sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lygia Fagundes Telles (A Consulta)


Doutor Ramazian debruçou-se na janela e ficou olhando o jardim banhado por um débil sol de inverno. Alguns pacientes estavam sentados nos bancos, outros passeavam, pálidos e perplexos. Um velho deitou-se no gramado, despiu o pulôver, atirou-o longe e quando já ia arrancar a camiseta de lã, o enfermeiro de jeans tomou-o pelos cotovelos e trouxe-o para dentro. Um jovem de alpargatas escondeu depressa a cara nas mãos.

- Max! Maximiliano! - o médico chamou. - Pode vir aqui um instante?

O homem que espiava a rua através do portão de ferro voltou-se. Veio vindo sorridente, as mãos metidas nos bolsos do blazer azul-marinho com botões prateados. Inclinou-se para tirar uma folha seca da calça de flanela.

- Boa tarde, doutor.

O médico bateu na janela o cachimbo já esvaziado, soprou um pouco de cinza e encarou o homem.

- Você me parece muito bem-disposto, Max.

- Eu estou bem-disposto. E tive pesadelos, doutor, vi um pombo esmagado no meio da rua, com um raminho verde no bico. Tão verde o raminho no meio do sangue. Não é curiosa essa coincidência?

- Que coincidência?

- Um gatinho foi atropelado bem aí na frente do portão. Ficou que nem o pombo.

- Sem o raminho verde.

- Sem o raminho verde - repetiu Maximiliano fixando 0 olhar no cachimbo que o médico deixou na mesa. - O senhor vai sair?

- Tenho um compromisso e Dona Dóris ainda não apareceu, eu queria que você ficasse aqui para atender o telefone, me faz esse favor? Antes das quatro devo estar de volta.

- Com prazer - disse Maximiliano apoiando-se na janela baixa. Pulou ágil para dentro do consultório. - Fico feliz quando o senhor confia em mim mesmo para tarefas menores como atender o telefone ou limpar seus sapatos.

O médico fechou o zíper da maleta.

- Você nunca limpou meus sapatos, Max. - Mas limparia. Os seus e os de Jesus.

- Jesus usava sandálias - disse Doutor Ramazian guardando a caneta no bolso. Apontou para um bloco ao lado do telefone: - Qualquer recado, tome nota aqui, sim? Se quiser café, já sabe onde encontrar. Não demoro.

Quando o médico saiu, Maximiliano sentou-se na cadeira giratória e apoiou os cotovelos na mesa. Apanhou o cachimbo, examinou-o atentamente. Ficou aspirando o cheiro de fumo. Deixou o cachimbo, apanhou a espátula metálica. As batidas na porta eram tímidas, constrangidas.

- Doutor Ramazian? - perguntou o recém-chegado abrindo a porta e espiando pela fresta. Ainda segurava o trinco: - Me desculpe ter vindo assim adiantado, minha hora era às quatro, mas se o senhor pudesse me atender agora... Pode me atender agora?

- Sim, claro, entre. É a primeira vez, não? - A primeira. Falei com Dona Dóris, mas... - Ela não veio hoje. Sente-se, faz favor.

- É que não agüentei esperar - disse o homem afrouxando o colarinho. Passou ansiosamente a mão no queixo. -Nem fiz a barba, está vendo? Cheguei cedo demais e fiquei andando lá na calçada, mas foi me dando uma aflição, acho que estou em ponto de enlouquecer!

- Exagero. Os que estão em ponto de enlouquecer, não dizem. Nem sabem. Quer fumar? - perguntou Maximiliano abrindo a caixa de cigarros, ao lado do porta-cachimbos.

- Obrigado, prefiro minha marca - disse o homem tirando o maço do bolso. Sua mão tremia. - Estou fumando três, quatro maços por dia, acendo um no outro, sem parar - acrescentou, vagando em torno o olhar inquieto. Fixou-o na janela. - São todos loucos? Esses aí fora.

