Produzido em 1874, Ubirajara é parte fundamental do conjunto de obras indianistas de José de Alencar, nosso maior prosador romântico, que produziu, também, romances urbanos (de costumes), regionalistas e históricos.
O romance revela, do ponto de vista de José de Alencar, o caráter da nação indígena, um relato dos costumes e da própria índole do selvagem - o bom selvagem - oposto àquilo que informam os textos de missionários jesuítas e viajantes aventureiros. Trata-se de uma releitura do homem nativo. O próprio romancista afirma, na "Advertência" que abre o romance:
"Este livro é irmão de Iracema. Chamei-lhe lenda como ao outro. Nenhum título responde melhor pela propriedade, como pela modéstia, às tradições da pátria indígena.
Quem por desfastio percorrer estas páginas, se não tiver estudado com alma brasileira o berço de nossa nacionalidade, há de estranhar em outras coisas a magnanimidade que ressumbra no drama selvagem a formar-lhe o vigoroso relevo.
Como admitir que bárbaros, quais nos pintaram os indígenas, brutos e canibais, antes feras que homens, fossem suscetíveis desses brios nativos que realçam a dignidade do rei da criação? [...]"
A temática amorosa revela tanta importância quanto a temática da honra. Durante todo o romance o amor supera todas as dificuldades.
O romance é narrado em terceira pessoa, por um narrador todo-poderoso que sabe e vê tudo ao seu redor. A história passa-se no século XV, o que podemos ver no fato da ausência do homem branco. Apresenta como espaço a natureza selvagem de um Brasil primitivo.
A ação externa é a que predomina a obra. O romance com tom épico é dividido em nove capítulos:
I. O caçador
Jaguarê sai de sua taba em busca de um inimigo para conseguir o título de guerreiro.
II.O guerreiro
Tendo vencido Pojucã, Jaguarê adota o nome guerreiro de Ubirajara, senhor da lança.
III. A noiva
Jandira, noiva de Ubirajara, espera por ele, mas ele não a procura. Informa ao povo sua intenção de não ficar com ela e vai em busca de Araci, filha do chefe da nação tocantim.
IV. A hospitalidade
Mudando o nome para Jurandir, para não se deixar reconhecer, Ubirajara hospeda-se na taba dos tocantins.
V. Servo do amor
Ubirajara, ainda como Jurandir, revela suas intenções e é aceito na casa de Itaquê para servi-lo e adquirir o direito de combater para ganhar a mão de Araci.
VI. O combate nupcial
Jurandir (Ubirajara) compete com os demais e ganha o direito de casar-se com Araci.
VII. A guerra
O cunhado de Ubirajara, Pojucã, torna-se seu prisioneiro de guerra, por isso terá de matá-lo. Ubirajara então se identifica, desencadeando a guerra entre araguaias e tocantins.
VIII. A batalha
Quando Ubirajara chega com o seu povo, os tocantins são atacados pelos tapuias.Uma criança tapuia cega o chefe tocantim e ficam sem liderança.
IX - União dos arcos
Ubirajara consegue dobrar o arco de Itaquê e torna-se assim o novo chefe da nação de Pojucã e Araci, fazendo com isso a união das nações de guerreiros.
PERSONAGENS
Ubirajara: Protagonista. No início do romance seu nome é Jaguarê. Herói romântico, forte, corajoso e bonito.
Jandira: Virgem araguaia, prometida para Jaguarê, em casamento, e desprezada por ele.
Araci: Virgem filha do chefe dos Tocantins.
Pojucã: Guerreiro tocantim, filho de Itaquê.
Itaquê: Chefe da nação tocantim e pai de Pojucã e Araci.
Jacamim: Mulher de Itaquê.
Camacã: Pai de Ubirajara.
Canicram: terrível chefe dos tapuias.
Pahã: Filho mais moço de Canicram, chefe dos tapuias.
RESUMO
Jaguarê, jovem caçador araguaia, procura em outras terras um inimigo com quem possa lutar, pois levando um prisioneiro para sua taba ele conseguiria o título de guerreiro. Mas ao invés de um guerreiro, ele encontra uma índia tocantim de nome Araci, que era filha do chefe da tribo. Ela diz que em sua nação existem cem guerreiros que vão disputá-la em casamento e Jaguarê é convidado a ser mais um deles. Jaguarê prefere dizer a Araci que ela mande todos eles para combater com ele e assim ela fez.
Logo aparece Pojucã para combater com Jaguarê e é vencido por ele. Jaguarê torna-se então Ubirajara, o senhor da lança.
Sendo levado para a taba de Ubirajara, Pojucã tem a oportunidade de ficar com a antiga prometida à Jaguarê, a jovem Jandira. Esta se recusa ficar com Pojucã e foge para a floresta.
