“Quando menos esperamos, a vida coloca diante de nós um desafio para testar nossa coragem e nossa vontade de mudança; nesse momento, não adianta fingir que nada acontece ou dar a desculpa de que ainda não estamos prontos.” ― Paulo Coelho
O demônio e a srta. Prym é o último livro da trilogia que Paulo Coelho chamou de “E no sétimo dia…” ― antes dele vieram “Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei” e “Veronika decide morrer”. Essas três histórias acompanham uma semana na vida de pessoas comuns que de repente se veem diante de um enorme desafio. É justamente isso que os habitantes do pequeno vilarejo de Viscos vão enfrentar.
SINOPSE
Viscos é uma pequena aldeia de 281 habitantes, um lugar separado do mundo onde todos olham a vida com alegria, tranquilidade e compaixão. Todos os que moram ali sabem que estão insistindo em viver em um mundo à parte; não lhes é fácil aceitar que fazem parte da última geração de agricultores e pastores que há séculos povoavam aquelas montanhas.
O Demônio e a Srta. Prym começa com a velha Berta, a mais antiga moradora do lugarejo, repetindo sua rotina de quinze anos - sentada diante de sua porta, observando o dia passar. No entanto, aquele não seria um dia igual a tantos outros. Berta pressente isso quando vê o estrangeiro subir a ladeira íngreme que levava ao único hotel da aldeia. Usava roupas gastas, tinha cabelos compridos e barba por fazer - um homem comum, alguns diriam, mas Berta vê que ele não está sozinho. O demônio o acompanha.
Foi longa a viagem do homem até chegar a Viscos. Esquecida dos mapas, um lugar onde o tempo parece não passar, o estrangeiro pressente que Viscos é o lugar ideal para obter a resposta que procura o homem é bom ou mau em sua essência? Ali, em uma cidade de homens e mulheres honestos, cumpridores de seus deveres, pessoas que caminham de cabeça erguida e são respeitadas em toda a região. Seria possível levar essa comunidade exemplar a infringir alguns dos mandamentos essenciais da lei de Deus?
O estrangeiro usará todos os seus trunfos para provar que sim, mas para isso, precisa de aliados. Chantal Prym, uma jovem órfã que passa os dias entre sonhos e o trabalho rotineiro no bar do hotel, é a escolhida. A proposta do estrangeiro é capaz de transformar para sempre sua vida, no entanto, para isso, ela terá de romper com alguns valores em que acredita. A srta. Prym está dividida entre o anjo e o demônio que, como todo mundo, traz dentro de si. A quem caberá a palavra final, decidindo o destino da Srta. Prym e de toda a comunidade de Viscos?
A velha Berta sabe que algo precisa ser feito não há muito tempo. Se o Mal vence, nem que seja numa pequena e esquecida cidade de três ruas, uma praça e uma igreja, ele pode contagiar o vale, a região, o país, o continente, os mares, o mundo inteiro.
Numa trama instigante e envolvente, Paulo Coelho conduz o leitor por uma vertiginosa batalha entre a luz e as trevas travada na alma dos homens.
RESENHA
Em O Demônio e a Srta. Prym, Paulo Coelho nos traz uma discussão de valores, de ética daquelas que podem levar a longas e acaloradas discussões. Para a nossa jovem protagonista, Chantal Prym, ser uma das últimas jovens do vilarejo de Viscos é algo realmente desanimador, nada para fazer e nenhum futuro promissor a espera naquele lugar. Todos os seus sonhos giram em torno de sair dali e a única forma que ela vê na sua situação de órfã, trabalhando no bar do hotel da cidade, é que alguém a leve embora dali.
Quando o estrangeiro chega à cidade, ela vê mais uma chance e arruma uma maneira de se aproximar, porém o encontro não foi bem como ela esperava e o homem faz uma proposta muito tentadora à Chantal. Ela pode mudar de vida e finalmente realizar o seu sonho de sair dali, mas o custo para outras pessoas vai ser muito alto. É complicado e tentador.
Esse dilema permeia toda a história da obra onde o estrangeiro tenta provar que não existe bem em mais nenhum lugar do mundo, que todos são egoístas e em algum momento abrem mão das suas convicções. A vida de Chantal, que tem uma semana para decidir o que responder para a tal proposta, se torna uma verdadeira agonia. Sonhos, ressentimentos, pesadelos, recaídas. Muitas coisas se misturam antes que ela possa tomar a decisão e sair desse beco sem saída.
Então, a Srta. Prym, se vê apertada e, mais uma vez o tema levantado por Paulo Coelho, é real e muito digno de reflexão. As nossas questões éticas e o que consideramos certo e errado cabem muito bem para serem pensados durante e após a leitura dessa obra. Vemos, ainda mais nesse momento de pandemia, como realmente nossos pesos e medidas são bem variados. Somos flexíveis e menos empáticos quando a situação nos favorece e encontramos muitas formas de justificar o errado que fazemos quando é para o nosso “bem”.
Vemos como no mundo “lá fora” falta empatia e é muito bom aproveitar esse momento que nos é tão exigido para ficar em casa para olhar para dentro de nós mesmos e fortalecermos a bondade que existe aqui. Muitas vezes ela fica adormecida quando vemos alguma injustiça ou porque podemos achar que não vale a pena se envolver ou que outra pessoa vai fazer o que é certo e eu vou garantir o que é meu.
Está mais do que na hora de entendermos o quanto somos pequenos e quanto, mesmo assim, nossas atitudes podem fazer toda a diferença, para o bem ou para o mal, na vida das outras pessoas. Já parou para pensar que até quando você faz coisas ruins para si mesmo você está machucando e preocupando quem te ama? Mesmo em casa e mesmo distantes, somos parte de um todo e estamos todos ligados de uma forma ou de outra.
Fontes:
– Tayla Quadros, em Resenha sobre o livro O Demônio e a Srta. Prym. Disponível em Prateleira Sem Fim
– Amazon
– Tayla Quadros, em Resenha sobre o livro O Demônio e a Srta. Prym. Disponível em Prateleira Sem Fim
– Amazon
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