segunda-feira, 4 de abril de 2022

Filemon Martins (Escadas de Trovas) I

Obs: Escada de Trovas: A trova raiz (No Topo) é geralmente de outro trovador. O tipo de escada do caso é o subindo, em que a primeira trova tem no 1. verso o 4. verso da trova raiz, na segunda trova tem no 1. verso o 3. verso da raiz, e assim por diante.

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A LUA

NO TOPO:
"É frio, a noite descansa;
O espaço é vasto e medonho.
De repente, a lua mansa
Surge nos braços de um sonho".
Humberto Del Maestro 
(Vitória - ES)

SUBINDO:
"Surge nos braços de um sonho"
numa beleza sem fim,
e a poesia que componho
fica mais perto de mim.

"De repente, a lua mansa"
aparece sorridente
dando vivas à esperança
e sorrindo à minha frente.

"O espaço é vasto e medonho"
quase sempre me dá medo,
que às vezes fico tristonho
pensando no teu segredo.

"É frio, a noite descansa"
e eu sonho com as estrelas
tão belas, ninguém alcança,
- só é permitido vê-las.
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AMORES

NO TOPO:
"Saudade, de quando em quando,
Provoca mágoas e dores,
Pois vai de amores matando
Quem vive lembrando amores".
Mário Barreto França
(Recife/PE, 1909 – 1983, Rio de Janeiro/RJ)


SUBINDO:
"Quem vive lembrando amores"
vai perdendo a emoção,
porque viver velhas dores
não faz bem ao coração.

"Pois vai de amores matando"
momentos bons, sem iguais,
que a vida vai cultivando
ao longo dos ideais.

"Provoca mágoas e dores"
quem parte e fica também,
pois todos os dissabores
são as saudades de alguém.

"Saudade, de quando em quando"
sem ser plantada, floresce,
no peito já vai brotando
como se fosse uma prece.
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DEUS

NO TOPO:
"Quando chegam dissabores,
Vejo o céu todo estrelado,
Nos campos eu vejo flores,
E a Deus eu digo; obrigado"!
Carlos Ribeiro Rocha
(Ipupiara/BA, 1923 – 2011, Salvador/BA)


SUBINDO:
"E a Deus eu digo: obrigado"
ao ver a vida na serra,
o mundo fica encantado
com as belezas da Terra.

"Nos campos eu vejo flores"
iguais no mundo não há,
perfumadas são amores
que a Natureza me dá.

"Vejo o céu todo estrelado"
a nutrir os sonhos meus,
e eu fico mais deslumbrado
ante a beleza de Deus.

"Quando chegam dissabores"
que a própria vida me traz,
esqueço das minhas dores
e escrevo versos de paz.
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HUMILDADE

NO TOPO:
"É um prazer bem diferente
Chegar e fazer o bem,
E partir humildemente
Sem dizer nada a ninguém".
Cipriano Ferreira Gomes
(São Paulo - SP)


SUBINDO:
"Sem dizer nada a ninguém"
espalha a paz e a esperança,
como o Cristo de Belém
deixando o Amor como herança.

"E partir humildemente"
sem alarde pelo mundo,
pregando a fé, como crente,
no sentido mais profundo.

"Chegar e fazer o bem"
a todos sem distinção,
é ter, na vida e no Além
muita luz no coração.

"É um prazer bem diferente"
sentir a missão cumprida,
ver o mundo sorridente
dando mais valor à vida.
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LEITO

NO TOPO:
"A lua divina e bela
Num capricho assim desfeito,
Invade a minha janela
E vem sonhar no meu leito".
Hedda Carvalho
(Nova Friburgo - RJ)


SUBINDO:
"E vem sonhar no meu leito"
nesta noite enluarada,
quero ver-te junto ao peito
esperando a madrugada.

"invade a minha janela"
fique aqui, feliz e calma,
que o perigo da procela
não resiste a paz da alma.

"Num capricho assim desfeito"
ainda há paz e beleza,
que o clima fica perfeito,
- o amor é luz e certeza.

"A lua divina e bela"
reina perene no céu,
lua que a todos, revela,
quem ama, não vive ao léu.

Fonte:
Filemon F. Martins. Sonetos & Trovas. RJ: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2014.
Livro enviado pelo poeta.

Um comentário:

Maria Jose disse...

Que trabalho maravilhoso! Haja talento, poeta Filemon!
Um abraço,
Jô Tauil