olhos verdes encantados,
face rubra de cereja
a colher flores nos prados.
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Alegre dia feliz,
bela voz do passarinho,
até parece que diz:
Meu cantar é só carinho.
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Araponga no sertão
lança seu grito de amor
com vibrante entonação
acordando o lenhador.
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A rola junto à cascata
arrulha linda canção,
livre no seio da mata,
na mata lá do sertão.
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As folhas rolam no chão,
a vida rola também;
Juriti dobra a canção
com a saudade de alguém.
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Canta a linda corruíra
a sua suave canção,
lá na árvore de embira
das matas do meu sertão.
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Cataratas e brancura
das águas em explosão
e no lago a saracura
são belezas do sertão.
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De pluma parda e amarela
canta aqui e também ali;
a beldade na janela
sorri ao canto... Bem-te-vi!
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E nas lendas brasileiras
aparece o boitatá,
fogo-fátuo, nas clareiras,
pois, noutro lugar não há.
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João-de-barro elegante,
o engenheiro passarinho,
constrói casa aconchegante
pra curtir o seu carinho.
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Lá na serra bem plantada
casinhola de bambu.
Longe, mia onça pintada,
perto, o cantar do nhambu.
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Luar e noite estrelada
lá no cume da colina,
a choupana abandonada,
choram as águas na mina.
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Luz de lamparina e vela
e também de lampião
produz réstia na janela
no ranchinho do sertão.
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Na plenitude da paz
em manhã ensolarada
a beleza que nos traz
o cantar da passarada.
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Nasce a aurora, novo dia,
corre a moça na sacada
vem ouvir a cotovia
na festa da passarada.
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No meu sítio há sanhaço
e canário cantador
e haja chuva ou mormaço
colibri visita a flor.
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No presídio da gaiola
desolado o passarinho;
o violeiro sem viola,
pássaro é, fora do ninho.
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No sertão, lindo luar,
panorama de canções
que não para de brilhar
e tocar os corações.
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O nordeste brasileiro
querência do Lampião,
Virgulino, o cangaceiro
mais temido do sertão.
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O pomar em florescência,
pássaros em revoada
mostrando linda existência
da vida toda encantada.
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O sabiá muito contente
solta a canção na floresta;
a palmeira sorridente
balança galhos em festa.
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Pássaros! Lindos gorjeios
em manhãs com arrebol,
belezas, suaves enleios
sob as luzes do rei sol!
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Pombinha branca da paz
revoa na luz do dia,
leva mensagem ou traz
arrulhando melodia.
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Rolam goteiras das telhas,
rebentam ondas no mar;
nas flores dançam abelhas,
gaivotas planam no ar.
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Sorri o sabiá na mata
e entoa bela canção,
os respingos da cascata
aplaudem com emoção.
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Sossegado, bem tranquilo
ouço o pássaro cantar
e vou curtindo a meu estilo
as belezas do lugar.
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Fonte:
Vidal Idony Stockler. Trovas. Curitiba: Juruá, 2001.
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