ESTÃO POR AÍ
As dores que eu causei estão por aí
Os corpos que eu amei estão por aí
As magoas que eu não guardei
Os sonhos que não encontrei
Feridas das qual só eu sei estão por aí
Os ventos que levam segredos estão por aí
Canções de ninar nossos medos estão por aí
O dia repleto de azul
Saudades em bando pro sul
Distantes do meu olho nu estão por aí
Os prantos desperdiçados estão por aí
As súplicas dos desesperados estão por aí
Os lábios repletos de sim
Os corpos que esperam por mim
Colombinas sem seus Arlequins estão por aí
A PALAVRA
A palavra é a matéria prima do escritor,
ela é maleável, sujeita-se aos caprichos do criador.
Mas também se impõem,
em sua ampla diversidade de interpretações.
A palavra morre, cai em desuso, mas também ressuscita.
Idiomas se extinguem,
levando consigo não somente palavras, mas formas de pensar.
Palavras que adjetivam o belo, como: a flôr, a borboleta
e principalmente a mulher.
São obrigatóriamente poéticas, assim como o é,
a palavra que da nome à “lembrança triste”,
um previlégio do idioma português: saudade.
Ao contrário da fotografia, que é o que se vê,
a palavra, é o que se imaginar ser,
ela da campo ao pensamento, asas à imaginação.
Na descrição de uma cena, cada leitor,
com suas experiências de vida, imaginará sua própria cena,
isso torna a palavra infinita, sem limites.
Pela palavra passa o conhecimento, a sabedoria, a erudição.
Sem a palavra não seriamos diferentes dos animais.
Ela distingue povos, classes socias,
profissionais liberais, com seus mais variados discursos,
é o poder das palavras, as palavras do poder.
Quantos livros? Quantos poetas? Quantas religiões?
Filosofia, história, tudo baseado na palavra,
que o ser humano manipula, em um inesgotável quebra-cabeça.
Através da palavra, o ser humano vai se forjando, vai se recriando,
portanto, não acredite se alguêm lhe disser:
“palavras são palavras, nada mais do que palavras”.
SABERÁS QUE É NATAL
Assim que brotar
A lua dos pinheiros crispantes
Assim que soar
Um sino distante
Com cantigas singelas
De inocência angelical
Mesmo que não te digam
Saberás que é natal
Assim que a gota salgada
Correr tua face tranquila
Assim que dor
Se fizer arrependida
Mesmo que sol não venha
E que o desgosto seja fatal
Porém, pela paz devastadora
Saberás que é natal
Mesmo que o silêncio vitalício
Lhe ensurdeça por fim
Que o deserto da alma
Encubra teu jardim
Poderás soluçar
Num sorriso passional
Mas com toda confiança
Saberás que é natal
DEUSA DA SENSUALIDADE
Eu sou carmim de sol que deita no poente
Brilho de estrela cadente
Lua velha na sertão
Nebulosa a fervilhar em noite silente
Olho de água corrente
Que se arrasta no porão
Sou a verdade que arrebenta em qualquer cara
Pau-de-fogo, pau-de-arara
A voar na imensidão
Sou liberdade de um grito incontido
Dos passos do perseguido,
Sou o norte e a razão
Sou a que tem malemolência de serpente
Pra colher estrela cadente
No azul do teu olhar
Sou a que chora amando contra a corrente
Se eu sou tão indecente
É pra poder te despertar
BRIGA DE FOICE
Pode me torturar
Me rasgar
Me bater
Pode me ferir a dente
Me botar corrente
Pois eu sei sofrer
Pode me tratar a berro
Pois eu sou de ferro
Vou até o fim
Pode me ferir a boca
Por que isso é sopa
Lindo querubim
Mas quando cair a noite
Vai ter briga de foice
Pois não quero ver
Você virar de lado
Dizer que está cansado
Sem me enlouquecer
Se não sou eu
Quem te trata a berro
Tu terás que ser de ferro
Para me satisfazer
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Fontes:
http://musistoria.blogspot.com/
http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/2698861
http://musistoria.blogspot.com/
http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/2698861
Um comentário:
Zeloso amigo José Feldman, hoje tive acesso ao seu site e fiquei lisonjeado ao ver algumas obras de minha autoria publicadas nesse seu espaço. O site está muito bacana e a proposta é verdadeiramente elogiável, serei freqüentador assíduo, um forte abraço e obrigado pela homenagem, Ernani Maller.
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