domingo, 13 de setembro de 2020

Edy Soares (Cristais Poéticos) IV


CONTO DE FADAS

Todo mundo fala
Que conto de fadas não existe,
Mas eu posso mudar tudo
E inventar um só pra nós dois.

Tem gente que fala
Que o amor é coisa triste,
Que tem medo de se entregar
E deixa tudo pra depois.

Mas eu posso te mostrar
Que o amor pode nos dar
Asas pra voar até o céu,

Basta você se entregar
Que eu posso te mostrar
Que o amor tem o sabor do mel,

E se, mesmo você não aceitar,
Vou pedir um anjo cupido pra flechar seu coração
E trazer você pra mim,
Pra ser a rima dos meus versos
E a melodia da minha canção.

(Celso Malzotti / Edy Soares)
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FIM DE ESTAÇÃO

Quando acabar a guerra,
Não precisa mais munição.

Quando acabar a dor,
Não precisa mais compaixão.

Quando acabar o amor,
Os mortos estarão mortos,
Os corpos sobrepostos
E a alma sem salvação.

Quando acabar a esperança,
Terá acabado a razão.

Quando não tiver mais quem lute,
Estará dominada a nação.

Os abutres continuarão com fome,
Sem como explorar mais os homens,
Terá chegado o fim da estação.

Quem produzia fora exterminado;
Quem explorava, condenado
A não ter mais quem lhe dê o pão.

Os virtuosos foram dizimados;
Do fruto do trabalho, despojados
E destruídos por quem conduziu o mundo
À ultima estação.
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REINO DE AVILAN

Frívola cúpula, travestida,
Consciente de que é despudorada,
Se iguala a qualquer prostituta,
Não se importa em ficar mal falada.

Se vende a qualquer vagabundo,
Acompanha qualquer delinquente,
Não tem moral para ser respeitada.
É vulgar e envergonha sua gente.

Se vendesse apenas seu corpo,
Poderia ser, talvez, perdoada.
Mas entrega barato sua prole,
Para ser também explorada.

Não tem cura, é pecadora,
Dá- se assim desde menina,
Não é de hoje que se lambuza
Num prostíbulo de gente grã-fina.

Fonte:
Edy Soares. Flores no deserto. Vila Velha/ES: Ed. do Autor, 2015.
Livro gentilmente enviado pelo poeta.

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