quinta-feira, 7 de abril de 2022

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) 4

A música que me encanta,
que se eterniza entre nós...
Vem das cordas da garganta
do canto dos curiós!
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A neblina no meu teto,
tristonha, reclama e chora,
sentindo a ausência de afeto
até nas cores da aurora!
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Ao ver-te na cruz, Senhor,
sem de nada reclamar...
Dá-me um pingo desse amor,
que há no amor do teu olhar!
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Às vezes, pensando fico,
como o amor, é sábio e nobre:
Faltar na mansão do rico,
sobrar no rancho do pobre!
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A tarde fica mais bela
em seus momentos finais,
quando apaga cada vela
de seus velhos castiçais!
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Consultando os meus arquivos,
Sara, entendi no final...
Que és imortal entre os vivos,
e és nossa eterna imortal!
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Em vez de um Cristo que chora
preso aos braços de uma cruz...
Percebo na luz da aurora,
um Cristo cheio de luz!
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Eu nunca temi fracassos,
mas a velhice atrevida,
aos poucos me encurta os passos
pondo-me algemas na vida!
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Mesmo que seja pecado,
mas peço, atendas meu rogo:
Deixa-me morrer queimado
na quentura do teu fogo!
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Na mãe, Deus pôs mais ternura,
quando, em sábia decisão...
Fez da mãe, a flor mais pura
da embriaguez do perdão!
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Não me curvo aos sonhos vãos,
sou otimista e, contudo...
Se me falta o pão nas mãos,
no coração tem de tudo!
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Nessa luta desmedida
onde há tanto dissabor...
Se um mendiga o pão da vida,
outro pede o pão do amor!!!
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Nessa solidão sem dono,
nessa insônia que não passa...
Não sei por que não tem sono
essa insônia que me abraça!
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Nunca te irrites na vida,
nem te aborreças na espera;
que, a espera é flor escondida
no ventre da primavera!
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O arrebol, com seus desvãos,
toda tarde, ao fim do dia,
estende os braços e as mãos
nos varais da nostalgia!
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O fogo com seus ruídos,
calando a voz das cascatas,
mostra aos céus em seus gemidos,
o pranto da dor das matas!
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O regente é tão perfeito
que, a orquestra da fonte é santa;
quanto mais pedras no leito,
mais feliz, a fonte canta!
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Ó, tu que nesta passagem,
o orgulho é que te conduz,
na derradeira viagem,
serás mendigo ante à Luz!
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Quando ao longe, a ressonância,
de um som qualquer se aproxima,
lembra-me as vozes da infância,
na infância cheia de rima!
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Se a ilusão, nos bate à porta,
quem sabe... Não nos cative?
Nem sempre o amor nos conforta,
de ilusões também se vive!
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Se as tuas mãos indefesas
prendem-se às mãos de outro irmão...
Vão-se todas as tristezas,
e as amarguras, se vão!
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Sem esperança!... E, sozinha
olha a estrada tão bisonha;
e, à espera do fim da linha,
vive a esperar por quem sonha!
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Teu beijo guarda os ressábios
agridoces da maldade,
e a maldade que há nos lábios
dos lábios da humanidade!
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Teu olhar, pelo que penso,
que encanta, alegra e seduz...
É um pingo de luz suspenso
que me enche os olhos de luz!
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Teus versos tão sensuais,
e os meus assim, tão dispersos,
são versos pobres demais
diante de teus lindos versos!
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Tu, que não tens coração,
e a maldade te conduz...
Hás de implorar por perdão,
pedindo esmolas de luz!

Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Livro enviado pelo trovador.

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