sábado, 2 de dezembro de 2023

Renato Frata (Nanocontos) – 4 -

Desprezo

A rede velha na varanda balançou vazia à espera dele, mas o haviam enterrado em outra, novinha.
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Inconsciente

Tempo e espaço brigaram confusos por meus sonhos desencontrados querendo-os para si. Então acordei.
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Na roça

À noite, enquanto ele estudava, a fumaça da lamparina fazia os exercícios na lousa.
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Tem dó, patrão!

No saldo do holerite, os números são facas de cortar pulsos. Mensalmente só o salário mínimo.
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Vício

Com copo na mão e garrafa noutra por ferramentas, desmontou a máquina do amor.
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Patife

Não conseguindo vencer a marreta, o martelo, covarde, descontou no prego.
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Destino

O choro dele, bem pobre, não era dor, mas mágoa: a miséria dói.
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Dor

Saudade é pimenta ardida que não se consegue ver, mesmo de olhos fechados.
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Tragédia

Pagou muito caro por uma discussão barata. Esmagou-a no canto.
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Insônia

Na madrugada, acho que meu sono se escondeu nas dobras do lençol. No dia grudou em minhas pálpebras.
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Vida

Lágrima e lesma deixaram rastros brilhantes. Um de sentimento, outro de determinação.
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Professores

Falam bastante, ensinam, guiam, mostram o caminho, mas nunca são ouvidos.
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Vento

Em um namoro de ondas, a maior murmurava azul enquanto a menor se contorcia em seus braços,
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Gerúndio

Céu limpando, sol brilhando, você dormindo, eu sonhando... e contas vencendo chegando.,.
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Superstição

Na vida, a alma nunca pisa duas vezes o mesmo lugar. É que segue de pés levantados.
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Fonte: Renato Benvindo Frata. 308 Nanocontos. Paranavaí/PR: Autografia, 2017. 
Enviado pelo autor. 

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