Maximiliano abriu a bolsa de fumo. Encheu o cachimbo. - Nem todos, têm médicos e enfermeiros misturados com eles. Aqui o regime é de liberdade total, suprimimos aventais, uniformes, os doentes precisam se sentir iguais a nós. Eu mesmo ás vezes, não distingo. - Meu pai conhecia os loucos pelos olhos.

Maximiliano apertou os seus. Sorriu.

- E um elemento - disse inclinando-se. Segurava ainda o cachimbo apagado. - Mas então?

- Nem sei como começar, doutor, é demais absurdo, ridículo! Essa obsessão... Não faz sentido tanto medo, tanto medo! - Medo do quê, filho?

- Da morte.

O telefone branco em cima da mesa tocou baixinho, com o som reprimido de uma cigarra fechada na gaveta. Maximiliano atendeu, disse um não está, fez um movimento para pegar o lápis e depois de um conformado como queira, desligou. Apanhou o cachimbo mas recusou o isqueiro que o recém-chegado lhe ofereceu, agradecia mas não ia fumar, contentava-se em ficar segurando o cachimbo assim cheio como fazia nesse instante. O homem teve uma expressão desolada.

- Quisera eu poder resistir, doutor. Mais de três maços por dia - queixou-se, pousando o cigarro no cinzeiro. Entrelaçou com veemência as mãos magras. - Já não durmo, não como direito, não cumpro minhas obrigações, não faço mais nada a não ser pensar nisso. Não posso nem dizer a palavra, nem ouvir que já me sinto mal. Ainda agora, não viu?, eu falei e já comecei a transpirar, me veio uma ânsia! O tempo todo pensando, pensando, perdi o apetite da vida. No trabalho, em casa com minha mulher, na cama com minha amante, tenho uma amante, uma menina tão boazinha, nem sei como ainda me agüenta, venho me esquivando dos encontros, a última vez foi um vexame, no meio, doutor, parei no meio feito um velho, broxei feito um idiota ali em cima dela ou debaixo, nem me lembro, parece que foi há séculos! Séculos - repetiu, sacudindo a cabeça. Tragou profundamente, cerrando os olhos congestionados. - Hoje minha mulher precisou me mandar trocar de roupa, esqueço de fazer a barba, estou exausto, exausto! Quase um ano nessa agonia, doutor. Começou aos poucos, com um certo mal-estar, quando me avisavam que alguém tinha mor... tinha empacotado. Eu evitava o assunto, me desviava dos campos-santos, das casas de saúde, onde sentia de longe o cheiro dela, da coisa, desinfetada, enluvada mas presente, atuante, está me compreendendo? Até que o mal-estar foi aumentando, virou náusea, pânico, me levanto já pensando que ela pode acontecer não só para mim mas para as pessoas que eu amo. Olho meus filhos, tenho dois meninos que já estão rindo de mim, desse meu medo de contágio, de acidentes, acho que tudo nos conduz a ela e num galope. Já senti todas as doenças do mundo! Fiz dezenas de exames, radiografias, meu médico nem quer mais me receber, Você não tem nada!, já me repetiu não sei quantas vezes. E tenho tudo. O medo quando me deito, medo que aconteça durante o sono, medo que ela me pegue em flagrante, às vezes a imagino com uma cara de puta safada, cafona, me gozando com seu olho antiqüíssimo. Outras vezes, quando ouço música - meu único consolo ainda é a música, doutor -, nessas horas ela me aparece etérea, suave como uma dessas virgens das baladas, coroada com uma grinalda de jasmins, me acenando com seus frios dedos de éter... Ainda não sei qual das duas me assusta mais, se essa ou a outra, que é suja, podre. Ah, doutor um homem de trinta e cinco anos e tremendo inteiro como uma criancinha perdida no escuro, choramingando beleza, escondida lá no fundo, a semente da coisa. Na plenitude hoje, mas e amanhã?

