quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Recordando Velhas Canções (Serenata do Adeus)


(canção, 1958) 

Compositor: Vinícius de Moraes

Ai, a lua que no céu surgiu
Não é a mesma que te viu
Nascer dos braços meus
Cai a noite sobre o nosso amor
E agora só restou do amor
Uma palavra: Adeus

Ai, vontade de ficar
Mas tendo que ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima
Um momento breve
De uma estrela pura, cuja luz morreu

Ah, mulher, estrela a refulgir
Parte, mas antes de partir
Rasga o meu coração
Crava as garras no meu peito em dor
E esvai em sangue todo amor
Toda a desilusão

Ai, vontade de ficar
Mas tendo que ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima

Um momento breve de uma estrela pura
Cuja luz morreu
Numa noite escura
Triste como eu

A Melancolia do Fim em 'Serenata do Adeus'
A música 'Serenata do Adeus', escrita pelo poeta e compositor Vinicius de Moraes, é uma obra que transborda melancolia e a dor do término de um amor. A letra utiliza a imagem da lua, um elemento recorrente na poesia lírica para falar de mudanças e ciclos, para simbolizar que o amor que existia entre os amantes já não é mais o mesmo. A lua que 'não é a mesma que te viu nascer dos braços meus' sugere uma transformação que ocorreu tanto no relacionamento quanto nos próprios indivíduos envolvidos.

A canção prossegue com a expressão da inevitabilidade da despedida, mesmo havendo o desejo de permanecer juntos ('vontade de ficar, mas tendo que ir embora'). Vinicius de Moraes explora a ideia de que amar é um processo de constante sofrimento, uma morte lenta 'pela vida afora'. A metáfora da estrela que brilha por um momento e depois morre é uma poderosa imagem para representar a efemeridade do amor e a intensidade do sentimento que, embora forte, está fadado a se extinguir.

Por fim, a música termina com uma súplica dolorosa, onde o eu-lírico pede que a amada, comparada a uma estrela, parta, mas que antes deixe uma marca indelével de dor e desilusão. A 'Serenata do Adeus' é, portanto, um lamento pela perda, uma aceitação do fim e um reflexo sobre a natureza passageira do amor, tudo isso embalado na suavidade e na profundidade lírica características de Vinicius de Moraes.

"Esta é uma das raras composições em que o Poetinha Vinícius assina também a melodia. Foi composta em 1953, quando ele trabalhava na embaixada brasileira em Paris, capital da França. Em 1958, "Serenata do adeus" surgiu em dois registros: o de Elizeth Cardoso, pela Festa, no histórico LP "Canção do amor demais", e este, de uma cantora que então estreava em disco: a paulistana Isolda Corrêa Dias (1934-2000), que, inicialmente, adotou o pseudônimo de Morgana Cintra, depois reduzido para Morgana.

Sua gravação saiu pela Copacabana, em junho de 58, no 78 rpm , com sucesso absoluto, e também abriu seu primeiro LP, "Esta é Morgana". O maestro Osmar Milani (não Oscar!), que a acompanha com sua orquestra, pertenceu durante anos ao "staff" de Sílvio Santos" (Samuel Machado Filho).

Fontes:
Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. A Canção no Tempo. Vol. 1. Editora 34, 1997.

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