O cordel chegou a
Ribeirão Preto, com a Editora Melodias e com o trabalho de Rodolfo Coelho
Cavalcante por todo o Brasil. O cordelista morando em Salvador, próximo ao
Mercado Modelo, editava seus folhetos e vendia-os em varais, ao mesmo tempo em
que editava o jornal Brasil Poético,
escrevia no Folha do Subúrbio
(Camaçari-BA) e presidia entidades literárias nacionais. Inspiração fértil,
mais de 1.800 folhetos, entre eles A
moça que bateu na mãe e virou cachorra com quase dois milhões de cópias
vendidas. Quando colunista do Diário de Notícias Nilton Manoel divulgava
bastante os folhetos Rodolfo... Falecido em 1.986, nossa cidade consagrou-lhe o
nome de uma rua e confirmou a data de 12 de março, Dia Municipal da Literatura
de Cordel.
O gênero é usado na
prática pedagógica das escolas e tele-cursos. Ajuda na alfabetização infantil e
adulta conforme estudos realizados por especialistas. A FTD tem o livro de Ruth
Rocha e Ana Flora – Escrever e criar... é só começar... O PNLD diversas
histórias e a Secretaria da Educação, Autores
de Cordel, 1986. Na época dos conquistadores greco-romanos, fenícios,
cartagineses e saxônicos, o Cordel já existia. No século XI, chegou a península
Ibérica (Portugal e Espanha). Cordel é Cultura! Leia!Pesquise! Declame! Promova
projetos de poesia e consagre espaço para os sua região. O Cordel está presente
nos núcleos de língua-portuguesa do Japão, Holanda, França, USA e Brasil com
destaque para a Biblioteca Nacional. Temos diversas arcádias entre elas a Ordem
Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel e a Academia Brasileira da
Literatura de Cordel.
O CORDEL NA HISTÓRIA
A história remonta a séculos. O
vocábulo foi registrado pela primeira vez no Dicionário Contemporâneo de Aulete em 1881. Não há como precisar
uma data do surgimento desse tipo de literatura, embora proceda a informação de
que herdamos dos colonizadores portugueses que primeiramente desembarcaram na
Bahia; porém não foram os portugueses os seus únicos criadores. Eles a
assimilaram de fontes diversas a partir da Península Ibérica – região
localizada entre Portugal e Espanha – e a ela imprimiram uma marca própria.
Ler Camões (1524-1580),Cervantes
(1547-1616) e Castro Alves (1847-1871) ampliamos nossa conceituação sobre a
arte. Vejamos:- Em Luiz de Camões acham-se elementos dessa Cultura; idem na
obra de Miguel Cervantes e do poeta baiano Castro Alves.
Em vários países hispano-americanos e
europeus, como no Chile e na França, também são perceptíveis os sinais dessa
literatura.
O paraibano Leandro Gomes de Barros foi o
principal expoente da arte cordelista no Brasil (texto do livro A presença dos cordelistas e cantadores
repentistas em São Paulo, Ibrasa, Assis Ângelo).
O CORDEL
RIBEIRÃOPRETANO
A produção de
literatura de Cordel em Ribeirão Preto é pequena, mas constante. Temos bons
poetas no gênero. A poética cordelista exige cuidados específicos.
O dia 12 de março é o Dia Municipal da Literatura
de Cordel. O projeto 359/94 do vereador Cícero Gomes da Silva deu origem ]à
Lei 6850/94 que homenageia Rodolfo Coelho Cavalcante, autor centenas de
folhetos e palestras por todo o Brasil. Autor de sonetos, trovas e editor do
jornal Brasil Poético. A constância literária deu-lhe homenagem pela Academia
Brasileira de Letras por indicação de Jorge Amado. Diversos autores escrevem
sobre Rodolfo.
CORDEL NAS ESCOLAS
Nas escolas, a literatura de Cordel está em
projetos didáticos e numa série de livros do PNLD:Língua Portuguesa (coleção Conhecer e Crescer) da Escala
Educacional, 5º ano.2008, Língua
Portuguesa, 4º ano,(projeto prosa,Editora Saraiva,2008.Na Semana Nacional
do Folclore, o Cordel tem todos os espaços possíveis. A paulista Olímpia (SP),
capital nacional do folclore, promove diversos eventos. A editora FTD na
coleção Escrever e Criar é Só Começar,
informa como se fazem folhetos de cordel. Encontramos hoje dezenas de outros
autores com a poética do Cordel e a arte xilográfica.
No Brasil,
pesquisadores apontam a literatura de Cordel como veio rico de educação,
cultura e civismo. Temos núcleos de Cordel em vários países: na França, na
Holanda, no Japão, em Portugal e USA, etc.
Os franceses, pertencentes ao CNRS –
Centre de Recherches Latino-americaines-Archivos (Poitier-Fr) pesquisam o
Cordel. O mesmo ocorre com entidades brasileiras físicas e jurídicas; entre
elas a Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel (BA) e a
ABLC-Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ).
A ABLC ressalta:–
“Oriunda de Portugal, a literatura de Cordel chegou no balaio e no coração dos
colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali
irradicou-se para os demais estados do Nordeste”.
