quarta-feira, 9 de junho de 2021

Lairton Trovão de Andrade (Enxurrada de Poemas) – 3

LÁGRIMA OCULTA

"Levanta-te, minha amada, formosa minha."
(Ct 2.13)

Gota de pranto d'alma escondida,
Que sutilmente caiu da flor;
Foi o pulsar da emoção dorida,
Que ternamente me trouxe amor.

Foi essa lágrima, então, pendida,
Que dos teus olhos eu vi brotar,
Lágrima única, enternecida,
Que, compungido, me fez sonhar.

Lágrima afável e misteriosa,
Secretamente mui delicada,
Deixou esbelta - manhã graciosa,
A linda face sempre corada.

Sereno rosto, alma lacrimante,
Quão silenciosa é a oculta dor!
Teu seio puro - pombinha errante,
Só busca o sonho de um puro amor.

Lágrima doce em face formosa,
Ó lábios virgens de viva cor,
Encosta aqui teu rostinho rosa
E que eu, de graça, te dê amor.
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NA JANELA
"Tuas faces são graciosas
entre os brincos."(Ct. 1.10)


Formosa e atraente naquela janela,
Perfumes de amor exalavas, sem fim;
De novo, da esquina, em belíssima tela,
Quisera rever o que vive por mim.

Daquela sombria e apática esquina,
Eu vi a velha casa espargindo jasmim;
O rosto de encantos de meiga menina
De amor acendeu-se - brilhava pra mim.

De longe te vi, lá naquela janela,
Meu ser, por inteiro, vibrou de alegria;
De ver tanto amor na tua face tão bela,
Senti que feliz eu contigo seria.

Assim, ao te ver, calorosa quão linda,
Não pude conter da emoção o pulsar;
Correndo apressado, queria eu, ainda,
No fogo do teu coração me abrasar.

Na sala adentrei-me, onde estavas sorrindo,
Teus olhos brilhavam com grande emoção;
-Macios cabelos!.. Que rosto tão lindo!...
Beijando abracei-te com muita paixão.
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POMBINHA MEIGA
''Mostra-me o teu rosto,
faze-me ouvir a tua voz." (Ct. 2.14)


Pombinha meiga de cor rosada,
Vem aquecer-me com teu calor!
Apaixonado estou, minha amada,
Por este cheiro que tens da flor.

Pombinha meiga de rósea cor,
Cristais dos olhos - cristais do mar,
Ó suave néctar - sublime amor,
Leva-me às nuvens para eu sonhar.

Pombinha meiga, tão cor-de-rosa,
De lábios dóceis, de viva cor;
Assim contemplo-te, ó carinhosa
Ternura amena cheia de amor!

Pombinha meiga de cor rosada,
Cândida lágrima cristalina,
Sonha comigo, musa esperada,
Sonha somente, rósea menina.
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RAINHA DO FIRMAMENTO
"Quem é essa que surge como a aurora,
bela como a lua, brilhante como o Sol?"
(Ct. 6.10)


Do céu amável rainha,
Nobre figura virgínea,
Feita somente de luz
Que a todo meu ser seduz.

De estrelas bem circundada,
Com astros toda adornada,
Como rainha vestida,
Senhora da minha vida.

Do firmamento é o luzir,
Do meu viver, o sorrir,
Destino que me encaminha
A ser teu servo, ó rainha.

És bela no firmamento!
Meu singular pensamento;
Vou dar-te um cetro de escol
E um trono acima do Sol.

Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas. Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
Livro enviado pelo autor.

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