Platão lembraria a metáfora da maçã. Mas continue, senhor Gutierrez, continue.

- Uma manhã dessas acordei sem nenhum medo, diluído, eu, que estava tão denso, cheguei a pensar que tinha me libertado quando aos poucos comecei a sentir medo de não ter medo, está me compreendendo? Parece que ficou pior ainda o vazio, esse espaço que o medo ocupava. Então quis me provar, saber se realmente estava livre: entrei a passos largos num ce... num desses campos-santos. Não passava perto deles nem que me arrastassem pelos cabelos. Fui indo até que na curva da alameda pressenti um... uma cerimônia, o doutor sabe onde quero chegar, antes mesmo já senti o cheiro da coisa; fiquei com o olfato apuradíssimo, sinto de longe, doutor. Foi o suficiente para começar a vomitar ali mesmo atrás de um cipreste. Saí ventando, só dei acordo de mim em casa, encharcado de suor. Amarelo de medo. Ou verde? - perguntou, esboçando um riso frouxo. Olhou as próprias mãos. - A cor do medo. Tire uma licença, meu chefe aconselhou, sou funcionário público. Se o senhor está doente, faça um exame médico e vá viajar, espairecer. Quis me ajudar, todos querem me ajudar. Mas dizer o que aos médicos lá do Instituto? Se o meu mal é o medo, com que cara vou confessar que estou doente de medo? Tudo em ordem. E esta desordem, esta angústia. Seria melhor enlouquecer. Ainda outra noite pensei muito nisso, seria uma solução. Mas não vou enlouquecer, vou...

- Morrer.

- Não fala, doutor, não fala! Só de ouvir, está vendo? murmurou ele enxugando no lenço o queixo, a testa. Acendeu um cigarro. Suspirou. - Eu avisei que era uma história ridícula, absurda, não avisei? Quando vinha hoje para cá, meu táxi foi cortado por um cortejo, o senhor sabe. Só de ver aqueles carros todos atrás do carro principal foi me dando tamanha aflição que saltei, mudei de rua, mas pensa que adiantou? Logo mais dei com a manchete de um jornal, o menino me abriu a manchete na cara, mal tive tempo de desviar e a voz adiante de outro jornaleiro anunciando a tragédia, um ônibus que despencou num precipício, dezenas de feridos fatais... Entrei num café e lá dentro a conversa sobre um condenado americano que quer, que exige que o... que o executem. Mas só se fala na coisa?! Ou já falavam antes, apenas era eu que estava distraído? Não sei. Sei que ando com vontade de me isolar, sumir num lugar onde essa presença não tenha tanta importância, mas existe esse lugar? Os conventos são solitários. Defendidos. Lá, nem a vida nem a ante vida importam, era de se esperar que não se preocupassem com a nossa... finitude. Mas se importam, querem a santidade através da auto-flagelação, e nessa flagelação está a memória da coisa exaltada em orações, cantorias, imagens, repetida até nos cumprimentos, lembra-te da... O senhor sabe, tem uma comunidade que se cumprimenta assim, desde que eles acordam, um vê o outro, sorri e diz - lembra-te da... - Ah! Ah, não sei por que tirar a despreocupação da vida enquanto vida.

Maximiliano ficou olhando o cachimbo fechado na gruta da mão.

- Vou lhe contar um caso, Senhor Gutierrez, serei rápido. - Fernandez, doutor. Samuel Fernandez.

