sexta-feira, 29 de abril de 2022

João Líbero (A Árvore e o Pàssaro)

Era uma árvore gigantesca! Devia estar ali, sei lá, há séculos, milhares de anos... Alguma coisa assim. Ela abrigava, às vezes, em seus galhos, ninhos, macacos e mesmo uma onça, mas pássaros, sempre!


Um dia sentou em um de seus galhos um pássaro, tão lindo e que ela nunca tinha visto!  Ela olhou o pássaro e falou:

- Pássaro, como você é bonito! Eu nunca vi algo parecido! Tão grande tão lindo!

- Sou um Gavião Real, o maior predador alado do mundo, e eu nunca tinha visto uma árvore assim, tão grande, tão frondosa. Eu te vi lá do alto e resolvi conhece-la!

- Ah! Pássaro, eu invejo você!

- Por quê?

- Porque você pode viajar pelo mundo, voar, ir para onde quiser, você é livre, voa... Eu não! Eu estou aqui, presa no chão, minhas raízes são profundas, não tenho pernas, não tenho asas. Fico aqui sonhando só. Não tenho histórias pra contar!

O Pássaro então retrucou:

- Não pense assim, você tem muita história pra contar. Quanta coisa passou por aqui, nos seus galhos! Perdeu folhagem, ganhou novas, flores... Muita história você tem para contar. Deve ter passado por terremoto!

- É diferente, ficar aqui parada vendo as coisas acontecerem e você não poder participar! Você não, você voa sobre mares, que eu nem sei o que é. Ouço falar, mas nem tenho noção do que possa ser. O rio eu sei o que é, pois eu o vejo lá embaixo no vale. Montanha também sei como é, tem uma grande lá, bem longe. Vejo animais, os mais diferentes passando por aqui, aves pousando nos meus galhos. Ouço conversas, das maravilhas que viram pelo mundo e eu fico aqui, não posso fazer nada!

O Pássaro então disse:

- Árvore imagine! Você está segura aqui, não tem risco nenhum para sua vida, não tem predador, não tem aquele ser humano que nos mata pelo prazer de matar.

- Engano seu, meu amigo Pássaro! Um dia desses veio um humano, chamado Lenhador, com uma máquina barulhenta e cortou uma árvore minha amiga que não tinha nem 100 anos, uma criança ainda, que não vai poder viver como eu! A mim ninguém ataca, pois sou velha, feia, toda enrugada. Não tenho utilidade para os humanos, minha madeira é bem ruim, diferente dessas árvores mais novas, cujas madeiras são tenras, são bonitas. Então eles vêm, destroem e levam embora. Já com você, se você se sentir ameaçado, você voa e você foge.

- É, nesse ponto sim, – disse o Pássaro – diferente de você, eu consigo fugir do perigo. Mas. não sei, Árvore, você tem sua parcela boa de vida. Viveu todos esses anos sem nunca ninguém te incomodar. Eu, se aparecer um inimigo e eu não tiver tempo de voar, tchau Gavião!

- Bem, – disse a Árvore – com a sabedoria do Senhor da Vida, todos nós temos prós e contras. Mas, foi ótimo te conhecer. Apareça!

- Com certeza. Até mais!

E o Gavião Real alçou voo graciosamente, deu uma volta sobre a Árvore, balançou as asas como se acenasse para Árvore, e esta, movimentou os galhos acenando de volta para o novo amigo!

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

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