sábado, 4 de julho de 2020

Luiz Damo (Trovas do Sul) IX


A dor não se perpetue
no rosto do sofredor,
mas a graça sempre atue
na vida do vencedor.
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A vida não nos dá tudo,
razão de ser estudante.
Quem quiser ter o "canudo"
terá que estudar bastante.
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Chegando ao fim da corrida
o homem será convidado,
a prestar contas da vida
colhendo o que foi plantado.
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Com o nosso ecossistema
todos têm envolvimento,
ninguém agrave o problema
do superaquecimento.
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Da videira dos anseios,
cachos de felicidade,
colheremos em passeios
na vindima da saudade.
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Desperta a linda manhã,
o sol desponta no cume,
qual gigante talismã
trazendo vida e perfume,
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Doces frutos de harmonia,
vão pro celeiro do amor
e os amargos, sem valia,
ao fogo eterno da dor.
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Eu não sei se sei quem sou,
ou se quem já foi, sou eu,
só sei que se não fui, vou
ver quem sou, no lar que é meu.
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Frondosa planta, o saber,
bons frutos ela nos dá,
na sombra do entardecer
sempre ao nosso lado está.
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Indesejáveis visitas
muitos dispensam de ter,
consideram "parasitas"
que fingem amigos ser.
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Lenta e calma se mantenha
a caminhada da vida,
se possível nunca venha
ser no seu final perdida.
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Luta acirrada e ferrenha
a das nossas sociedades,
talvez o que falte, tenha,
demais em necessidades.
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Não só São Francisco tem
o poder que a vida traz,
eu posso e devo também
ser instrumento de paz.
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No alvo dos nossos projetos
a vida esteja presente
e os que não forem adjetos
possam ser futuramente.
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No Brasil, o Corcovado,
nosso Cristo Redentor,
Pão de Açúcar elevado,
maravilhas do Senhor.
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No semblante fica escrito
o que está dentro do peito,
tem um pouco do infinito
e muito do nosso jeito.
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Num solo rico e fecundo
ontem, só mata existia,
hoje, produz para o mundo,
vinhos, uva e simpatia.
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O alimento que ingerimos,
nos renove as energias
e tudo o que digerimos
seja fonte de alegrias.
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O brilho da madrugada
vai cedendo o seu lugar,
na manhã toda enfeitada
que também sonha brilhar.
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O fulgor da madrugada
tendo a lua à noite inteira,
transforma-a em meio a noitada
numa dama seresteira.
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Ontem, à luz da fogueira,
brilhava a festa junina,
por não termos mais madeira
hoje, resta a lamparina...
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O passarinho cantando
nova jornada anuncia
e o galo também vai dando
no cantar o seu bom-dia!
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Paris é a cidade-luz
pelo Sena contemplada,
Eiffel, marco que a traduz,
numa vista iluminada.
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Percalços, pedras roliças,
que atravancam os caminhos,
deturpam muitas premissas
e machucam como espinhos.
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Pra se ter democracia
liberdade deve haver,
gerir com diplomacia
na alternância do poder.
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Quando andares pela estrada
controla a velocidade,
porque a próxima parada
pode ser à eternidade.
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Que a vida se torne emblema
e não cruzes nas estradas,
o amanhã chega e condena
quaisquer decisões erradas.
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Quem não temer o perigo
nele pode perecer,
se tiver a mão do amigo
bem melhor será vencer.
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Roma que é cidade-eterna
orgulha cada romano,
guarda sob a luz materna
as bênçãos do Vaticano.
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Se os ramos forem rompidos
por qualquer banalidade,
sobrarão frutos caídos
sem nenhuma utilidade.
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Tantos momentos cruciais
que atormentam nossos dias,
ferem porque são demais
assassinos de alegrias.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro gentilmente enviado pelo autor.

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