- Perdão. Mas todo esse horror que o senhor tem por essa, digamos, fatalidade, um meu paciente tinha pelo automóvel. Pela máquina. Começou também assim, como o senhor, manifestando a princípio uma certa má vontade de guiar, vendeu o carro. Queixava-se do trânsito, dos motoristas. A má vontade se agravou, ficou agressivo, assustadiço, o medo de entrar num carro crescendo de tal jeito que só andava a pé, desconfiado, fugindo das ruas movimentadas, as orelhas atufadas de algodão para atenuar o som das buzinas, entrando em pânico se um carro se aproximasse mais. Ora, nossa cidade tem carro à beça, o que significa que ele vivia em estado de pânico permanente. Quando chegavam as férias, ele era bancário, fugia alucinado para o campo, para as praias, mas praia e campo, está tudo invadido, o carro está em toda parte, como Deus. Fugir para onde? Tentou se adaptar, dominar o horror. Não conseguiu. Quando resolveu me procurar, parecia um cadáver. Perdão, estava abatidíssimo. Fez a confissão quase em prantos: a fobia estava ficando insuportável. Essa repugnância que o senhor tem pelo avesso da vida, o cheiro especial que o senhor sente quando esse avesso se aproxima, ele sentia também, mas no cheiro da gasolina, do óleo, daquele bafo negro do motor, sentia tudo mesmo fechado num armário, mesmo escondido debaixo da cama. Então ordenei-lhe que se empregasse imediatamente numa fábrica de automóveis. - De automóveis?

Maximiliano deu uma risadinha.

- Vejo seu espanto, Senhor Gutierrez, mas não é novidade que a única forma de se curar de um veneno é recorrer ao próprio veneno. Como é que se cura picada de cobra? Hum? E o que vem a ser a homeopatia? Empregue-se numa fábrica de automóveis, receitei. E o moço, que não podia se aproximar sequer de uma garagem, de carros, entrou no coração deles, obrigado a lidar com as peças, montando, desmontando, parafusando, pintando, a cara enfiada na máquina, os ouvidos saturados do barulho da máquina. De manhãzinha já ia se esfregar nos motores, as unhas impregnadas de graxa, vi suas unhas, nem escova com sabão podia limpar aquelas unhas da presença detestável. Ensinei-lhe que é preciso destruir os fantasmas indo de encontro a eles, desvendá-los, meu caro, sabe o que é desvendar? É levantar o véu e olhar a coisa nos olhos. Nos olhos!

O telefone tocou e dessa vez Maximiliano tomou algumas notas, depois de informar que a pessoa em questão se ausentara da clínica por algumas horas. Voltou-se para o homem que esperava, ansioso, o cigarro pendendo do canto da boca, as mãos tortuosas abertas nos joelhos. Examinou-o num silêncio cordial. Tranqüilo.

- Ele sarou, doutor? - Quem?

- O moço...

- Ah, definitivamente. Passada aquela fase de sofrimento maior, começou a se interessar pelo trabalho. Vinha me ver três vezes por semana, nunca pensei que o processo de adaptação marchasse assim rápido: um mês depois já tinha comprado um carro. E lia revistas de automóveis, ajudou a montar o Salão da Máquina, colaborava na revista Oito Rodas, contava anedotas sobre o trânsito, virou um técnico. Durante esse período, só teve uma recaída, quando foi todo satisfeito ver uma fita sobre corrida de carros e de repente, no meio, se levantou aos gritos e saiu espavorido, todo o antigo horror explodindo tão forte que pensei, pronto, voltou ao marco zero. Mas não, no dia seguinte já estava normal, tudo bem. De admirador da máquina passou a ser seu amante, ih, a paixão que eu tenho por isto, me disse certa vez, alisando um pára-lama como se alisa a coxa da namorada. Mas sua paixão pelo automóvel não era de ficar por aí, não demorou muito e integrou-se no próprio.

- Não estou entendendo, doutor.

- Tão simples, Gutierrez: ele assumiu o automóvel. Virou um automóvel, e com tamanho fervor que certa manhã bebeu gasolina azul e saiu buzinando pela rua afora, uon! uon! uon! brrrrrrrrrr!... brrrrrrrrrr!... Perdeu para uma jamanta que vinha em sentido contrário.

- Morreu?

- Isso aí. E agora o senhor soltou a palavra tão natural, está vendo? Pronto, já é o caminho da cura assumir os fantasmas. Melhor ainda, virar um deles.

