sexta-feira, 6 de julho de 2012

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poesia, Soneto e Trova) v. 6


Delírio
Antonio Manoel Abreu Sardenberg
São Fidélis/RJ - "Cidade Poema"

Aço forjado a fogo,
Cana que virou bagaço,
Carta rejeitada do jogo,
Nó apertado de um laço.

Fera ferida de morte,
Ave presa na gaiola,
Errante, sem tino, sem norte,
Cantador sem ter viola.

Vida sem eira, nem beira,
noite sem brisa a soprar,
fogo brando de fogueira,
peixe morto à beira mar!

Sino sem tanger seu toque,
vontade ardente de ter,
imagem sem foco ou enfoque,
pedra atirada em bodoque,
aprendiz sem aprender.

Passo sem rumo ou espaço,
cena que virou rotina,
fama que virou fracasso,
água parada da tina!

Rio sem leito ao relento,
pipa perdida no ar,
corpo pedindo acalento,
alma louquinha pra amar.

Pelo caminho de teus olhos
Ives Gandra Martins

O recesso intocável de tua alma
Invadi, repentina e mudamente,
Através de momento, cuja palma
Cruzou pelos teus olhos, diferente.

A profundeza longínqua foi semente
Do sucesso que trouxe após a calma.
E a conquista desfeita, docemente,
Conquistou o senhor que hoje te ensalma.

Do assalto não mais resta que o caminho,
Onde, silente, entrei, despercebido,
Cuidando retirar-me por inteiro.

Perdi-me, todavia, e não sozinho
Retomei-o, muito estranho e sem sentido,
De teu recesso eterno prisioneiro.

Ives Gandra Martins: Professor de Direito na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro,integrador de bancas de exames universitários,ensaísta, músico e poeta. O poema aqui publicado foi extraído do Livro de Ruth,em homenagem à esposa.

TROVAS 

É tanto o amor que me invade
quando em teus braços estou,
que cada instante é saudade
do instante que já passou! 
Newton Meyer Azevedo/MG 

Amanhece... e a luz dourada,
num leve e sutil açoite,
traça o perfil da alvorada
no rosto negro da noite. 
Aloísio Alves da Costa/CE 

“Não há pão - Comam brioche!",
disse a rainha ao seu povo.
Antes um pão que o deboche,
de preferência... com ovo. 
Diamantino Ferreira / RJ

Fonte:
Seleção enviada pelo autor

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