quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Adonias Filho (O Largo da Palma) 6. A Pedra

 Aspectos regionais:
garimpo, Jacobina.

 O enriquecimento gera a migração para a capital.

Foco narrativo
Narrativa em terceira pessoa, centralizada em Cícero e Zefa.

Espaços
Largo e Igreja da Palma, e o bordel onde Flor trabalha.

Linguagem - Inversão:
“Maior que a peste, de verdade, só o medo”; “E tinha os seus dengues, Flor!”; “Farta estava cheia de tantas mentiras e malandragens”.

Personagens
Cícero Amaro, Zefa, Flor.

Enredo
A ingenuidade de Cícero, a exploração, as mulheres, o empobrecimento.

Desfecho –
“E no largo, ao ver a igreja bem defronte, (Cícero) pôs-se a andar, cabisbaixo, como perdido em profunda meditação. A ingratidão de Zefa, o desprezo de Flor, chô, o mundo era mesmo uma boa merda”.
 (p.101) “Grandes, porém, eram os olhos de Deus. Todos pagariam semelhante na própria terra.”
 E procura arranjar um pouco dinheiro para voltar à sua vida de garimpeiro em Jacobina.

RESUMO

A igreja, mais velha do que as árvores dali, acompanhou o que era um capinzal no topo da ladeira se transformar em Largo da Palma ao longo dos anos. Apesar de muita coisa ter mudado, um terreno sempre ficou abandonado e o fizeram de depósito de lixo. Após a praga invadir a cidade e a caça aos ratos começar, tacaram fogo ao lixo e então proibiram que se deixasse terreno baldio. Como a construção de casas havia ficado mais cara por conta da libertação dos escravos, quem não tivesse dinheiro para construir que vendesse suas terras. E foi então que um especulador português construiu uma casinha ali no terreno para vender. Quem comprou a casa foi Cícero Amaro e sua esposa, Zefa.

Cícero era um garimpeiro de Jacobina que não fazia nada e de vez em quando gostava de tomar uma pinga. Sua mulher, porém, era uma negra dura que trabalhava muito e, sabendo do marido que tinha, tratava de economizar um dinheiro para construir uma quitanda. Apesar de gritar com o marido dizendo que um dia o abandonaria por ser tão preguiçoso, no fundo ela acreditava nas desculpas dele de que vida de garimpeiro era assim e sabia que um dia chegaria a hora em que ele apareceria com um diamante.

Até que um dia, em uma das raras garimpadas dele, Cícero topou com uma pedra do tamanho de uma azeitona. Falou-se disso o dia inteiro em Jacobina e todos perguntavam o que ele iria fazer com tanto dinheiro que conseguiria com a venda da pedra. Depois de muita discussão, fechou negócio com Salviano e, com o dinheiro no bolso, fez o que todo homem faria e entrou no primeiro botequim e já começou a gastar. No caminho de volta, nem pensou duas vezes e já comprou roupas novas para ele e para a mulher. Ao chegar em casa, Zefa fez um café bem forte para Cícero e só depois que a bebedeira passou ela falou de comprar uma quitanda em Salvador.

Foram os dois de trem para a Capital e em coisa de dez dias compraram a casa já mobiliada, pois não eram mais gente para ficar em casa de aluguel. A quitanda, que era mais um pequeno armazém do que uma quitanda, ficava logo ali na própria Ladeira da Palma, perto da casa. Tudo foi pago à vista e posto no nome de Zefa.

Enquanto Zefa cuidava da quitanda e de sua vida, Cícero passava as tardes a queimar seu dinheiro. Já era popular nos botecos e no fim da tarde pagava bebida para todos. Até que um dia a consciência apertou e ele resolveu ver quanto de dinheiro que havia sobrado. Cícero só tinha cerca da metade do dinheiro que conseguiu com a venda do diamante.

No dia seguinte, todo bem vestido saiu para andar e foi para a Rua Chile sonhando com as belas moças da Bahia. Entrou em uma das casas atraído pelo som da valsa tocada no piano desafinado e mal sentou na mesa e pediu uma bebida, veio uma bela moça de nome Flor se juntar a ele. E de riso em riso, palavra em palavra, Cícero acabou se apaixonando por Flor. Ele se perguntava como poderia ter ficado tanto tempo com a negra Zefa. Porém, essa paixão não durou nem sete dias. No primeiro ela exigiu uma pulseira de ouro, no segundo nada pediu, no terceiro foi um par de brincos e dinheiro. No quarto, sem nem que Flor pedisse, ela ganhou três belos vestidos de seda. No quinto ela pediu um anel. No sexto, como já tinha o que queria, pediu mais dinheiro e assim ela descobriu que Cícero já quase não tinha mais dinheiro algum. Então ela o mandou embora.

Chegando em casa foi recebido por Zefa de cara amarrada. Ela já iria mais tolerar as mentiras e a folga dele, e muito menos que ele comesse todo o lucro da quitanda. Cheia de tanta mentira e malandragem, Zefa o mandou embora.

Assim, Cícero deixou a mulher falando sozinha e foi-se embora com a roupa já toda suja e gasta. Foi andando pela rua pensando na ingratidão de Zefa e no desprezo de Flor, pensava que todos iriam pagar por tremenda maldade. E aí pensou em como conseguir dinheiro. Não muito, apenas o suficiente para voltar a Jacobina e voltar à vida de garimpeiro.

Fontes:
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/o_largo_da_palma
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/largo-palma-resumo-obra-adonias-filho-701985.shtml

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