segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Luiz Poeta (Poliniz - Arte)


- Me dê a  a mão - pediu a planta trepadeira -
A uma roseira exuberante  e delicada,
Que, prontamente, a atendeu, lisonjeada
Com aquele afago de uma amiga tão... faceira.

Mas a plantinha, que a princípio aparentava
Uma ternura tão sublime e envolvente,
Fez do carinho, um abraço intransigente,
Que... mansamente... a roseira... sufocava.

Suas ramagens tão sutis... mas tão nocivas,
Se transformaram em algemas e cipós
Que entrelaçaram-se na... amiga... em fortes nós,
Com suas garras passionais e possessivas.

Brotos, botões e as flores mais   maravilhosas
Foram, aos poucos,  definhando, entristecidas...
Um jardineiro, preocupado em criar vidas,
Por um instante percebeu a dor das rosas...

E com cuidado, doce afeto e gratidão
Às flores lindas  que enfeitavam  seu jardim,
Desenlaçou-as das amarras, pondo fim
Àquela cena de tortura e de prisão .

Essa liana leviana e intransigente
Foi conduzida ao habitat de onde viera
Porque a planta que é ruim, sempre se esmera
Em destruir, desde que brota da semente.

Qual trepadeira de  aparência  inocente
Há muita gente que usa o outro e o destrói
Sem nem saber o quanto o abandono dói
Porém  dói mais,  sermos usados...  falsamente.

A ingenuidade dos que têm algum encanto
Porque produzem, com amor, a criação,
É uma flor que poliniza a emoção
Até com as gotas mais sutis do próprio pranto.

E toda vez que algumas plantas venenosas
Nos despetalam, por inveja ou desamor,
Os nossos polens sempre fazem nossa dor
Se transformar na brotação de novas rosas.

Quem te abandona...após usar-te... é  assim:
Sorri contigo e te elogia...  mas te cobra.
Só  não consegue compreender que a tua obra
É só uma flor que ainda brota em seu jardim.

Fonte:
Facebook do poeta

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