segunda-feira, 29 de março de 2021

A. A. de Assis (Maringá Gota a Gota) Altoé, um senhor professor

Geraldo Altoé nasceu capixaba no dia 12 de novembro de 1926, em Venda Nova do Imigrante, um lugarzinho muito bonito pertinho do céu. Sonhou ser padre; no entanto, já quase formado, descobriu que seria outro o seu apostolado – nascera professor, e professor seria por toda a vida, excelente sempre. Em 1950, deixou o célebre Colégio Dom Bosco (seminário salesiano de Cachoeira do Campo) e passou a lecionar em escolas de primeiro e segundo graus.

Em 1951, seu pai, Ernesto Altoé, veio conhecer Maringá. Geraldo veio junto. O pai gostou tanto que comprou uma data na cidade, na zona 2, e uma gleba em Água Boa, onde de pronto iniciou a plantação de café. Nessa ocasião Geraldo tentou conseguir emprego aqui, mas a única escola já existente era o Grupo Escolar do Maringá Velho. Voltou para Venda Nova. Em 1952 casou-se com Dona Anna Teresa. No ano seguinte, 1953, veio de novo para Maringá.

Dessa vez, porém, Geraldo já chegou com emprego garantido, no recém-inaugurado Ginásio Maringá, construído na Avenida Tiradentes pela Companhia Melhoramentos e arrendado ao professor Antero Alfredo Santos. Devido à escassez de professores na cidade, ele lecionava diversas disciplinas: latim, português, história, geografia, música.

Pouco depois, o prefeito Villa Nova Júnior criou o Ginásio Municipal, instalando-o no local onde está hoje o Instituto Estadual de Educação. O Ginásio Municipal passou mais tarde a se chamar Ginásio Estadual de Maringá e, a partir de 1959, Colégio Estadual Gastão Vidigal.

Em 1954, a Mitra de Jacarezinho, através de Dom Geraldo Sigaud, assumira o Ginásio Maringá, entregando a direção ao padre Cleto. Em 1957, com a chegada de Dom Jaime Luiz Coelho, ex-aluno marista, o educandário foi transferido para os irmãos maristas.

Nos dois colégios Geraldo trabalhou por longos anos, como professor e em funções administrativas. E mais: além de dar conta de tão movimentada agenda, ainda encontrava tempo e fôlego para atividades artísticas: dava aulas particulares de música (foi ele quem comprou o primeiro piano vendido na cidade, na Hermes Macedo), regia o coral da Catedral e ainda (junto com Ary de Lima) foi um dos fundadores de nossa primeira banda musical.

O pioneiríssimo Altoé teve também participação direta na criação e instalação do nosso primeiro curso superior. Foi ele quem elaborou o minucioso relatório que, encaminhado ao Ministério da Educação, viabilizou a criação da Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Maringá, ponto de partida para a formação da UEM. Na UEM, começou a lecionar como professor de História em 1973, ali permanecendo até a aposentadoria.

Mestre em História Social da América Latina, autor do livro “O rádio em Maringá”, cidadão benemérito do município, o queridíssimo professor Geraldo Altoé será sempre carinhosamente lembrado como personagem fundamental na história do ensino nesta cidade.

Mudou para o céu no dia 26 de outubro de 2016, após 90 anos de uma vida singularmente bonita e exemplar a serviço da comunidade. Tê-lo tido como amigo foi uma honra imensa.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 04-02-2021)

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Texto enviado pelo autor.

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