Era uma vez um peixinho que queria voar e um passarinho que queria nadar. Um dia se encontraram na beira do lago e ficaram comentando suas vidas.
- Chuva para você não é problema, eu tenho que correr para um abrigo e proteger minhas asas dos pingos d'água senão ficam pesadas demais para voar.
- Quando chove fica tudo embaçado aqui embaixo, não enxergo um palmo além do nariz e quando faz sol você pode voar até os mais altos prédios para ver o mundo lá das nuvens, enquanto eu fico aqui nadando entre os lixos que são jogados na minha casa.
- Você ainda tem uma casa, e eu que durmo cada dia num galho de árvore! E por falar em lixo, você nem imagina o castigo que é respirar o monóxido de carbono dos automóveis. Aqui fora, a vida é muito mais poluída e perigosa.
- Mas você sempre pode voar para o campo onde o ar é puro; já eu não posso fugir para um rio limpinho. Ser passarinho tem suas vantagens, meu caro amigo.
- Que nada! No campo sou alvo dos estilingues da molecada. Se eu fosse um peixinho, bastava dar um mergulho para fugir deles.
- Os moleques me perseguem com outros truques. Um dia pensei que uma minhoca estava dando sopa mas era um anzol pontudo, consegui fugir mas fiquei com uma baita cicatriz na boca.
- Certa vez também estava na cola de uma minhoca e fui abocanhado por um gato que me arrancou várias penas e com muito esforço consegui escapar.
- É verdade, isto nós dois temos em comum: gostamos de comer minhocas e os gatos gostam de nos comer. Eu daria tudo para poder voar deles como você.
- E eu daria tudo para poder nadar como você. Gatos têm pavor de água.
Neste exato momento, o passarinho e o peixinho viram uma minhoca apetitosa passeando tranquila na beiradinha do lago e a conversa deles mudou de enfoque diante de tamanha guloseima.
- Olha só, por que você não dá um mergulho agora lá no fundo para eu ficar observando cheio de inveja? - sugeriu o passarinho.
- Só se antes você voar bem alto para eu poder apreciar seu magnífico voo daqui - respondeu espertamente o peixe.
Nesse vai-e-vem, a minhoca foi parar pertinho de um gato malandro que estava ouvindo a conversa toda na moita.
O susto foi tão grande que o peixinho e o passarinho fugiram da cena num segundo.
Moral da Estória:
Minhoca não nada nem voa, em compensação gato não come!
Fonte:
Universo das Fábulas
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