segunda-feira, 23 de julho de 2012

Nilton Manoel (Cordel)

Você já leu algum folheto de Cordel? Não! Nas bancas de jornais e revistas, existem histórias interessantes.

O cordel chegou a Ribeirão Preto, com a Editora Melodias e com o trabalho de Rodolfo Coelho Cavalcante por todo o Brasil. O cordelista morando em Salvador, próximo ao Mercado Modelo, editava seus folhetos e vendia-os em varais, ao mesmo tempo em que editava o jornal Brasil Poético, escrevia no Folha do Subúrbio (Camaçari-BA) e presidia entidades literárias nacionais. Inspiração fértil, mais de 1.800 folhetos, entre eles A moça que bateu na mãe e virou cachorra com quase dois milhões de cópias vendidas. Quando colunista do Diário de Notícias Nilton Manoel divulgava bastante os folhetos Rodolfo... Falecido em 1.986, nossa cidade consagrou-lhe o nome de uma rua e confirmou a data de 12 de março, Dia Municipal da Literatura de Cordel.

O gênero é usado na prática pedagógica das escolas e tele-cursos. Ajuda na alfabetização infantil e adulta conforme estudos realizados por especialistas. A FTD tem o livro de Ruth Rocha e Ana Flora – Escrever e criar... é só começar... O PNLD diversas histórias e a Secretaria da Educação, Autores de Cordel, 1986. Na época dos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses e saxônicos, o Cordel já existia. No século XI, chegou a península Ibérica (Portugal e Espanha). Cordel é Cultura! Leia!Pesquise! Declame! Promova projetos de poesia e consagre espaço para os sua região. O Cordel está presente nos núcleos de língua-portuguesa do Japão, Holanda, França, USA e Brasil com destaque para a Biblioteca Nacional. Temos diversas arcádias entre elas a Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel e a Academia Brasileira da Literatura de Cordel.

O CORDEL NA HISTÓRIA

          A história remonta a séculos. O vocábulo foi registrado pela primeira vez no Dicionário Contemporâneo de Aulete em 1881. Não há como precisar uma data do surgimento desse tipo de literatura, embora proceda a informação de que herdamos dos colonizadores portugueses que primeiramente desembarcaram na Bahia; porém não foram os portugueses os seus únicos criadores. Eles a assimilaram de fontes diversas a partir da Península Ibérica – região localizada entre Portugal e Espanha – e a ela imprimiram uma marca própria.

       Ler Camões (1524-1580),Cervantes (1547-1616) e Castro Alves (1847-1871) ampliamos nossa conceituação sobre a arte. Vejamos:- Em Luiz de Camões acham-se elementos dessa Cultura; idem na obra de Miguel Cervantes e do poeta baiano Castro Alves.

      Em vários países hispano-americanos e europeus, como no Chile e na França, também são perceptíveis os sinais dessa literatura.

     O paraibano Leandro Gomes de Barros foi o principal expoente da arte cordelista no Brasil (texto do livro A presença dos cordelistas e cantadores repentistas em São Paulo, Ibrasa, Assis Ângelo).

O CORDEL RIBEIRÃOPRETANO

A produção de literatura de Cordel em Ribeirão Preto é pequena, mas constante. Temos bons poetas no gênero. A poética cordelista exige cuidados específicos.

O dia 12 de março é o Dia Municipal da Literatura de Cordel. O projeto 359/94 do vereador Cícero Gomes da Silva deu origem ]à Lei 6850/94 que homenageia Rodolfo Coelho Cavalcante, autor centenas de folhetos e palestras por todo o Brasil. Autor de sonetos, trovas e editor do jornal Brasil Poético. A constância literária deu-lhe homenagem pela Academia Brasileira de Letras por indicação de Jorge Amado. Diversos autores escrevem sobre Rodolfo.

CORDEL NAS ESCOLAS

    Nas escolas, a literatura de Cordel está em projetos didáticos e numa série de livros do PNLD:Língua Portuguesa (coleção Conhecer e Crescer) da Escala Educacional, 5º ano.2008, Língua Portuguesa, 4º ano,(projeto prosa,Editora Saraiva,2008.Na Semana Nacional do Folclore, o Cordel tem todos os espaços possíveis. A paulista Olímpia (SP), capital nacional do folclore, promove diversos eventos. A editora FTD na coleção Escrever e Criar é Só Começar, informa como se fazem folhetos de cordel. Encontramos hoje dezenas de outros autores com a poética do Cordel e a arte xilográfica.

No Brasil, pesquisadores apontam a literatura de Cordel como veio rico de educação, cultura e civismo. Temos núcleos de Cordel em vários países: na França, na Holanda, no Japão, em Portugal e USA, etc.

          Os franceses, pertencentes ao CNRS – Centre de Recherches Latino-americaines-Archivos (Poitier-Fr) pesquisam o Cordel. O mesmo ocorre com entidades brasileiras físicas e jurídicas; entre elas a Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel (BA) e a ABLC-Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ).

A ABLC ressalta:– “Oriunda de Portugal, a literatura de Cordel chegou no balaio e no coração dos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali irradicou-se para os demais estados do Nordeste”.

