quinta-feira, 29 de julho de 2021

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XXVIII

RIOZINHO

MOTE:
Vai, riozinho, sem pressa...
Lembra ao mar, sem raiva ou mágoa,
que ele é grande, mas começa
num modesto olhinho d’água!
A. A. de Assis
(Maringá/PR)


GLOSA:
Vai, riozinho, sem pressa...
desliza tranquilamente,
não há nada que te impeça
de ser puro e transparente!

Quando chegares ao mar,
lembra ao mar, sem raiva ou mágoa,
que nesse teu desaguar
existe um amor em frágua!

Que do orgulho, se despeça
esse mar tão envolvente...
que ele é grande, mas começa
numa pequena vertente!

Sangas correm para o rio,
o rio, no mar deságua,
mas nasce a correr ...vadio,
num modesto olhinho d’água!
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A TROVA QUE OUVI...

MOTE:
A trova que ouvi dizer-me,
calou tão fundo em meu peito,
que sem conseguir conter-me,
chorei por não tê-la feito.
Edmar Japiassú Maia
(Nova Friburgo/RJ)


GLOSA:
A trova que ouvi dizer-me,

me emocionou tanto, ao ponto
de então, conseguir fazer-me,
ao ouvi-la, ficar tonto!

A sua enorme beleza
calou tão fundo em meu peito,
que eu senti a sutileza
de um verso mais que perfeito!

Conseguiu tudo dizer-me
com muita, muita emoção
que sem conseguir conter-me,
vibrou forte o coração!

Foi um êxtase de glória,
(não penses, que por despeito)
mas, ouvindo essa vitória
chorei por não tê-la feito.
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LEMBRANDO...

MOTE:
Vou de lembrança em lembrança
revivendo o meu passado...
- Lembrar-te nunca me cansa,
mesmo sofrendo dobrado!
Ercy Maria Marques Faria
(Bauru/SP)


GLOSA:
Vou de lembrança em lembrança

com carinho, dia-a-dia,
procurando uma esperança
que traga a mim, a alegria!

Sigo assim, horas e horas,
revivendo o meu passado...
Choro ao lembrar as demoras
quando longe do meu lado!

Nessa minha relembrança
eu me envolvo por inteira
- Lembrar-te nunca me cansa,
me faz quase feiticeira!

Sem conseguir te esquecer,
revivo o sonho dourado...
Assim que eu quero viver,
mesmo sofrendo dobrado!
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SERENO- BEIJO MOLHADO

MOTE:
Pondo pingos cor de prata
sobre os lençóis da alegria,
o sereno é serenata
com que a noite brinda o dia.
Flávio Roberto Stefani
(Porto Alegre/RS)


GLOSA:
Pondo pingos cor de prata
num brilho que nos seduz,
o orvalho nos arrebata,
enchendo tudo de luz!

Deita-se, languidamente,
sobre os lençóis da alegria,
apagando, suavemente,
toda e qualquer nostalgia!

Parece que ele contrata
uma orquestra, pra tocar...
O sereno é serenata
que vem, o dia acordar!

Sereno é um beijo molhado,
um beijo, pura magia...
Beijo mais que apaixonado,
com que a noite brinda o dia.
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ALGEMAS

MOTE:
A justiça, rica em falhas,
corrompida por esquemas,
enche com glória e medalhas
mãos que merecem algemas.
Gerson Cesar Souza
(São Mateus do Sul/PR)


GLOSA:
A justiça, rica em falhas,
por humanos, constituída,
erra, às vezes, nas batalhas
e, às vezes, até na vida!

Ao vermos a honestidade
corrompida por esquemas,
sentimos que a humanidade
enfrenta eternos dilemas.

Em vez de fortes muralhas
e falta de preconceitos,
enche com glória e medalhas
quem sequer possui direitos!

Vergonhosa é a situação
que abrange nossos sistemas,
premiando com distinção
mãos que merecem algemas.

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Outubro de 2004.

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