- Então ele não se curou, doutor.

Cariciosamente, Maximiliano passou e repassou no lábio risonho o cachimbo apagado.

- Mas o que o senhor chama de cura? Por acaso queria que ele continuasse um automóvel para o resto da vida? O senhor, por exemplo, quer continuar assim em pânico até o fim? É isso que quer? Me responda! Quer sofrer esse medo até morrer de medo?

- Não, doutor, não é isso que eu quero, não queria ter medo nunca mais, nunca mais!

- Eu poderia lhe recomendar um estágio de enfermeiro num hospital daquele estilo em que o doente entra sem o raminho verde no bico, sem esperança - disse e riu. Ficou sério. Olhou o relógio de pulso. - Seria retomar o tratamento daquele caso, os hospitais são fábricas de defuntos, os que não morrem da doença com que entram pegam outra lá dentro, o senhor teria um material de primeira ordem. Mas quero que pule essa fase, não vamos fazer cera, mesmo porque não vai ter outra consulta, esta é a última.

- A última?

- Seria pura perda de tempo, filho. Por que uma volta tão grande para se chegar ao mesmo fim? No hospital, o senhor iria se acostumando com - posso falar a palavra? - com a morte, e de tal jeito que acabaria se afeiçoando à idéia. De simples admirador passaria a ser seu amante, que nem o moço da máquina, montado nela o dia inteiro, aquele tesão. Mas não parava nisso, a identificação seria tão profunda que de repente ia querer se matar. Melhor então que se mate já.

- Doutor?!

- Imediatamente. Saia e se mate, é uma ordem.

O homem levantou-se, cambaleando. Deixou cair no cinzeiro o cigarro e ali ficou de pé, a boca entreaberta, a face porejando, branca.

- O senhor está falando sério, doutor?

- Nunca falei tão seriamente em minha vida. Só com a morte se cura o medo da morte. Mate-se. Não quer se libertar? Pois lhe ordeno a libertação, está salvo, mate-se - disse Maximiliano fixando no homem o olhar reto. - Saia e se mate em seguida. Uma boa morte para o senhor.

- Mas doutor, espera!...

Suave mas firmemente, Maximiliano foi impelindo o homem até a porta.

- Obedeça. Agora, adeus.

Assim que se viu sozinho foi até a janela e através do vidro ficou vendo o homem atravessar o jardim num passo vacilante, as mãos abertas, pendidas. Virou-se ainda uma vez, a face aterrada se contraindo inteira numa interrogação de quem se esqueceu ao dizer - ou fazer - alguma coisa, o quê?

Quando o Doutor Ramazian voltou, Maximiliano estava de pé ao lado da mesa, com o bloco de notas na mão. O cachimbo esvaziado. O cinzeiro limpo.

- Pronto, Max. Agora pode ir tomar seu lanche. Algum recado?

- Uma senhora telefonou, mas não quis dizer o nome. E um cliente, o Professor Nóbrega, também ligou, disse que só pode vir na sexta-feira, vai combinar a hora com Dona Dóris.

Doutor Ramazian encheu o cachimbo. Falou depois de uma baforada.

- Ótimo. Nada mais? Alguém me procurou?

- Um momento, deixa eu ver - disse Maximiliano franzindo a testa. Encarou o médico: - Não, ninguém. Ninguém. Posso ir? - Sim, sem dúvida - disse o médico passando o olhar distraído na folha de bloco com as anotações. - Ótimo, Max. Você vai indo muito bem, o progresso que fez. Estou muito satisfeito.

- Eu também.

- Falta apenas o último passo, você sabe, assumir sem possibilidades de retrocesso. Então estará curado. Maximiliano sorriu. A voz saiu mansa, num quase sussurro, “curado e fodido”.

- O que foi? Você disse alguma coisa?

- Não, doutor, nada. O senhor tem razão. Vamos ao lanche?

Fonte:
TELLES, Lygia Fagundes. Seminário dos Ratos.

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