texto por Lucy V. Hay
1. Use os cinco sentidos para descrever o cenário
Uma das melhores maneiras de criar um ambiente ou atmosfera é focando nos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. As descrições de detalhes sensoriais também podem criar bastidores para a personagem. Por exemplo, em vez de dizer ao leitor que o protagonista comeu cereal no café da manhã, você fazer com que ele sinta o gosto dos restos de cereal na boca ou o cheiro do cereal que derramou sobre as mãos.
Pense no que a personagem principal pode ver em um determinado cenário. Por exemplo, se ela morar em uma casa bem parecida com a sua em uma cidade pequena, você pode descrever o quarto dela ou a caminhada até a escola. Se você estiver usando um cenário histórico específico, como a Califórnia dos anos 1970, pode descrever o protagonista em uma esquina qualquer olhando para a arquitetura única ou para os carros que passam.
Considere o que a personagem principal pode ouvir em um determinado cenário. Seu detetive poderá escutar o cantar dos pássaros e os irrigadores sobre os gramados no caminho para a escola ou o ronco dos carros e a quebra das ondas na praia.
Descreva os odores que o protagonista pode sentir em certos locais. Ele pode acordar com o cheiro do café sendo feito na cozinha pelos pais ou ser atingido pelo cheiro da cidade: lixo em decomposição e odor corporal.
Descreva o que sua personagem pode sentir. Pode ser uma brisa leve, uma dor aguda, um choque repentino ou um arrepio pela espinha abaixo.
Concentre-se em como o corpo dela pode reagir a um sentimento.
Pense no que o protagonista pode provar. Ele poderá ainda sentir o sabor do cereal que comeu no café ou da bebida da noite anterior.
2. Comece a ação imediatamente
Pule os longos parágrafos de descrição de cenário ou da personagem, especialmente nas primeiras páginas. É importante prender o leitor começando no meio da ação, enquanto seu protagonista se move e pensa.
Seja conciso com a linguagem e a descrição. A maioria dos leitores continua lendo um bom mistério porque se envolve com a personagem principal e quer ver o sucesso dela. Seja breve, porém específico ao descrever o protagonista e a perspectiva que ele tem do mundo.
Por exemplo, "O Sono Eterno" de Chandler começa situando o leitor em um cenário e dando a ele uma noção da perspectiva de Marlowe sobre o mundo: "Eram cerca de onze horas da manhã, em meados de outubro, o sol não brilhava, e uma massa de chuva pesada se aproximava, vindo das montanhas. Eu estava usando meu terno azul-claro acinzentado com camisa azul-escura, gravata, lenço dobrado no bolso, sapatos pretos, meias de lã pretas com bordados azuis. Estava limpo, impecável, barbeado e sóbrio, e não estava ligando se alguém percebia. Eu era tudo o que um detetive particular de boa aparência deve ser. Eu estava batendo à porta de quatro milhões de dólares."
Com esse começo, a história se inicia em ação, com hora, data e cenário específicos. Ela então apresenta a descrição física da personagem principal e de seu cargo. A seção termina com a motivação do protagonista: quatro milhões de dólares. Em três linhas, Chandler cobriu muitos pormenores essenciais da personagem, do cenário e da história.
3. Mostre, não conte
Se você disser: "O detetive era descolado", o leitor terá de acreditar na sua palavra. Mas se você mostrar como o detetive era descolado descrevendo a roupa que ele usa e a maneira como ele entra em um cômodo, o leitor poderá ver o quanto isso é verdade. O impacto de mostrar ao leitor certos detalhes é muito mais poderoso do que apenas dizer a ele o que pensar.
Pense em como você reagiria em uma situação se estivesse com raiva ou medo e faça a personagem reagir de maneiras que comuniquem os sentimentos dela sem dizer quais são eles.
Por exemplo, em vez de: "Stephanie estava com raiva", você poderia escrever: "Stephanie bateu com o copo d'água na mesa tão forte que seu prato se agitou. Ela o encarou e começou a rasgar o fino guardanapo branco em pedaços com os dedos."
Mostrar, em vez de contar, também funciona bem para a descrição de cenário.
Por exemplo, em "O Sono Eterno", em vez de dizer ao leitor que os Sternwoods eram ricos, Chandler descreve os detalhes luxuosos da propriedade: "Havia portas envidraçadas no fundo do salão, e para além delas se via uma larga extensão de grama cor de esmeralda que ia até uma garagem branca, diante da qual um chofer magro, jovem, em uniforme reluzente, estava polindo um Packard marrom conversível. Depois da garagem viam-se árvores decorativas tão bem tosadas quanto cachorrinhos poodle. Mais adiante, uma enorme estufa com teto em redoma. Então mais árvores e, depois de tudo, a linha sólida, desigual e agradável dos contrafortes das montanhas."
4. Surpreenda o leitor sem confundi-lo
Ao criar um mistério, é importante que a resolução não pareça abrupta ou barata. Tente sempre jogar limpo e surpreender, em vez de confundir o leitor. As pistas apresentadas na história devem levar à solução de maneira lógica e clara apesar das pistas falsas. O leitor vai gostar do final se você o fizer pensar: "Era tão óbvio, eu deveria ter percebido!".
5. Revise o primeiro rascunho
Depois de criar um primeiro esboço do seu mistério, passe pelas páginas e procure por aspectos essenciais, incluindo:
O enredo: garanta que sua história se atenha ao esboço e tenha começo, meio e fim claros. Você também deve confirmar as mudanças sofridas pelo protagonista até o fim da narrativa.
Personagens: todas, incluindo a principal, são únicas e distintas? Elas falam e agem da mesma forma ou são diferentes umas das outras? Parecem originais e cativantes?
Ritmo: trata-se da velocidade com que a ação se move na história. Um bom ritmo parecerá invisível para o leitor. Se a história estiver se movendo muito rápido, deixe as cenas mais longas para explorar as emoções das personagens. Caso a narrativa pareça travada ou confusa, encurte as cenas para incluir apenas informações essenciais. Uma boa regra geral é sempre terminar uma cena mais cedo do que você gostaria. Assim, a tensão não cairá de um momento para o outro, e o ritmo da história será mantido
Referências
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3. http://www.gutenberg.org/files/1661/1661-h/1661-h.htm
4. https://www.nytimes.com/books/97/07/20/reviews/970720.20careyt.html
5. CHANDLER, Raymond. O Sono Eterno [recurso eletrônico]; tradução Braulio
Tavares. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
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Tavares. 1ª ed. Rio de Janeiro: Obejtiva, 2015.
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20. http://blog.karenwoodward.org/2013/10/how-to-write-murder-mystery-parttwo.html
Fonte: Wikihow
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