       O verbete Cordel é polêmico e historiadores acreditam que a arte deveria ser conhecida como poesia popular ou poesia nordestina. O poema de cordel nordestino costuma trazer ilustrações xilográficas. Alguns deles fazem menções heráldicas e genealógicas.

OFICINA DE CORDEL

Material necessário:- papel sulfite A4, branco, para o livro e colorido para a capa.  Lápis de cor ou giz de cera, grampeador Carbex 26/6 ou cola.  Inspire-se! Seja criativo. Boa sorte.

A produção de um folheto de Cordel estimula o aluno à leitura, à escrita e a arte quando ilustra a capa ou a história por ele feita. Ainda a socialização do trabalho quando exposto em sala de aula ou pátio da escola.
O poema cordelista é um dos gêneros mais explorados na atualidade.

No aspecto material, o folheto em estilo nordestino é feito de uma folha de sulfite A 4 que, dobrada em quatro viram oito páginas. Seguindo nessa ordem 16,32...

 Os poetas gostam de explorar suas histórias em estrofes de seis versos (sextilhas ) ou sete versos (setilhas). As estrofes de seis versos (linhas) rimam apenas os versos 2ª,4º e 6ª e as setilhas: 2ª.4ª e 7ª e o 5ª com o 6º verso.Na metrificação os versos têm sete sílabas poéticas.

O poeta de Cordel é um mediador da cultura popular e erudita. Os produtores de Cordel adotam hoje a feitura em off set com fontes de micro-computadores (antigos tipos) de diversos formatos. As ilustrações são a cores (os folhetos da Luzeiro Editora) e as capas em papel encorpado. Nos bons tempos da geração mimeógrafo, poetas editavam com as letras da velha Remington 11. Os folhetos cordelistas exigem - como todo texto - a criatividade de seus autores. As histórias vão de 14 a 28 versos por página e multiplicam-se  por 8,16,32 etc. Quando o poeta tem fôlego, escreve uma história de  300 ou 400 versos, tranqüilamente;muito comum nos romances. Nos concursos literários pede-se de 32 a 64 estrofes. Se o folheto tem 4 estrofes de sete versos, somam-se 28 versos e multiplicando-se pelo número de páginas o total de versos de um folheto.

A literatura de Cordel está nas feiras e galerias comerciais. Nas grandes cidades, mesmo aquelas que falam de preservação histórica, o poeta de cordel, repentista e folhetinista, tem perdido o espaço das praças centrais com a interferência das fiscalizações municipais. Literatura de Cordel é Educação e Cultura.

 PRODUÇÃO DE FOLHETOS DE CORDEL

Solicitar da Biblioteca da escola folhetos ou livretos do gênero. No PNLD, Cordel adolescente, o xente (FTD) serve de orientação.Interpletar,comentar as ilustrações, ressaltar o titulo e autoria. Trocar   Escolher um tema e redigir no caderno o texto.Reescrever.Ler e avaliar o que foi feito.Depois escrevê-lo no livrinho de folha de sulfite

Quando estiver pronto, pegar meia folha de papel colorido A4 e fazer a capa ilustrada colocando o nome do autor, o titulo da história e ano de edição.

Feito isto, coloque o livrinho dentro da capa e grampeie ao meio duas vezes. O grampeador Carbex 26/6 tem a medida certinha para esse trabalho.

O professor recolhe os folhetos feitos como o  combinado. Escolhe um local para o varal de barbante e prende os folhetos com prendedores de roupa.

A diversificação de assuntos (temas) chamará a atenção dos leitores. Quando não existia jornal o Cordel fazia o papel de um jornal. Vamos ler um trecho do folheto Publicistas da Madrugada, de Nilton Manoel, 1981, Gráfica Brasil.

1
Ribeirão Preto...Onde está
a cidade onde eu nasci?
A província cheia de graça
já se perdeu por aí!
Em cada trecho um tapume
e historiadores sem ciúme
         da história que há por aqui.

2
Parece uma betoneira
nossa terrinha atual
É um reboliço confuso...
Tudo parece normal
a quem olhe indiferente
ao passado... O presente
será futuro afinal?

23
Vila Recreio, querida,
dos tempos da lamparina,
ainda o pó de suas ruas
é a mesma triste sina...
A lata a ponta de um pau
molha a rua...Num varal
seca a roupa de gente fina...

24
Terna e dura uma bisnaga
repleta de inspiração
desenha em muro sem reboco
Uma frase com emoção:
- Quem mais luta por seu dia,
vive de curta alegria
         temendo a falta do pão

Poemas antigos,nas bancas:
Publicistas da Madrugada
-A festa dos papagaios
-Mistérios do Campo Aberto
–––-
Em Ribeirão Preto, SP; 12 de março (homenagem a Rodolfo)  Dia Municipal da Literatura de Cordel (Dia de Civismo,Educação, Cultura e Cidadania)

 (Nilton  Manoel, especialista em Educação, pedagogo (administração e supervisão),contabilista, jornalista, fotografo. Pertence a rede estadual de ensino. Afiliado a Apeoesp e Udemo. Faz parte de entidades literárias.  Tem livros editados e prêmios recebidos)

Fonte:
O Autor

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