TEIXEIRA LEITE
Prado/BA
Todo amor que vai e volta,
de fingido tem sinais.
Um dia ele as asas solta
e, é certo, não volta mais.
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Poema de
VIVALDO TERRES
Itajaí/SC
Lisboa tu és divina
Lisboa tu és divina...
Sabes quanto me fascinas!
Quantas vezes te adorei!
Pois és tu que me iluminas.
Cidade maravilhosa!
Cheia de amor e carinho...
Quantas vezes te adorei.
Pois estas no meu caminho!
Oh Lisboa dos poetas!
E dos grandes escritores...
Como posso te esquecer.
Se sou um dos teus amores!
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP
Às vezes, me desespero
e penso: "Se eu trabalhasse...
mas deito na rede e espero
que o "mau pensamento" passe!!!
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Soneto de
GONÇALVES DIAS
Caxias, 1823 – 1864, Guimarães
Ando abaixo
Ando abaixo, ando acima, e sempre às solas,
Afronto a tempestade, o vento, o frio,
Qual se fora ambulante corropio,
Seguindo o exemplo enfim de outros patolas.
Do meu engenho e arte gasto as molas
Em suspiros quebrar que à luz envio;
E, já por teima só, render porfio
A cabeçuda, por quem rompo as solas.
E a amo, ela me adora com loucura,
Di-lo ao menos; se a beijo não se espanta;
Paga-me até; se insisto... adeus ternura!
Do matrimônio a estátua se levanta,
Negro espectro! ela torna-se brandura,
Eu a imagem do horror que me aquebranta.
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Trova de
TAPAJÓS DE ARAÚJO
Belém/PA
Tange o vento, em luta franca,
as penas que a ave soltou,
mas ninguém do peito arranca
penas que o tempo deixou.
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Poema de
VINICIUS DE MORAES
Rio de Janeiro/RJ, 1913 – 1980
Bilhete a Baudelaire
Poeta, um pouco à tua maneira
E para distrair o spleen
Que estou sentindo vir a mim
Em sua ronda costumeira
Folheando-te, reencontro a rara
Delícia de me deparar
Com tua sordidez preclara
No velha foto de Carjat
Que não revia desde o tempo
Em que te lia e te relia
A ti, a Verlaine, a Rimbaud...
Como passou depressa o tempo
Como mudou a poesia
Como teu rosto não mudou!
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Trova Popular
Vossos cabelos na testa
é o que vos dá tanta graça;
parecem meadas de ouro
aonde o sol se embaraça.
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Soneto de
WILLIER CARLOS PEREIRA
Goiânia/GO
Adão e Eva
Deus fez a mulher tão bela,
De uma simples costela de Adão.
Só Ele pode fazer de uma costela,
A mulher, símbolo da perfeição.
E Adão se apaixonou por ela,
Dando-lhe inteiro seu coração.
Viu mil e um encantos nela,
Que perdeu o juízo e a noção.
Eva era seu verdadeiro paraíso...
Razão de alegria e de sorriso,
Por aquela criação tão bela.
Para ter outras Evas iguais aquela,
Por certo ele não titubearia:
Várias outras costelas ele daria.
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Trova de
GERSON CESAR SOUZA
São Mateus do Sul/PR
Eu comparo o meu sonhar
com quem, na praia, anda ao léu,
colhendo estrelas-do-mar,
querendo as que estão no céu.
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Poema de
PAULO LEMINSKI
Curitiba/PR, 1944 – 1989
Amor bastante
quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP
Ao pai dela, o cafajeste
explica: "Foi num pagode"...
O velho é um "cabra da peste"
e a moça explica: "Deu bode!"
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Soneto de
EUGÊNIA CELSO
(Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça)
São João Del Rey/MG, 1886 – 1963, Petrópolis/RJ+
Meu céu
És para alguns a fúlgida certeza
De outra vida vivida em perfeição,
Uma esperança de compensação
Ao velho mal de toda a natureza.
Felicidade, sem a atroz surpresa
Do amanhã destruidor, eterna união,
Recompensa, esplendor, paz e perdão,
Luz sem ocaso em formosura acesa...
Meu céu, no entanto, a pátria imorredoura
Do sonho de ventura em que me assombro
E meu quinhão de glórias entesoura,
Céu que um reflexo de saudades doura,
Seria se, de novo, no meu ombro,
Pousasses, filho, a cabecinha loura...
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Trova de
GISLAINE CANALES
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS
A paixão não tem coerência,
chega ao nosso coração,
rápido e sem paciência,
parecendo um furacão!
