VICTOR BATISTA
Barreiro/Portugal
Um pescador de talento
é quem espera e confia,
tirar do mar o sustento
no nascer de cada dia
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Poema de
VIVI VIANA
Natal/RN
Paixão
Penso em ti…
Sonhos e medos atormentam meu ser
sofro a condenação por te querer
choro, gosto, quero, não quero…
E assim vive minha pobre alma
tentando desvendar
o livro do teu ser.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
A saudade não me poupa,
desenhando, fio a fio,
o perfil da tua roupa
no guarda-roupa vazio...
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Soneto de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP
Cadeira de Balanço
“Tanto luar assim…?! Só pode ser engano”
Miguel Russowsky (1923 – 2009)
Ao suave balanço da cadeira,
ao clarão do luar, em meu recanto,
o sonho, de investida sorrateira,
me envolve com seu místico acalanto.
Se a lua é mentirosa ou verdadeira,
não importa; eu me entrego ao seu encanto.
(A vida é tortuosa e passageira,
mas eu aceito em paz meu tanto-ou-quanto).
Rebrilha a lua, a cadeira balança,
e eu, galopando ao dorso da lembrança,
revivo a minha saga, ano por ano.
E enfim, de volta à cena que me inspira,
tudo parece uma grande mentira…
Até o luar, também…. parece engano!
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Trova de
PAULO ROBERTO WALBACH PRESTES
Curitiba/PR, 1945 – 2021
O refúgio que eu habito
para mim é tão sagrado:
é minha alma, eu acredito,
o meu lar ensolarado.
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Poema de
AUGUSTO MACÊDO
Santana do Matos/RN
Saudade é uma Ficção…
Chegaram a conclusão
que o cientista não mente,
está provado realmente:
Saudade é uma ficção.
Já existe outra versão
disse um grande pensador
que a saudade é uma dor
que a gente sente doer,
é oculta e ninguém “ver”
não tem perfume, nem cor!
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Trova Popular
Não me tentes com fortuna
para contigo casar:
eu prefiro mais que tenha
coração para me dar...
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Dobradinha poética (trova e soneto) de
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
Bandeirantes/PR
Destino Traçado
O tempo, que foi traçando
os caminhos teus e meus
viu o amor ressuscitando:
– predestinação de Deus!…
Enamorados, lado a lado, um dia,
nós dois felizes, pelo amor ligados…
Passou-se o tempo e veio a nostalgia
quando a distância pôs-nos separados.
Mas no destino escrito, todavia,
pudemos ler depois, quase assustados,
que uma saudade nunca se esvazia
sem que os anseios sejam debelados.
E, assim, tal qual ovelha que, ferida,
tem no pastor a mão compadecida,
ou passarinho procurando a flor…
Qual negra noite em busca do luar,
águas fluviais, unidas pelo mar:
somos nós dois… vencidos pelo amor!
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Trova de
DÁGUIMA VERÔNICA
Santa Juliana/MG
Tomou nocivo caminho
a convivência no lar;
outrora, amor e carinho...
Hoje o foco é o celular!
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Poema de
HÉLIO PELLEGRINO
Belo Horizonte/MG (1924 – 1988)
“Menino de Marfim”
A doença devastou teu corpo
roeu tua carne
sacudiu teus ossos
A doença fustigou tua figura
secou teus músculos
expurgou tua forma
Ficaste a cada dia menor
como um pássaro na grande chuva
como um pobre animal tosado
Até que a morte
– acabamento e fim -
de ti extraiu tua essência:
um pequenino – apaziguado –
menino de marfim.
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP
"Depois do jantar, o mate",
diz, ao filho, o anfitrião.
Foge, ao perigo, o mascate.
Foi... sem tomar chimarrão!…
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Soneto de
CELITO MEDEIROS
Curitiba/PR
Um Soneto para Machado de Assis
(O primeiro e o último verso são frases de Machado de Assis)
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura
Onde está a sua origem e fonte de vida?
