quinta-feira, 7 de julho de 2022

Silmar Böhrer (Croniquinha) 56

Um daqueles junhos das borrascas no sul. E foi ali no cantinho lindeiro da Canastra que nasci. Um plano alto conhecido como Chapadão, numa casa feita de retalhos-remendos de madeira, próxima do salão de bailes, tertúlias, quermesses, que animavam a comunidade de São João, em Canela-RS.

Mas pouco durou a morada. Logo papai, mamãe e o gurizinho foram de mala e cuia para os Campos de Cima da Serra. Primeiro, Jaquirana, quilômetros longe da cidade, num confim de campo onde no inverno tinha que tirar a neve do telhado de tabuinhas para não ruir. Em seguida, São Chico de Paula, numa fazenda com vastas coxilhas, serraria, pinheiros abundantes. E frio também.

O garotinho cresceu e papai queria que ele estudasse. Internato com oito anos. O abecê, os números, uma caneta, e eles, os livros. Primícias dum leitor. O guri se fez adolescente. Quinze anos.

A primeira assinatura: Seleções do Reader's Digest. A porteira se abriu na variedade das leituras.

Nos rastros dos livros vieram os escreveres - versos, crônicas, redações. E a filosofia deixando pegadas. As sementes, o fermento dos leres, viraram plantação, cultivo, colheita. A lavra acabou em investimento forte de recursos para sempre.

O escrevinhador apaixonado pelas letras e leituras saiu pelo mundo espalhando emoções, sentimentos, pensares a granel em forma de palavras. Romeiro da cultura, anda com a arrecova* recheada de livros, esses depósitos de conhecimentos que alimentam as mentes de todos nós, sendo nortes-instrumentos para que na vida se avance. 
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* Arrecova = bagagem, malas.

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

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