segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XX


TUDO E NADA

MOTE:
Fiz na vida o meu escudo
desta verdade sagrada:
- O nada com Deus é tudo
e tudo sem Deus é nada.

Belmiro Braga
Vargem Grande/MG, 1872 – 1937, Juiz de Fora/MG


GLOSA:
Fiz na vida o meu escudo
para, então, me proteger
e fiz um profundo estudo
entre o "ser e entre o não ser"!

O segredo prazenteiro
desta verdade sagrada,
só descobre, quem primeiro
vive a fé, em sua estrada!

O divino conteúdo
nos mostra com emoção:
- O nada com Deus é tudo
sem Deus, o tudo é ilusão!

Norteio, assim, meu caminho,
a minha nova alvorada,
pois com Deus, tudo é carinho,
e tudo sem Deus é nada.
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INVERNO...

MOTE:
Inverno, melancolias
errando, à-toa, nas ruas...
As minhas mãos estão frias
e com saudades das tuas!

Colombina
São Paulo/SP, 1882 – 1963


GLOSA:
Inverno, melancolias,
folhas secas, neve, enfim,
somente monotonias
vão se acercando de mim!

Encontro minha alma triste,
errando, à-toa, nas ruas...
Sem paz, ela não resiste,
as ilusões estão nuas!

Trago as minhas mãos vazias
e o meu coração chorando...
As minhas mãos estão frias
com as tuas mãos, sonhando!

Cai sobre mim, o luar,
multiplicado em mil luas!
Sinto as mãos, a congelar
e com saudades das tuas!
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O TEMPO DESMASCARA...

MOTE:
O tempo, sem mais cuidados,
fotografando a ironia,
revela, às vezes, agrados
com jeito de hipocrisia!

Eduardo A. O. Toledo
Pouso Alegre/MG


GLOSA:
O tempo, sem mais cuidados,
duras verdades revela,
nos coloridos forçados
de alguma falsa aquarela!

Segue, o tempo, a passos lentos
fotografando a ironia,
e vai mostrando os lamentos
da mentirosa alegria!

Em meio a tantos enfados
tentando a paz, encontrar,
revela, às vezes, agrados
bem difíceis de aceitar!

Vai, então, desmascarando
e com total maestria,
agrados que vão chegando
com jeito de hipocrisia!
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PEDACINHOS DE NADA

MOTE:
O homem, depois da jornada,
vê que a ventura ficou,
nos pedacinhos de nada,
sobre os quais sempre pisou!

Fernando Vasconcelos
Diamantina/MG, 1937 – 2010, Ponta Grossa


GLOSA:
O homem, depois da jornada,
olha triste o seu caminho
e vê, quão amargurada,
foi a trilha, sem carinho!

Vê que está só e tristonho,
vê que a ventura ficou,
onde perdeu o seu sonho,
de onde nunca mais voltou!

Ladrilhou a sua estrada
com o pranto de emoção
nos pedacinhos de nada,
quebrados no coração!

Pois, esses nadas somados,
(que jamais valorizou),
eram sonhos realizados,
sobre os quais sempre pisou!

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas. Glosas Virtuais de Trovas XIX. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. 2004.

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