Não vejo solução nesta minha amargura
Nenhum remédio para curar esta ferida
Tenho lutado para obter minhas vitórias
Sair do lamaçal que prende os humanos
Entender a filosofia perpetuando glórias
Com a liberdade do saber destes fulanos
É como o caranguejo fora do mangue
Não acreditar viver além desta malha
Onde é formada a verdadeira falange
Manter minha honra não é uma falha
Sair do jogo, esvaindo-se em sangue
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
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Trova de
MARIA LÚCIA DALOCE
Bandeirantes/PR
Em meus rascunhos guardados,
não há mistérios… Porque
nos versos que são lavrados
o tema é sempre… você!
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Poema de
DORIVAL C. FERNANDES
Pontal do Paraná/PR
Quero
Quero que o seu dia seja
suave como a brisa matutina…
Todas as vezes, sempre calma e contínua.
Que o Sol tenha o calor
dos corpos que se desejam e amam…
Todas as vezes, sempre com muito amor.
Quero que a brisa afague você
num abraço envolvente “caliente”…
Todas as vezes, sempre com o meu querer.
Quero porque quero, um momento nosso
cheio de ternura, paixão e candura…
E por todo sempre porque é amor.
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Trova Funerária Cigana
Ao levantar tua campa,
tua imagem esperei.
Foi ilusão do desejo,
só teus ossos encontrei.
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Soneto de
ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
Ouro Preto/MG, 1870 – 1921, Mariana/MG
Soneto do silêncio
Fantástico silêncio! Nele existe
um clarão momentâneo: e tudo dorme.
Ai! que a noite irreal, cega e disforme,
ainda o faz mais pungente e amargo e triste!
Fantástico silêncio moribundo
aos meus olhos aceso como velas
que iluminassem becos e vielas
pelas cidades pálidas do mundo...
Lá o vejo pender, fruto caído,
lá o vejo soprar contra muralhas
e recobrir — silêncio envelhecido —
o que a noite ocultou, e está perdido...
Lá o vejo oscilar nas cordoalhas
de algum veleiro desaparecido.
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Trova de
FERNANDO VASCONCELOS
Diamantina/MG [1937 -2010] Ponta Grossa/PR
Registrando alguma ausência,
contabilidade ingrata,
nosso amor pediu falência,
desistiu da concordata!
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Poema de
APOLLO TABORDA FRANÇA
Curitiba/PR, 1926 – 2017
Um “Flash” Sertanejo
Pelos confins do sertão,
vive lá Zé Seresteiro...
Sempre com viola na mão:
- Perto um riacho e um pinheiro.
Seu rancho feito de palha,
o chão de terra batida...
Nele Zé bem se agasalha:
- No roçado a sua lida.
Beldades da Redondeza
faziam coro com Zé...
Ambiente de singeleza:
no terreiro um garnisé.
E do grupo a mais catita
que do Zé tinha atenção...
A lindeza da Zurita:
- lábios da cor do tição.
Faces lisas, cor-de-rosa,
os olhos verdes dos campos...
Zurita, a mais formosa:
- Lua cheia, pirilampos.
Se passarem muitas tardes,
Zé casou com a Zurita...
Petizada, seus alardes:
- Choupana toda de fita.
Zurita e Zé Seresteiro
levam a vida dourada...
Horta, feijão no celeiro:
- Cada noite nova toada.
Pelos ermos, pela mata,
o chilrear dos passarinhos...
Um sussurro se desata:
- Nas veredas, nos caminhos.
Tem coruja na vivência,
pica-pau e saracura...
João-de-barro, eficiência:
Quero-quero, com fartura.
Essa a vida sertaneja,
nos rincões do Paraná...
Tamanha beleza enseja:
- Se há outra, qual será?
Zurita e Zé Seresteiro,
um casal bem ajustado...
Juntinhos o dia inteiro:
- Ó que amor tão sublimado!
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Trova de
OLYMPIO DA CRUZ S. COUTINHO
Belo Horizonte/MG
Nas noites claras de lua,
no desenho da calçada,
vejo a silhueta tua
à minha sombra abraçada.
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Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016
A Meu Pai
Lado a lado, meu pai, nas andanças da vida,
mãos dadas com carinho e com grandioso amor,
umas vezes a estrada é uma senda florida,
muitas outras, porém tem espinhos e dor.
Em você, caro pai, encontrei nesta lida
mil sonhos a cumprir, de luz um resplendor,
A todos conduziu, com nossa mãe querida,
a um porto bem seguro, a um porto salvador.
Que a idade não lhe seja um peso doloroso,
antes uma alegria, anseio realizado,
uma vitória em meio a este mar proceloso.