Ubirajara chega à taba de Araci e, como permite a lei da hospitalidade, não se identifica, adotando o nome de Jurandir, o que veio trazido da luz.
Compete com os demais pretendentes de Araci e ganha a mão da jovem tocantim em casamento, mas antes de casa-se é obrigado a identificar-se. Faz-se ali uma situação constrangedora, pois seu prisioneiro é Pojucã, irmão de Araci.
Estava assim declarada a guerra. Pojucã é libertado para que pudesse lutar junto com o seu povo, os tocantins.
Quando os araguaias vão atacar, surgem os tapuias, que têm o direito de atacar antes dos araguaias, que têm que esperar.
Itaquê, chefe dos tocantins, vence o chefe dos tapuias mas fica cego perdendo assim a liderança de seu povo.
Para que possa haver uma sucessão os guerreiros tocantins devem pegar o arco de Itaquê, dobrá-lo e atirar com ele. Nenhum guerreiro tocantim consegue o feito, inclusive Pojucã, filho de Itaquê. Por isso convidam Ubirajara para fazê-lo.
Este o faz com tal destreza e habilidade que emociona Itaquê.
Ubirajara enfim, une os dois arcos das duas nações, araguaia e tocantim, dando origem à nação Ubirajara.
COMENTÁRIO
Ubirajara é um romance que narra a história de um índio guerreiro, que por sua força e garra conquistava tudo que queria. O autor começa a narração falando das nações indígenas existentes na época, e que Ubirajara era irmão de Iracema. Sua primeira atividade foi a caça, e como obtinha muito sucesso nesta atividade, recebeu o nome de Jaguaré, tipo de onça feroz que não deixava escapar suas presas.
Era admirado por todos, e as virgens disputavam o seu amor, mas havia uma moça que se chamava Jandira, que fora prometida para ele seu nome Jandira, tinha o significado "Jandaíra" relativo a um tipo de abelha.
Um dia, Jaguaré, estava caçando e encontrou outra virgem muito bela, que pertencia a tribo Tupi, e logo apaixonou-se por ela, seu nome era Araci, que significa estrela do dia. Ela também gostou dele e lançou um desafio para a sua conquista: aquele que fosse melhor guerreiro teria o seu amor. Jaguaré, aceitou o desafio, e quando se preparava para a luta, encontrou um guerreiro da tribo tupi e travou com ele uma luta que durou muitas horas, porém Jaguaré, saiu vencedor e levou seu inimigo preso para ser morto no tempo certo. Todos da tribo Araguaia, festejaram a vitória de Jaguaré.
Depois ele voltou para lutar pela Araci, na tribo dos Tocantins. Lá foi recebido com honras, como qualquer hóspede, os anciões deram-lhe o nome de Jurandi, que significa “aquele que veio da luz ou trazer luz”.
Logo ele viu Araci, e ambos ficaram encantados; Jurandi revelou a seu pai que queria a virgem por esposa, e foi lançado as provas de coragem entre todos os pretendentes e Jurandi venceu todas e obteve o consentimento do pai, mas quando Jurandi, revelou sua verdadeira identidade, tudo ficou complicado, porque o guerreiro inimigo que era seu prisioneiro, era o irmão de Araci. Foi aí que a luta seria maior. Ubirajara voltou à sua tribo, libertou o prisioneiro, e convocou a todos os guerreiros de seu povo para atacar os Tocantins, mas quando eles se preparavam para a batalha, souberam que os tapuias, estavam em guerra com os Tocantins e ofereceram ajuda aos araguaias, porém Ubirajara mandou um recado que não precisava de nenhum aliado para vencer aos dois grupos.
Na guerra dos tapuias com os Tocantins, resultou na morte do maior guerreiro dos tapuias e o chefe dos Tocantins perdeu a visão. Quando os araguaias chegaram na tribo tupi, Ubirajara pediu ao guerreiro cego que lançasse seu arco e duas setas se cruzaram no espaço e a paz foi feita entre as duas tribos, e assim Araci, foi com o seu marido para as núpcias em sua cabana, ela rompeu a liga da virgindade e colocou-a no braço do marido. Estendeu a rede nupcial e foi buscar Jandira, que fora dada a ela por escrava pelo Ubirajara, e deu ao marido como esposa, as duas se tornaram esposas do maior guerreiro Araguaia Tocantins.
A união dessas duas nações resultou no surgimento de uma nova nação que recebeu o nome de Ubirajara, eles dominaram o deserto, por muito tempo.
Fonte:
Texto de Jayro Luna, no site Orfeu Spam Apostilas
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