segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Recordando Velhas Canções (Máscara negra)


(Marcha/carnaval, 1967)

Compositores: Zé Keti e Pereira Matos

Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
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A Saudade e o Carnaval: A História por Trás de 'Máscara Negra'
A canção 'Máscara Negra', interpretada pelo icônico sambista Zé Keti, é um clássico do carnaval brasileiro que traz em sua essência a mistura de alegria e melancolia tão característica dessa festa popular. A letra da música descreve o cenário de um baile de carnaval, onde a figura do Arlequim chora por seu amor não correspondido pela Colombina, personagens tradicionais da Commedia dell'arte italiana que foram incorporados ao carnaval.

O eu lírico da canção se identifica como um pierrô, outro personagem clássico, que relembra um encontro amoroso ocorrido no carnaval do ano anterior. A 'máscara negra' que dá título à música pode ser interpretada tanto literalmente, como parte do disfarce carnavalesco, quanto metaforicamente, representando os sentimentos ocultos e a saudade que o narrador sente. A máscara serve como um elemento de anonimato que permite ao pierrô expressar seu amor e matar a saudade através de um beijo, aproveitando a liberdade que o carnaval proporciona.

A música, portanto, captura a dualidade do carnaval: a euforia coletiva e a intimidade dos encontros fugazes. 'Máscara Negra' é um retrato da efemeridade das relações humanas, da alegria passageira e da saudade que permanece, tudo sob o véu da festividade e do anonimato que o carnaval oferece.

Ainda prestigiado pelo sucesso do show “Opinião”, Zé Kéti ganhou o carnaval de 67 com a marcha-rancho “Máscara Negra”. Reproduzindo o lirismo suave que caracteriza o gênero, a composição trata do reencontro de um Pierrô com uma Colombina que conhecera no carnaval anterior.

E, ao contrário de outras canções inspiradas na commedia dell’arte, aqui é o Arlequim quem chora pelo amor de colombina. Tendo acontecido numa época em que a música carnavalesca tradicional saía de moda, o sucesso de “Máscara Negra” pode ser considerado uma façanha.

A propósito, este sucesso chegou a gerar uma polêmica sobre a co-autoria da composição, que seria de Deusdedith Pereira Matos e não de seu irmão Hildebrando, conforme consta na edição. Mas, como os dois já haviam morrido na ocasião, a questão não teve maiores consequências, entrando “Máscara Negra” para o repertório de Dalva de Oliveira como um de seus últimos sucessos 
Fontes:
A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34.

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