Quem foi o diretor de “Casablanca”? Quem foi a protagonista de “E o vento levou”? Qual foi o primeiro filme de Orson Welles?... Hoje você vai ao Google e fica sabendo na hora. Mas até o final do século passado, pelo menos aqui em Maringá, se você quisesse saber algo sobre cinema, o modo mais fácil de obter respostas rápidas e precisas seria perguntar ao More.
Recentemente, mexendo numa velha pasta, encontrei o recorte de uma crônica que publiquei no “O Diário do Norte do Paraná” no dia 9 de junho de 1979. Falava dele: Morimassa Miyazato – o nosso pequeno grande More. Naquela data ele finalmente estava abrindo, no saguão da prefeitura, sua teimosamente sonhada “I Mostra de Cinema de Maringá”.
Mais de um ano antes ele começara a peleja, andando pra lá e pra cá, viajando de ônibus, de carona, visitando produtores, diretores e atores de cinema, pedindo a colaboração de jornalistas, cavando apoio do poder público, de empresas particulares e de amigos.
Botara na cabeça a ideia da Mostra e nada o faria desanimar. Bravo! Conseguiu.
Na abertura do evento reuniu uma pequena multidão, além de autoridades locais e celebridades do cinema que aqui vieram para ver de perto a Mostra do More. Palestras, debates, exibição de filmes. E uma bela exposição de fotografias, trilhas sonoras, folhetos, revistas, cartazes, autógrafos e antigos equipamentos cinematográficos.
Repito alguns trechos da crônica escrita há 41 anos:
“More realmente me faz acreditar que a esperança é a última que morre. Antes que morresse, aconteceu o sonho esperado. E só não morreu porque ele não deixou. O querido moço nissei venceu, e sua vitória é o item mais bonito dessa Mostra”.
”Nunca vi ninguém gostar tanto de uma coisa quanto o More gosta de cinema. Ele pesquisa, ele discute, ele coleciona, ele é um doutor nessa tal de sétima arte”.
“Você pode fazer perguntas sobre qualquer filme, antigo ou novo, nacional ou estrangeiro, ele sabe tudo. Diz e prova. Seus arquivos lhe dão segurança para falar do assunto sem risco de erro. Se eu fosse um desses homens grandes do cinema brasileiro que estão hoje em Maringá, levaria o More para o Rio ou São Paulo e aproveitaria ao máximo o seu gênio”.
“Gênio é justamente aquela pessoa que gosta malucamente de uma coisa e estuda essa coisa até a raiz. More é assim com o cinema. Sem recursos, enfrentando mil quebra-molas em seu caminho, ele decidiu que Maringá haveria de ter sua “I Mostra de Cinema”. A cidade acabou gostando da ideia e ajudou. Ajuda modesta, porém deu para transformar o sonho em realidade. Aliás, a Mostra nem precisaria ter sido um sucesso tão notável. Bastaria a gente saber que foi fruto do trabalho e do idealismo de um jovem maringaense fora de série”.
More continua em Maringá. Discreto como sempre, mas ainda intrinsecamente apaixonado por cinema.
Daqui lhe mando um abraço. Lá de dentrinho do coração .
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 13-8-2020)
Fonte:
Texto enviado pelo autor.
Recentemente, mexendo numa velha pasta, encontrei o recorte de uma crônica que publiquei no “O Diário do Norte do Paraná” no dia 9 de junho de 1979. Falava dele: Morimassa Miyazato – o nosso pequeno grande More. Naquela data ele finalmente estava abrindo, no saguão da prefeitura, sua teimosamente sonhada “I Mostra de Cinema de Maringá”.
Mais de um ano antes ele começara a peleja, andando pra lá e pra cá, viajando de ônibus, de carona, visitando produtores, diretores e atores de cinema, pedindo a colaboração de jornalistas, cavando apoio do poder público, de empresas particulares e de amigos.
Botara na cabeça a ideia da Mostra e nada o faria desanimar. Bravo! Conseguiu.
Na abertura do evento reuniu uma pequena multidão, além de autoridades locais e celebridades do cinema que aqui vieram para ver de perto a Mostra do More. Palestras, debates, exibição de filmes. E uma bela exposição de fotografias, trilhas sonoras, folhetos, revistas, cartazes, autógrafos e antigos equipamentos cinematográficos.
Repito alguns trechos da crônica escrita há 41 anos:
“More realmente me faz acreditar que a esperança é a última que morre. Antes que morresse, aconteceu o sonho esperado. E só não morreu porque ele não deixou. O querido moço nissei venceu, e sua vitória é o item mais bonito dessa Mostra”.
”Nunca vi ninguém gostar tanto de uma coisa quanto o More gosta de cinema. Ele pesquisa, ele discute, ele coleciona, ele é um doutor nessa tal de sétima arte”.
“Você pode fazer perguntas sobre qualquer filme, antigo ou novo, nacional ou estrangeiro, ele sabe tudo. Diz e prova. Seus arquivos lhe dão segurança para falar do assunto sem risco de erro. Se eu fosse um desses homens grandes do cinema brasileiro que estão hoje em Maringá, levaria o More para o Rio ou São Paulo e aproveitaria ao máximo o seu gênio”.
“Gênio é justamente aquela pessoa que gosta malucamente de uma coisa e estuda essa coisa até a raiz. More é assim com o cinema. Sem recursos, enfrentando mil quebra-molas em seu caminho, ele decidiu que Maringá haveria de ter sua “I Mostra de Cinema”. A cidade acabou gostando da ideia e ajudou. Ajuda modesta, porém deu para transformar o sonho em realidade. Aliás, a Mostra nem precisaria ter sido um sucesso tão notável. Bastaria a gente saber que foi fruto do trabalho e do idealismo de um jovem maringaense fora de série”.
More continua em Maringá. Discreto como sempre, mas ainda intrinsecamente apaixonado por cinema.
Daqui lhe mando um abraço. Lá de dentrinho do coração .
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 13-8-2020)
Fonte:
Texto enviado pelo autor.
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