Livro publicado em 1876. Ele se enquadra no gênero romance urbano. A história se desenvolve em redor de um amor proibido e da profanação de um dogma religioso.
Conselheiro Vale era um homem rico, com um caso amoroso com uma mulher que havia migrado do Rio Grande do Sul, possuindo uma filha, Helena, a qual ele adota. Morre, e em seu testamento declara que Helena era sua filha e que ela devia ter seu lugar na família. Todos acreditam nisso, mas Helena sabe que não é na realidade sua filha, mas querendo ascender socialmente aceita isso. À princípio, D. Úrsula reage com um certo preconceito à chegada de Helena, mas no decorrer do tempo vai ganhando o amor de D. Úrsula. Estácio era um bom filho, e faz a vontade do pai sem questionar.
Dr. Camargo acha aquilo um absurdo, pois ele queria casar sua filha, Eugênia, com Estácio para que eles se tornassem ricos às custas do dinheiro de Estácio, e mais um familiar só iria diminuir a parte da herança de Estácio. Padre Melchior, outro velho amigo da família e orientador espiritual, era conivente com o médico em seus propósitos. Também apoiava a ideia da união conjugal das duas famílias e tentou de tudo para dissuadir Estácio de sua rejeição à proposta do Doutor.
Helena toma seu lugar na família como uma mulher de fibra, uma verdadeira dona de casa, cuida muito bem de sua nova família, dirige a casa melhor do que D. Úrsula o fazia, e impressiona não só a família como toda a sociedade em geral, porque além de ser uma mulher equilibrada como poucas que existiam, era linda, sensível e rica. Em uma ocasião, o destino conspira a favor de Helena. Dona Úrsula adoece e a jovem cuida dela como se fosse sua própria mãe. A garota não se afastava um momento de seu lado, sempre entregue ao bem-estar da doente. Após se restabelecer, a tia passa a vê-la de outra forma e começa a cuidar dela como se Helena fosse sua própria filha. A partir dessa data Úrsula providenciou todo conforto para a jovem.
Ao longo da narrativa, Helena vai impressionando mais e mais Estácio, que acaba se apaixonando por ela, assim como ela por ele. Aí vem o X da questão, de um lado Estácio, se martirizando por estar apaixonado por sua suposta irmã, o que é um pecado, e do outro, Helena, apaixonada por Estácio. Esta sabia da verdade, mas não podia abandonar tudo e ficar com ele, já que tinha recebido uma fortuna de herança. Amigo de longa data de Estácio, Luís Mendonça, retornara do continente europeu e chega ao Brasil. Mendonça se apaixona por Helena, sempre incentivado pelo Padre Melchior. Ele já pensava em se casar com a jovem.
A família de Helena possuía uma chácara com um casarão, onde Helena costumava visitar sempre. Estácio saiu à caça de algum animal e acabou se ferindo. Então foi até o casarão pedir socorro. Ali um homem muito afável o recebeu, limpou os ferimentos de Estácio e contou que vivia na pobreza e por isso não tinha como ajudá-lo. O jovem vê seu anfitrião e seus temores crescem. Helena estará traindo a confiança de todos e se relacionando com esse indivíduo? Ou seu amante será o escravo? Ele parte com essas dúvidas na mente e decide ir até o Padre, que ouve o rapaz e o acusa de estar alimentando um sentimento incestuoso. Ele afirma que o melhor caminho para eles é Helena se unir a Mendonça, pois assim os sentimentos de Estácio se tranquilizariam.
Estácio vai até o casarão. O homem se apresenta como Salvador e conta toda a história. Surpreende Estácio ao lhe revelar que Helena era sua filha, não de Conselheiro Vale, e toda a história da vida de Helena até ali. O homem morava com a mãe de Helena, Ângela, e ambos viviam na miséria. Eles sobreviveram graças a alguns bicos e às vezes passavam fome. Helena era sua filha verdadeira, não de Vale. Ela era a alegria de sua vida. Ele foi obrigado a fazer uma viagem que se prolongou por muito tempo. Assim que voltou, descobriu que sua mulher estava casada com o Conselheiro Vale. Ele ficou perdido e foi à procura de Ângela, exigindo que a filha ficasse com ele. A mãe dela respondeu aflita, alegando que em sua companhia a garota poderia estudar e ter mais futuro. Ele então aceitou seu destino e partiu, mas sempre a observava à distância. Por sua vez, Vale acreditava que Salvador estava morto e, dessa forma, resolveu educar a menina como se fosse sua filha. Antes da morte de Ângela, ele procurou sua filha, então com 12 anos, e contou a verdade. Porém não queria se contrapor aos projetos de sua ex-esposa e sumiu mais uma vez. Vale tinha morrido e ele tinha certeza de que Helena ganharia parte da herança. Salvador sabia que teria de ficar longe dela. Ele fez tudo isso para que a filha não sofresse na vida, como ele e Ângela. A condição para Salvador era de nunca mais procurar Helena.
Todos optam por deixar tudo como está, até o casamento de Helena e Mendonça, mas ele rejeita a moça. Helena só deseja ficar longe de todo mundo. Mergulhada na solidão e na tristeza, ela após uma chuva forte fica debilitada, à beira da morte. Estácio, tomado por seu forte amor vai cuidar de Helena e lhe faz essa declaração. Helena morre. Estácio não se conforma. Úrsula também sofre com a partida da garota. Ela morre deixando dor e saudades nos corações de todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário