sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mariinha Mota (Livro de Poesias)


ESTE NOSSO AMOR

Então, fiz desse amor que me inspiraste um dia,
a escada que Jacó, em sonhos, viu surgir;
e que não tinha fim, ligando a Terra fria,
aos céus de luz e paz, de sonhos a luzir.

Sinto que desse afeto imenso e tão sublime,
só compreendemos nós a única razão...
É um verdadeiro amor, ternura que redime.
Estejas longe ou perto és minha adoração.

Pensando só em ti componho os meus poemas,
que traduzem pureza e confiança supremas,
e partem de minha alma como um longo grito.

Sou feliz por te amar. Todo o meu pensamento
quer fruir desse amor, que é paz e que é tormento,
e buscar para nós as luzes do infinito.

ESSE TEU OLHAR

Esse teu olhar tão terno que eu reclamo,
desejando que seja todo meu,
é uma jóia tão rara! Eu o proclamo
ser presente do Céu que Deus me deu.

Ao império desse olhar, enlanguecida,
encontro mil belezas de mil mundos,
pois ele transformou a minha vida
com um amor dos mais nobres e profundos.

Esses olhos bondosos que eu venero,
que admiro com alma e tanto quero,
só me ensejam momentos de venturas.

Teu pulcro olhar, que tanta luz encerra,
são dois faróis guiando-me na Terra,
envolvendo-me em ondas de ternuras!

SOMENTE EU

Esta ansiedade enorme, este fascínio louco
que eu desperto em teu ser - e disto estou consciente -
não nasceu nesta vida. Um milênio é bem pouco
para consolidar esta atração fremente.

Não é só, pois, biológico, este ardor supremo
quando nós pressentimos um do outro a presença.
Nosso amor transcendeu o encantamento extremo
e ele é para nós a luz de toda a crença.

Neste mundo, ninguém, por mais força que faça
desunirá nossa alma no tempo que passa
já que este nosso amor é feito de arrebol.

Só eu posso estancar a tua sede de afeto.
Só eu posso acalmar teu coração inquieto.
Sei que sou, somente eu, o teu dia de sol.

VATE GLORIOSO

Viveu na Terra um sonho eterno de beleza
que palpitava, sempre, em todo o seu espírito,
nas sínteses de amor da humana natureza,
anelava buscar as luzes do infinito.

Um saltério divino, cérebro fecundo,
ornou a "Flor do Lácio" com acordes supremos,
deixando-nos, também, um conceito profundo:
"Amar ainda mais a terra em que nascemos."

Príncipe dos Poetas, nobre brasileiro,
há cem anos fulgiu na Pátria do Cruzeiro,
alcançando, entre nós, merecido destaque.

Esse que tanto amou a língua portuguesa,
cantando-a em seus versos de nímia beleza,
é Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac!

ASCESE

Vim, através do todo de elementos,
dos eternos princípios embrionários,
saltando das matérias cósmicas...
Produto telúrico do mundo,
gérmen fui em expedições grandevas,
até ganhar na solidão da Terra
o princípio de impulsos e instintos
com a face de gorila.
Pensei, senti, chorei. Mas, ai!
A dor terrível lavrando esta minha alma,
laboriosa operária iluminando a evolução dos evos,
no emaranhado das lutas cognitivas.
Doridas algemas torturam a mente,
penumbra terrena nas grades do horror.
Surgiu o remorso!
Simbiose do mal, de dor e tristeza.
Hoje, sinto o Além dentro do meu ser.
Sou um vulcão de emoções!
Quanta melodia na mente!
Quero ser perfume.
Quero ser essência rara no Espaço infinito.

PIQUETE

Piquete, tua natureza
é poema de singeleza,
ornamentada de flores,
embalsamada de olores,
que tais encantos resume,
cheios de luz e perfume!

Piquete, sempre eu quisera,
em perene primavera,
unir-te toda à poesia
e à linda polifonia.
És do Brasil um florão
que merece saudação

Fonte:
http://mariinhamotapoeta.blogspot.com/

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