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Poema de
DINA SALUSTIO
(Bernardina Oliveira)
Santo Antão/Cabo Verde
Éramos Tu e Eu
Éramos eu e tu
Dentro de mim
Centenas de fantasmas compunham o espetáculo
E o medo
Todo o medo do mundo em câmara lenta nos meus olhos.
Mãos agarradas
Pulsos acariciados
Um afago nas faces.
Éramos tu e eu
Dentro de nós
Suores inundavam os olhos
Alagavam lençóis
Corriam para o mar.
As unhas revoltam-se e ferem a carne que as abriga.
Éramos tu e eu
Dentro de nós.
As contrações cada vez mais rápidas
O descontrole
A emoção
A ciência atenta
O oxigênio
A mão amiga
De repente a grande urgência
A Hora
A Violência
Éramos nós libertando-nos de nós.
É nossa a dor.
São nossos o sangue e as águas
O grito é nosso
A vida é tua
O filho é meu.
Os lábios esquecem o riso
Os olhos a luz
O corpo a dor.
A exaustão total
O correr do pano
O fim do parto.
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Trova Funerária Cigana
Ao filho que a mão da morte
roubou com desgosto tanto,
contai as tristezas minhas
meu sentimento e meu pranto.
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Soneto de
MARTINS FONTES
Santos/SP, 1884 – 1937
Sol das almas
À última luz que doira as tardes calmas,
À última luz de amor que beija o poente,
Se dá, no meu país, poeticamente,
A denominação de "Sol das Almas"!
Na montanha, a palmeira, de repente,
Brilha! O mistério lhe incandesce as palmas!
Para outro mundo leva o pó das almas
A luminosidade comovente!
Vai morrer e ainda fulge! Ainda! Ainda!
Como um sorriso, finda a claridade,
Como um soluço, a claridade finda!
Adeus! Adeus! É o fim da Mocidade!
Nunca mais! Nunca mais! E era tão linda!
Qual é teu nome, Luz do Azul? — Saudade.
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Trova Humorística de
MARIA LÚCIA DALOCE
Bandeirantes/PR
Lá no altar, um ébrio em pranto,
que por vingança rechaça:
- Ou tenho aumento, meu Santo,
ou corto... a sua cachaça!
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Poema de
JANSKE NIEMANN SCHLENKER
Curitiba/PR
Um Pequeno Túmulo
Lá na campina, queria ser flor
para que tua mão me colhesse,
ou ser o capim,
para que pudesses descansar em mim,
ou ser o caminho
por onde voltasses a ser meu,
ou ser um pequeno túmulo
- sem nome e sem data -
á beira da tua estrada
... e só tu saberias onde estou...
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Trova de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR
Afinal, que te aproveita
o labor que te consome,
se não doas, da colheita,
uma parte a quem tem fome?…
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Soneto do “Príncipe dos Poetas Capixabas”
NARCISO ARAÚJO
(Narciso da Costa Araújo)
Vila de Itapemirim/ES, 1877 – 1944
Casa triste
Como está triste aquela casa! Nela,
Meus olhos viam tanta vez, outrora,
Em purpurejos, rútila, a janela
Toda tocada de clarões de aurora.
Ali morou Maria, doce e bela
Conterrânea gentil, mimo de Flora,
Que perfumava, em outro tempo, aquela
Casa que eu vejo tão tristonha, agora.
Como está triste aquela casa! Quando,
Alheio a tudo, longamente a fito,
Uma saudade, dentro em mim chorando,
Recorda o feliz tempo, em que Maria,
Com o rosto alegre, juvenil, bonito,
Era, à janela, um sol que resplendia.
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Trova de
JAIME PINA
São Paulo/SP
Que os nossos filhos não herdem
os males que o mundo afligem.
Nossos sonhos já se perdem
no negrume da fuligem!
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Hino de Tatuí/SP
Tatuí, Cidade Ternura,
Terra querida onde vivemos
Tens filhos de grandes méritos,
É justo que os louvemos:
Nas letras, Paulo Setúbal,
Recebeu seu galardão;
Na caridade, Chico Pereira,
Foi exemplo de cristão.
No verde-esmeralda das melancias
No amarelo-ouro do abacaxi
Lembramos a Bandeira do Brasil
Nas colheitas de Tatuí.
Tatuí do XI de Agosto
Tatuí da Festa de São Jorge,
A ternura é a tua carga, o coração o teu alforje
A ternura é a tua carga, o coração o teu alforje
No progresso industrial,
Manoel Guedes foi pioneiro;
Na música, Nacif e Bimbo
Brilharam no estrangeiro;
No polo e no futebol,
Na justiça e na arte
No carnaval e no fandango,
Tatuí fez estandarte.
