Feito a chuva nos telhados,
cai meu verso em seus ouvidos;
logo escuto, desmanchados,
mais que os seus cinco sentidos...
Ao fazer minha poesia,
faço um pouco minha história;
cada verso, a alvenaria
com que eu ergo a vã memória.
Cada estrofe que recorto
com a tesoura da paixão
vira o cais no qual aporto
quando a Terra é solidão.
Quem me dera ser poeta
para honrar meu grande amor!...
Mas o amor só me deleta
quando o exalto em seu andor...
Meu amor nem sabe o quanto
me custou fazer poesia
com os pedaços desse encanto
que ele pôs em agonia!...
Nem a métrica, nem nada
que me faça ser exato,
pode ser como a cantada
da pessoa que retrato...
Acham feio este poeta
para ter amor também;
para um alvo, sua seta,
só a minha nunca vem...
Fonte:
Colaboração do trovador.
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