Alberto tinha seis anos. Era filho de um jardineiro. Via seu pai e seus irmãos ativos e laboriosos, plantar árvores e fazer sementeiras, que nasciam, cresciam e davam fruto. Tinha visto um único feijão produzir cem feijões e muitas vezes mais, e de uma talhada de batata nascerem quarenta batatas magníficas; sabia que a terra pagava com juros exorbitantes o que lhe emprestavam. Um dia achou uma libra no quarto do pai, e foi enterrá-la imediatamente no seu jardinzinho.
– Há-de nascer uma árvore, dizia ele consigo, que dará libras como uma cerejeira dá cerejas e irei entregá-las ao papá, que ficará muito contente.
Todas as manhãs ia ver se a libra tinha nascido, mas não rebentava nada. Entretanto o pai procurava a libra por toda a parte. Por fim perguntou ao Albertinho se a tinha visto.
– Vi, papá; achei-a e fui semeá-la.
– Gomo, semeá-la? doido! julgas talvez que vai nascer como uma couve?
– Mas, papá, ouvi dizer que o ouro se encontrava na terra.
– É verdade, mas não nasce como as sementes; o ouro não tem vida.
Desenterrou-se a libra, e Alberto foi castigado por dispor do que lhe não pertencia.
Há, contudo, meus filhos, uma maneira de semear o ouro, fazendo-lhe produzir os mais belos frutos que existem no mundo. Quereis saber como é? dando-o aos pobres. Faz-se no Paraíso a colheita desta sementeira.
Fonte:
Guerra Junqueiro. Contos para a infância.
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