segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Lino Mendes (São Saias, Meu Bem, São Saias…)


As “saias”, cantadas e bailadas ou só cantadas, cantigas de festa ou de trabalho (quando o mesmo não era de empreitada), é uma das mais belas modas do folclore português, mais centralizada no Alto Alentejo em especial no distrito de Portalegre onde, segundo Tomaz Ribas já existia no século XII.

Cantadas por homem e mulher, por duas mulheres, ou ainda por dois homens e uma mulher quando a mesma era disputada por ambos , de uma maneira geral eram de criação espontânea, era ali, na altura que os versos saiam. E como se compreenderá, eram de despique, por vezes de escárnio e mal dizer. E, se como dissemos se trata de quadras marcadas pela espontaneidade, muitas perduraram no tempo.

O exemplo de uma que se tornou de expressão nacional:

Estas é que são as “saias”,
estas saias é que são;
São cantadas e bailadas
na noite de S.João.

Outras houve, que terão sido adaptadas como esta:

MONTARGIL terra tão linda,
não és vila nem cidade.
mas és um rico cantinho
onde brilha a mocidade.

E a finalizar. Deixamos umas “cantigas” a despique:



RAPAZ
Estas raparigas de hoje
iguaizinhas são às dontem,
albardá-las e mandá-las
com um cântaro à fonte

RAPARIGA
Estes rapazes de agora
estes que de agora são,
albardá-los e mandá-los
à serra buscar carvão

RAPAZ
Menina que tanto sabe
diga lá o seu saber,
uma camisa bem feita
quantos pontos vem a ter

RAPARIGA
Quantos pontos vem a ter
vou-lhe já explicar,
não são mais e não são menos
dos que lhe querem plantar

RAPAZ
Menina que tanto sabe
faça-me esta conta bem.
um molho de trigo limpo
quantas meias quartas tem

RAPARIGA
Falaste no trigo limpo
mas não me falas no joio,
quatrocentas e oitenta
meias quartas tem o joio

MONTARGIL—05/02/011

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