sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Carolina Ramos (O Valor da Palavra)


Dizer que o silêncio é ouro é lugar comum. Máxima aceita sem restrições, embora não totalmente correta. Em muitos casos, nem sempre o silencio substitui a palavra sem os deméritos que apontem para a fuga, para  o subterfúgio, para a dissimulação, não passando de  cômoda abstenção que não define e nem compromete a quem lança mão deste artifício.

Nada substitui o valor de uma palavra em situações em que ela  assume a postura de marco entre o tudo e o nada. Entre a verdade e a mentira. Entre aquele o Sim e aquele Não, quando sequer é admitida a intrusão indecisa de um débil Talvez.

Um Sim  define duas vidas ante um altar. Um Não separa dois corpos e arrasta duas almas rumo a destinos divergentes, à mercê dos tropeços que a vida trama ao reescrever o incógnito roteiro de seus novos passos.

Há palavras frias, ferinas, afiadas como lâminas cruéis! Palavras que ferem, que castigam que matam! Amargas e cheias de veneno, tais como – raiva, ódio, medo, corrupção, vingança, guerra etc.!

Em compensação, outras palavras há, belíssimas, de aura luminosa, de conteúdo imenso e transcendental! Amor é a maior delas!

 Amor! Palavra que deveria ser sempre escrita com maiúscula e que,  urdida dentro de suas reais dimensões, não caberia numa página, pois tem valor de imensidão!

 Una, sem sinônimos, a palavra Amor é de uma riqueza impar, embora continuamente desgastada e ultrajada sempre que, com vileza,  for dimensionada fora do critério divino com que foi criada.

Amor...é o começo dos começos! Palavra ilimitada em cuja dimensão infinita cabe um Deus!

O Amor não tem preço - Ele é o Tudo!

No entanto, sem que se entenda o porquê, Amor é a palavra menos usada e também a mais desgastada pelo desprezo da humanidade que, em sua constante rebelião interior, a ignora, trocando-a pelo apego às mazelas que paradoxalmente a conduzem ao Nada!

Vão-se os tempos, vão-se as gerações enoveladas nas teias que elas mesmas tecem, sem que consigam encontrar o fio condutor que as liberte do labirinto criado por suas próprias mãos, movidas por paixões dominantes que as arrastam, quando tinham tudo para conduzir, sem serem conduzidas. Dominar sem serem dominadas e, vencer, ao invés de serem vencidas.

Entretanto, assim como não há causa sem efeito, assim como um veneno fatal pode ainda ter um antídoto, há também uma palavra terna, que parece fraca, frágil... mas absolutamente, não é nada disto.

A palavra é Esperança - que tem força desmedida e se abastece na alma de cada ser a ajuda-lo a sonhar... e sonhar... sempre uma vez mais!   

E essa palavra, verde como um tenro broto que viceja, cresce e  rasga nuvens densas  do horizonte azul da Terra do Sonho a apontar confiante outra palavra soberana, tão pequenina,  três letras apenas que traduzem o coletivo anseio, acenando, de longe, num fraterno apelo: - PAZ!

 Há, entretanto, uma última palavra a ser anexada. Pequenina e tão grande que é capaz de envolver todas as palavras do mundo, porque abraça o Amor, abraça a Esperança e abraça, também, a Paz! Essa palavra poderosa tem apenas duas letras que a tornam dona do Universo, essa palavra é - FÉ!

Fonte:
A Autora

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