sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XXII

 
O SOL ADORMECE NA TARDE

MOTE:
No instante em que o sol se enfada
de tanto aquecer a terra
deita a cabeça dourada
no travesseiro da serra.
José Lucas de Barros
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN


GLOSA:
No instante em que o sol se enfada,
se cansa... quer descansar,
na tarde, em luzes bordada,
guarda os pincéis, do pintar!

Mais frágil vai se tornando,
de tanto aquecer a terra
e a noite, que vem chegando,
uma grande paz descerra!

Nessa tarde matizada,
o sol, em brilhos sutis,
deita a cabeça dourada
e adormece, assim, feliz!

Surgem novos horizontes
e um novo sonho ele encerra,
dormindo, por trás dos montes,
no travesseiro da serra!
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ENQUANTO HOUVER...

MOTE:
Enquanto houver um luar
e um sol, cheio de esplendor,
há de se ouvir o cantar
da lira de um trovador.

Lisete Johnson
Butiá/RS, 1950 – 2020, Porto Alegre/RS


GLOSA:
Enquanto houver um luar
aclarando a nossa vida,
podemos acreditar
na esperança renascida!

Tendo uma lua prateada,
e um sol, cheio de esplendor,
colheremos pela estrada,
noite e dia, muito amor!

Com os sonhos a embalar,
matizados de emoção,
há de se ouvir o cantar
das vozes do coração!

Enfeitará os universos
com ternura multicor,
a serenata de versos
da lira de um trovador.
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A SAUDADE NÃO GOSTA...

MOTE:
Desconfio que a saudade
não gosta de ti, meu bem:
Quando tu vens, ela vai...
Quando tu vais, ela vem!

Luiz Otávio
Rio de Janeiro/RJ, 1916 – 1977, Santos/SP


GLOSA:
Desconfio que a saudade
de ti, sempre está fugindo,
pois se vais chegar de tarde,
de manhã ela já vai indo!

Não é tua companheira,
não gosta de ti, meu bem,
pois se esconde sorrateira,
ninguém a encontra! Ninguém!

Silenciosamente sai,
essa saudade danada!
Quando tu vens, ela vai...
Contigo ela não quer nada!

Eu acho até, vou dizer,
que ela me ama, também,
sempre, comigo, a viver...
Quando tu vais, ela vem!
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SAUDADE... SAUDADE...

MOTE:
Saudade, se tu soubesses
o quanto te quero bem,
ias querer-se pudesses –
sentir saudade também!

Maria Madalena Ferreira
Magé/RJ


GLOSA:
Saudade, se tu soubesses
como é bom sentir saudade,
talvez o encontro, tivesses,
com Dona Felicidade!

Saudade, não imaginas
o quanto te quero bem,
e como são cristalinas
as lembranças que se têm!

Se pudesses – com certeza,
ias querer – se pudesses –
desfrutar dessa beleza
com todas suas benesses!

Vem, saudade, vem provar
do gostoso vai-e-vem;
vem, que hoje,eu vou te ensinar,
sentir saudade também!
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A TROVA

MOTE:
A trova emite um conceito,
com tal engenho e primor,
que deixa o autor satisfeito,
e muito mais o leitor.

Miguel Russowsky
Santa Maria/RS ,1923 – 2009, Joaçaba/SC

GLOSA:
A trova emite um conceito,
e uma mensagem bonita,
que cativa com seu jeito...
Nada no mundo a limita!

Com roupagem sempre nova,
com tal engenho e primor,
ao nascer mais uma trova,
nasce sempre um novo amor!

É um amor que estoura o peito
trazendo paz e alegria,
que deixa o autor satisfeito,
ao ver a sua poesia!

A trova é semente pura
agradando o seu feitor,
enobrecendo a cultura
e muito mais o leitor.

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas. Glosas Virtuais de Trovas XIX. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. 2004.

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