Eu lhe desejo, pai, tão extremoso e amado
que o proteja o bom Deus que é grande e poderoso,
que o conserve, feliz, por muito ao nosso lado.
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Trova da Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP
Guarda sempre esta mensagem
da própria vida que diz:
- É feliz, quem tem coragem
de acreditar que é feliz!
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Hino de
Nova Friburgo/RJ
Friburguenses, cantemos o dia
Que surgindo glorioso hoje vem,
Nesta plaga onde o amor e a poesia
São como as flores nativas também
Escutando os rumores da brisa,
Refletindo esse céu todo azul,
O Bengalas sereno desliza
Sob o olhar do Cruzeiro do Sul.
Estribilho
Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.
Do suspiro na fonte saudosa,
Há três almas que gemem de dor,
Repetindo esta prece maviosa
Da saudade, do ciúme e do amor
Estas serras de enorme estatura,
Alcançando das nuvens o véu,
São degraus colocados na altura,
São escadas que vão para o céu.
Estribilho
Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.
Coroemos de versos e flores
A Princesa dos Órgãos, gentil,
Embalada em seus sonhos de amores
Das aragens ao canto sutil.
Em teu seio de paz e bonança,
Sono eterno queremos dormir,
Doce anelo de nossa esperança,
Esperança de nosso porvir!
Estribilho
Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.
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Trova Humorística de
RENATA PACCOLA
São Paulo/SP
A garota calculista
procura o pastor metódico
e pede um desconto à vista
no “dízimo periódico”!
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Soneto de
EMILIANO PERNETA
Pinhais/PR, 1866 — 1921, Curitiba/PR
Soneto do sangue
Nada pode igualar o meu destino agora
Que o furor me feriu com um tirso de marfim,
Vede, não me contenho, o abutre me devora,
Com as suas mãos que são de nácar e jasmim...
Meu sangue flui, meu sangue ri, meu sangue chora,
E se derrama como o vinho dum festim.
Não há frauta que toque mais desoladora.
Ninguém o vê correr, mas ele não tem fim.
Possuísse, ao menos, eu, o dom de transformá-la
Numa folha, no aloés, no vento frio, do mar,
Ela que inda é mais fria e branca do que a opala...
Mas nada, nem sequer ao menos, eu, torcido
O tronco nu, o gesto doido, o pé no ar,
Hei de ver Salomé dançar como São Guido!
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Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP
És tão frágil, ilusão!
Moldada em vãs esperanças
e sonhos em profusão…
E ao fim, te esvais em lembranças…
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Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França
O velho e os três mancebos
Plantava certo velho de oitenta anos.
«Plantar!» — diziam certos mancebinhos
Vizinhos e bairristas.
«Plantar!... Edificar tinha seu passe.
Por certo caducais. Ora, vos peço
Pelos numes do Olimpo,
Que fruto ideais colher desse trabalho?
Menos que envelheçais como Matusalém.
Que vai cargar a vida
Com o empenho dum porvir que há de escapar-vos?
Doravante cuidai nas vossas culpas;
Deixai esperanças longas,
Vasto assunto que a nós convém somente.
— Tão pouco a vós: que quanto estabelecemos,
Vem tarde, e pouco dura.
Zomba igualmente a mão das fuscas Parcas
Dos meus, dos vossos dias. Na curteza
Vão iguais nossos termos.
E qual de nós, da abóbada estelífera,
Verá último a luz? Há um momento
Que nos dê por seguro
Um segundo de vida? Os meus bisnetos
Dever-me-ão esta sombra. E bem? Ao sábio.
Tolhereis vós desvelos,
Que aos outros deem prazer? Fruto é, que eu logro
Já desde hoje e amanhã, e ainda outros dias
Talvez que ainda o goze,
E que inda, sobre as vossas campas, possa
Algumas vezes vir saudar a aurora.
Razão o velho tinha:
Que um dos três moços se afogou no porto,
Partindo para a América: o segundo,
Armando aos grandes postos,
Servindo o Estado, em marciais empregos,
Golpe imprevisto lhe cortou o estame
Dos dias seus; e o último,
Caiu do tronco em que enxertava um garfo.
Chorando, o velho lhes gravou nas campas
O que eu aqui vos conto.
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