terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Paulo Roberto Oliveira Caruso (Poemas Diversos)


A ETERNIDADE NAS FOTOS 

A foto “eterniza” as pessoas, 
por mais que mortas estejam. 
As filmagens outrossim. 
Os meios de gravação de som
igualmente o proporcionam. 
A pintura impressionista faz o mesmo,
embora não se trate de uma imagem sugada
instantaneamente, lepidamente, 
num feixe de luz... ou flash... 

Como pode um ser humano
envelhecer em sua vida real, 
adoecer, morrer de qualquer forma,
sem que a imagem capturada 
sofra quaisquer alterações?

O ser humano e a fotografia.
A pessoa e a filmagem.
A gente e a pintura impressionista, impressionante.
A voz e a gravação. 
São gêmeos bivitelinos perfeitos, 
conquanto a ideia em si pareça absurda.

Tais experimentos nos trazem saudade...
E ademais certa maldade...
Justamente porque a saudade nos mata...
Mas nos mata lentamente.

A SINFONIA NA LAGOA

Sob o fino pratear da lua, 
cujo cintilar reflete na lagoa, 
vitórias-régias pequenas e robustas
parecem bailar ao som da sinfonia
de sapos, rãs e pererecas.
Eles enchem o peito pra cantar
a melodia típica dos anfíbios, 
como se agradecessem a Deus
pelo alimento, pela existência e pelo lar. 
São os tenores da ária nascida rica. 

O verdor predomina vastamente, 
apenas tendo a luz divina e bela. 
Como sua companheira de jornada. 
Mais parece a lagoa um grande palco
para as vitórias-régias bailarinas
rodopiarem ao som do canto dos batráquios. 

O olhar brilhante da onça espreita 
de longe o concerto enriquecido
pelos grilos e cigarras – 
barítonos e sopranos – 
deste espetáculo da natureza. 

Macacos batem palmas em algazarra
e saltitam, gritando efusivamente, 
agradecendo por cada nota musical. 
Dão mesmo cambalhotas de alegria 
nos camarotes da copa das árvores. 

Acima disto tudo, no céu, 
corujas fazem seu coro de pios, 
enquanto rodopiam alegremente
como uma quadrilha de festa junina.

CADERNO IN ALBIS 

A passagem para o ano vindouro 
traz a cor branca do tecido como símbolo.
Atribui-se a ela normalmente a paz.
Mas podemos pensar em algo mais...

Trata-se da cor mais usada em páginas de um caderno.
E na cor branca das páginas sem escrita 
podemos ver todo um mar de oportunidades, 
tendo o céu como o limite. 
Podemos ver a liberdade de criar 
um ano que está por nascer. 
Cabe a nós mesmos escrever as linhas 
do que desejamos ter pela frente.

Logicamente outras linhas cruzarão 
as linhas por nós escritas,
como num choque de cadernos incompletos.
Mas aí haverá a chance de aprendermos 
uma cultura diferente da que temos
e ver se a consideramos auspiciosa ou não. 
Afinal, o homem é um ser social e político
por sua própria natureza! 

Que a saúde nos conduza a lindas ocasiões! 
E que saibamos fazer o bem a nós mesmos
e também aos demais seres vivos
com muito amor e muita paz! 

Talvez tenhamos que rasgar uma folha ou outra...
Mas que o façamos com sapiência
de reconstruir a nossa vida 
e de proporcionar uma vida melhor a outrem,
dando-lhe novas perspectivas!

CORDEL À BAILARINA

Bailarina rodopia, 
mais parecendo uma garça. 
Chega a não tocar o chão
sem qualquer truque e sem farsa!

Bailarina no teatro 
é como a garça a voar!
A leveza transparece 
a cada piruetar!

Faz um coque nos cabelos 
para cegar-se jamais 
com os mesmos no trajeto 
dos seus passos magistrais. 

Na ponta de cada pé, 
faz plateia suspirar;
sua fé jamais se perde
num melhor apresentar. 

Bailarina majestosa 
entra vestida de branco, 
conquista a todos à frente 
com seu movimento franco. 

Ela sabe ser austera 
e outrossim ser singela, 
mas é certo, meu leitor, 
se apresentar sempre bela!

É suave como pluma, 
faz cócegas pelo chão. 
Este fica agradecido 
pela artista em compaixão. 

Dança! Baila, bailarina!
Às damas faze sonhar!
Às meninas sê exemplo
dum bonito voejar!

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