Compositores: Eratóstenes Frazão e Antônio Nássara
Antigamente, uma valsa de roda
Era de fato, o requinte da moda
Já não se dança uma valsa, hoje em dia
Com o mesmo gosto e com tanta alegria!
Mas se a valsa morrer,
Que saudade a gente vai ter,
Mas... se valsa morrer,
Que saudade que a gente vai ter!
Nós queremos uma valsa
Uma valsa para dançar.
Uma valsa que fale de amores,
Como aquela dos patinadores...
Vem, meu amor,
Vem, meu amor
Num passinho de valsa,
Que vem e que vai,
Mamãe quer dançar com papai!
A Nostalgia da Valsa: Um Clamor por Tempos Passados
A música 'Nós Queremos Uma Valsa' é uma ode nostálgica aos tempos em que a valsa era uma dança popular e apreciada. A letra começa refletindo sobre como, antigamente, a valsa de roda era o auge da moda e trazia muita alegria e prazer aos que a dançavam. No entanto, o cantor lamenta que, nos dias atuais, a valsa não é mais dançada com o mesmo entusiasmo e alegria, sugerindo uma perda cultural e emocional significativa.
A repetição da frase 'Mas se a valsa morrer, que saudade, que a gente vai ter' reforça a ideia de que a valsa não é apenas uma dança, mas um símbolo de tempos mais simples e felizes. A saudade mencionada é um sentimento profundo de perda e desejo de reviver esses momentos. A música expressa um desejo coletivo de resgatar essa tradição, de trazer de volta a valsa que falava de amores e que unia as pessoas em um movimento harmonioso e romântico.
No refrão, o pedido por uma valsa que fale de amores, como a dos patinadores, evoca imagens de elegância e romance. A valsa é vista como uma dança que não apenas entretém, mas também conecta emocionalmente as pessoas. A última estrofe, onde se menciona 'Mamãe, quer dançar com papai', traz um toque de ternura e familiaridade, sugerindo que a valsa também tem um papel importante na união familiar e na expressão de afeto entre os entes queridos.
Frazão propôs e Nássara aceitou fazerem os dois uma valsa para o carnaval. Assim nasceu "Nós Queremos Uma Valsa", novidade que agradou plenamente aos foliões de 1941. Na realidade, agradou mais ainda ao jornalista Morais Cardoso, o Rei Momo do Rio na ocasião. Além de muito gordo, como todo Rei Momo, Morais tinha problemas de saúde e vivia com os pés inchados. Para ele era um suplício cumprir as obrigações de rei do carnaval, que incluíam uns passos de samba ou de marcha nas dezenas de bailes a que tinha de comparecer.
Então, ao tomar conhecimento da valsa, adotou-a imediatamente como sua música oficial, que passou a ser executada nos lugares aonde ele ia. Naturalmente, tal resolução amenizou sua tarefa coreográfica, reduzindo-a a suaves passinhos de valsa. "O Morais nunca teve um carnaval tão tranquilo", relembrava Nássara.
Lançada por Carlos Galhardo, "Nós Queremos Uma Valsa" tem melodia calcada na "Valsa dos Patinadores" (de Emil Waldteufel), enquanto a letra evoca os velhos tempos, quando "uma valsa de roda era o requinte da moda". Para caracterizar o clima carnavalesco, a introdução reproduz um tradicional toque de clarim.
Fontes:
Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. A Canção no Tempo. Vol. 1. Editora 34, 1997
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