No verde-esmeralda das melancias
No amarelo-ouro do abacaxi
Lembramos a Bandeira do Brasil
Nas colheitas de Tatuí.
Tatuí do XI de Agosto
Tatuí da Festa de São Jorge,
A ternura é a tua carga, o coração o teu alforje
A ternura é a tua carga, o coração o teu alforje
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Trova Humorística de
HUMBERTO RODRIGUES NETO
São Paulo/SP
Há duas coisas bem opostas
que nos matam de repente:
um vento por trás das costas
e uma sogra pela frente!
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Soneto de
EMÍLIO DE MENEZES
Curitiba/PR (1816– 1918)
Pinheiro Morto
(Ao Paraná)
Nasceste onde eu nasci. Creio que ao mesmo dia
Vimos a luz do sol, meu glorioso irmão gêmeo!
Vi-te a ascensão do tronco e a ansiedade que havia
De seres o maior do verdejante grêmio.
Nunca temeste o raio e eu como que te ouvia
Murmurar, ao guiar da fronde, ao vento: - "Teme-o
Somente o fraco arbusto! A rija ventania,
Teme-a somente o errante e desnudado boêmio!
Meu vulto senhorial queda-se firme. Embala-mo
O tufão e hei de tê-lo eternamente ereto!
Resisto ao furacão quando a aura abate o cálamo!"
Ouve-me agora a mim que, em vez de ti, vegeto:
Já que em ti não pesei, entre os fulcros de um tálamo,
Faze-te abrigo meu nas entraves de um teto!
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Trova de
FRANCISCO ASSIS MENEZES
Porangatu/GO
Vendo o mundo sem brandura,
só cogitando da guerra,
tenho medo que a ternura
fuja da face da Terra.
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Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França
A Gota e a Aranha
Ao dar o inferno à luz a Gota e a Aranha,
«Ufanem-se, lhes disse, filhas minhas,
Em maldade, bem má, ninguém lhes ganha.
Nem feitas de encomenda há tais praguinhas!
Cuidemos de dispor-lhes aposentos.
Dou-lhes à escolha alcáçeres (castelos) dourados,
Choças gretadas ao raivar dos ventos,
Aos lutos, à miséria. Minhas filhas,
Façam, de mútuo acordo, estas partilhas,
Ou louvem-se nos dados.
— Choupana, acode a Aranha, não me agrada.»
A Gota, vendo os paços apinhados
Da raça dos Galenos,
Teve medo a grandezas de pousada.
Cativa-se do menos:
Arma a tenda em casebre esburacado.
Repete-na à larga, a fome ceva
No artelho dum coitado.
«Aqui não falta que fazer, exclama.
Nem conheço Esculápio que se atreva
A trocar-me o fofinho desta cama
Pelo do andar da rua.»
No entanto a Aranha vai urdindo a sua,
Sumida no seu ninho,
Um friso de ouro e azul, tão rija, e fera,
E senhora de si, como se houvera
Aforado a seus donos o cantinho.
Estende a teia e espera.
Quase de gáudio estoura:
Chovem-lhe as moscas do artesão vizinho,
Eis senão quando arranca-lhe a vassoura,
Em punhos de criada,
Teia, esperanças, alegria, tudo!
A cada nova teia, vassourada.
Em vão se muda o nosso animalejo;
Quer recanto mais fundo, e cego, e mudo:
Vem a vassoura, e intima-lhe despejo!
Vai de visita à Gota, que na aldeia
Vive mil vezes mais afortunada
Que a própria Aranha do varrer da teia.
Seu hóspede, um grosseiro,
Sai com ela a sachar (lavrar) de madrugada,
Faz de azemel (carregador), simula de moleiro,
Lida a fartar, pois gota bem lidada,
Dizem que é meia cura.
«Não posso mais, — suspira. A desventura
Prostra-me, irmã e amiga. Se consente,
Troquemos de pousada. Fica assente?»
E a Gota logo: «Aceito.»
Pega-lhe a Aranha na palavra, e a jeito
Se hospeda na choupana,
Onde ri de vassouras e criadas.
E, de sorrate (dissimulada), a mana
Embebe-se nas juntas dum prelado,
Que sepulta em perpétuas almofadas.
Cataplasmas receita a medicina,
Oleoso xarope, amarga quina,
Enxúndias (gorduras) e tisanas (cozimentos):
E vê sem grande pejo, nem cuidado,
Oh, cura inteligente!
Que engorda o mal à custa do doente.
Só lucraram na troca as duas manas.
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