quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Rubens Luiz Sartori (Poemas Avulsos) 2


AMOR

As dores fortes da ausência,
se reencontram no amor.
Amor, essa coisa bendita,
que nos agarra qual fita,
de uma dança de pares,
que se encontram em olhares,
um de cada lado carente,
outro só, buscando silente,
numa pessoa, seu ser.

O ser de si e de alguém,
é como folha no vento,
que ao cair à distância,
se perde longe do galho,
que forte antes era ânsia;
agora é só um retalho,
que balança ao relento,
sem vida. fraco e aquém,
não é mais nada, é ninguém...

Mas qual! é sempre alegria,
quando o amor surge, possesso.
Faz do hoje um novo dia;
faz da morte um retrocesso;
faz de conta que não conta,
o passar dos dias, dos anos
e apesar dos desenganos,
com amor tudo é presente,
traz de volta o riso ausente,
e nos transforma em mais gente.
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AO MEU CACHORRO GETÚLIO!

O meu cachorro Getúlio,
é amigo fiel devotado.
É para mim, meu orgulho;
é parceiro apaixonado.

Descende da raça canina,
valente e fenomenal.
É forte, sem vitamina,
cumpre instinto sem igual.

É filho do "velho Xirú",
cão bravo de muita luta;
pioneiro na "Quero-Quero"
seu reinado sem disputa,

Acoa na sua vigilância;
defende-me, por ideal.
Guardião de toda a Estância,
sem pagamento ou metal.

Nunca nos faltem "Getúlios";
nunca falte um cão fiel,
passarão tempos e "julhos",
terei cão até no céu.
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 QUANDO EU NASCER DE NOVO...
E QUANDO EU NÃO MAIS EXISTIR...


Quando eu nascer de novo.
quero viver com mais risco.
Quero cruzar mais fronteiras,
conhecer montanhas e rios.
Andar na chuva de noite,
sentir o prazer do arrepio.
mirar o além d'horizonte,
sorver o vento e o frio.
Quero ver quanto eu arrisco...

Sonhar meus sonhos sombrios,
de ter que ser mais humano.
Buscar meu ego constante.
Olhar a vida de frente.
Amar a tudo que quero,
nadarem rios de vontade.
Conhecer a noite do tempo,
jogar meus jogos de amor.
Sentir de longe a saudade,
viver a cada minuto,
como se fosse um condor...

E quando eu não mais existir,
que vivam meus passos perdidos,
meus dias de muito tormento,
e todos meus beijos de amor
relembrem meus olhos vibrantes
e a pouca poesia que sobrou.
Que todos se lembrem de mim,
não como um homem apenas.
mas como alguém que sonhou...
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VELHA PONTE

Velha ponte de meu rio de infância
ligaste os sonhos de amor-criança.

Velha ponte de meu rio de infância,
quantos sonhos que eu sonhei com ânsia,

Foste ponte, de saudades quantas.
Foste rio, de águas limpas, tantas.

Velha ponte de meu rio de infância,
quanta vida deste a tantos sonhos.


Fonte:

Rubens Luiz Sartori (org.). Compêndio da Academia Mourãoense de Letras.  Campo Mourão/PR: UNESPAR/FECILCAM, 2004.
Livro enviado por Sinclair Pozza Casemiro

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