O
verbete Cordel é polêmico e historiadores acreditam que a arte deveria ser
conhecida como poesia popular ou poesia nordestina. O poema de cordel
nordestino costuma trazer ilustrações xilográficas. Alguns deles fazem menções
heráldicas e genealógicas.
OFICINA DE CORDEL
Material
necessário:- papel sulfite A4, branco, para o livro e colorido para a
capa. Lápis de cor ou giz de cera,
grampeador Carbex 26/6 ou cola.
Inspire-se! Seja criativo. Boa sorte.
A produção de um
folheto de Cordel estimula o aluno à leitura, à escrita e a arte quando ilustra
a capa ou a história por ele feita. Ainda a socialização do trabalho quando
exposto em sala de aula ou pátio da escola.
O poema cordelista é
um dos gêneros mais explorados na atualidade.
No aspecto material,
o folheto em estilo nordestino é feito de uma folha de sulfite A 4 que, dobrada
em quatro viram oito páginas. Seguindo nessa ordem 16,32...
Os poetas gostam de explorar suas histórias em
estrofes de seis versos (sextilhas ) ou sete versos (setilhas). As estrofes de
seis versos (linhas) rimam apenas os versos 2ª,4º e 6ª e as setilhas: 2ª.4ª e
7ª e o 5ª com o 6º verso.Na metrificação os versos têm sete sílabas poéticas.
O poeta de Cordel é
um mediador da cultura popular e erudita. Os produtores de Cordel adotam hoje a
feitura em off set com fontes de micro-computadores (antigos tipos) de diversos
formatos. As ilustrações são a cores (os folhetos da Luzeiro Editora) e as
capas em papel encorpado. Nos bons tempos da geração mimeógrafo, poetas
editavam com as letras da velha Remington 11. Os folhetos cordelistas exigem -
como todo texto - a criatividade de seus autores. As histórias vão de 14 a 28
versos por página e multiplicam-se por
8,16,32 etc. Quando o poeta tem fôlego, escreve uma história de 300 ou 400 versos, tranqüilamente;muito comum
nos romances. Nos concursos literários pede-se de 32 a 64 estrofes. Se o
folheto tem 4 estrofes de sete versos, somam-se 28 versos e multiplicando-se
pelo número de páginas o total de versos de um folheto.
A literatura de
Cordel está nas feiras e galerias comerciais. Nas grandes cidades, mesmo
aquelas que falam de preservação histórica, o poeta de cordel, repentista e
folhetinista, tem perdido o espaço das praças centrais com a interferência das
fiscalizações municipais. Literatura de Cordel é Educação e Cultura.
PRODUÇÃO DE FOLHETOS DE CORDEL
Solicitar da
Biblioteca da escola folhetos ou livretos do gênero. No PNLD, Cordel adolescente, o xente (FTD) serve de
orientação.Interpletar,comentar as ilustrações, ressaltar o titulo e autoria.
Trocar Escolher um tema e redigir no
caderno o texto.Reescrever.Ler e avaliar o que foi feito.Depois escrevê-lo no
livrinho de folha de sulfite
Quando estiver
pronto, pegar meia folha de papel colorido A4 e fazer a capa ilustrada colocando
o nome do autor, o titulo da história e ano de edição.
Feito isto, coloque
o livrinho dentro da capa e grampeie ao meio duas vezes. O grampeador Carbex
26/6 tem a medida certinha para esse trabalho.
O professor recolhe
os folhetos feitos como o combinado.
Escolhe um local para o varal de barbante e prende os folhetos com prendedores
de roupa.
A diversificação de
assuntos (temas) chamará a atenção dos leitores. Quando não existia jornal o
Cordel fazia o papel de um jornal. Vamos ler um trecho do folheto Publicistas da Madrugada, de Nilton
Manoel, 1981, Gráfica Brasil.
1
Ribeirão
Preto...Onde está
a cidade onde eu nasci?
A província cheia de
graça
já se perdeu por aí!
Em cada trecho um
tapume
e historiadores sem
ciúme
da história que há por aqui.
2
Parece uma betoneira
nossa terrinha atual
É um reboliço confuso...
Tudo parece normal
a quem olhe
indiferente
ao passado... O
presente
será futuro afinal?
23
Vila Recreio,
querida,
dos tempos da
lamparina,
ainda o pó de suas
ruas
é a mesma triste
sina...
A lata a ponta de um
pau
molha a rua...Num
varal
seca a roupa de
gente fina...
24
Terna e dura uma
bisnaga
repleta de
inspiração
desenha em muro sem
reboco
Uma frase com
emoção:
- Quem mais luta por
seu dia,
vive de curta
alegria
temendo a falta do pão
Poemas antigos,nas
bancas:
Publicistas da
Madrugada
-A festa dos
papagaios
-Mistérios do Campo
Aberto
–––-
Em Ribeirão Preto,
SP; 12 de março (homenagem a Rodolfo)
Dia Municipal da Literatura de Cordel (Dia de Civismo,Educação, Cultura e
Cidadania)
(Nilton
Manoel, especialista em Educação, pedagogo (administração e
supervisão),contabilista, jornalista, fotografo. Pertence a rede estadual de
ensino. Afiliado a Apeoesp e Udemo. Faz parte de entidades literárias. Tem livros editados e prêmios recebidos)
Fonte:
O Autor
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