se
Amolda-se
Alonga-se
Recua na medida
Incorpora imagens
Situações
Discursa o conteúdo
Define-se
Recebe o sopro final
Ganha vida
Existe
Prontifica-se
****************************************
Leonardo Henke
Curitiba/PR, 1906 – 1986
POEMAS DE AMOR
Poemas de amor, direis, que descalabro...
numa época em que o amor é quase morto,
é semear lírios em selvagem horto,
as rosas de recife, ou volutabro*…
Entanto, o coração aos versos abro,
e lhe trazem — batéis a escuro porto,
as claridades que lhe dão conforto,
as luzes de um celeste candelabro.
Poemas de amor, mas desse amor divino
que as almas reconduz, igual a um hino,
a céus distantes, sem jamais perdê-las.
Poemas de amor, daquele que, de rastros,
a lua impele ao ósculo dos astros,
e leva ao sol, o beijo das estrelas…
______________________
* Volutabro = lamaçal.
****************************************
Hélio de Freitas Puglielli
Curitiba/PR
POEMA DO AMOR NECESSÁRIO
Lágrimas e proclamações de posse
ciúme e olvido abraços e distâncias
na ardência da paixão
palavras combustíveis
queimando
Ninguém cantou o amor necessário
Ninguém cantou este impulso
grave
de seres que se completam
Ninguém cantou o amor sem adjetivo
começo e fim de si mesmo
este círculo fechado
na profundeza do desejo, entre a carne
e a dor esperanças e futuros
lado a lado
este amor tão terra, e pó,
e vida.
O amor em sua própria duração
compulsão fecunda sem metáforas,
violenta serenidade,
este amor eu canto.
****************************************
Antonio Salomão
(Altinópolis/SP, 1921) Curitiba/PR
POEMA
Há nesse alpendre uma cadeira antiga
onde o silêncio não fazia alardes,
onde sentava sem supor fadiga
a meditar na calidez das tardes.
Era meu pai, aquele pai amigo
que ali vivia a meditar em mim
e parecia até falar comigo
que o grande amor não tem limite ou fim.
Ai que saudade das benditas horas
em que meu pai na solidão se via,
a imaginar e a me dizer tu choras
sem perceber que já chegou meu dia.
E este diálogo formoso e belo
se interrompeu definitivamente,
mas na minha alma por maior anelo
saudade é flor de uma lembrança quente.
Fonte:
Apollo Taborda França. 10 grandes temas (clássicos) da literatura. Curitiba/PR: Gráfica Vitória, 1989.
Livro enviado por Vânia Ennes.
Curitiba/PR, 1926 – 2017
O POEMA
Germina o poema
Da intenção do poeta
Aferindo-se na emergente inspiração
De um momento desperto
Esclarecido
Arrisca o tema
Vai
insiste
Concatena
Debate-se no aluvião do estro
Compõe-se
Amolda-se
Alonga-se
Recua na medida
Incorpora imagens
Situações
Discursa o conteúdo
Define-se
Recebe o sopro final
Ganha vida
Existe
Prontifica-se
Leonardo Henke
Curitiba/PR, 1906 – 1986
POEMAS DE AMOR
Poemas de amor, direis, que descalabro...
numa época em que o amor é quase morto,
é semear lírios em selvagem horto,
as rosas de recife, ou volutabro*…
Entanto, o coração aos versos abro,
e lhe trazem — batéis a escuro porto,
as claridades que lhe dão conforto,
as luzes de um celeste candelabro.
Poemas de amor, mas desse amor divino
que as almas reconduz, igual a um hino,
a céus distantes, sem jamais perdê-las.
Poemas de amor, daquele que, de rastros,
a lua impele ao ósculo dos astros,
e leva ao sol, o beijo das estrelas…
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* Volutabro = lamaçal.
Hélio de Freitas Puglielli
Curitiba/PR
POEMA DO AMOR NECESSÁRIO
Lágrimas e proclamações de posse
ciúme e olvido abraços e distâncias
na ardência da paixão
palavras combustíveis
queimando
Ninguém cantou o amor necessário
Ninguém cantou este impulso
grave
de seres que se completam
Ninguém cantou o amor sem adjetivo
começo e fim de si mesmo
este círculo fechado
na profundeza do desejo, entre a carne
e a dor esperanças e futuros
lado a lado
este amor tão terra, e pó,
e vida.
O amor em sua própria duração
compulsão fecunda sem metáforas,
violenta serenidade,
este amor eu canto.
Antonio Salomão
(Altinópolis/SP, 1921) Curitiba/PR
POEMA
Há nesse alpendre uma cadeira antiga
onde o silêncio não fazia alardes,
onde sentava sem supor fadiga
a meditar na calidez das tardes.
Era meu pai, aquele pai amigo
que ali vivia a meditar em mim
e parecia até falar comigo
que o grande amor não tem limite ou fim.
Ai que saudade das benditas horas
em que meu pai na solidão se via,
a imaginar e a me dizer tu choras
sem perceber que já chegou meu dia.
E este diálogo formoso e belo
se interrompeu definitivamente,
mas na minha alma por maior anelo
saudade é flor de uma lembrança quente.
Fonte:
Apollo Taborda França. 10 grandes temas (clássicos) da literatura. Curitiba/PR: Gráfica Vitória, 1989.
Livro enviado por Vânia Ennes.
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