quinta-feira, 21 de abril de 2022

Luiz Damo (Trovas do Sul) XXIX

A fortuna acumulada
no decurso da existência,
não pode ser comparada
com a eterna providência.
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Aos gritos, se multiplica,
dos seus ecos, o ruído,
ressoando identifica
a fonte que o tem gerido.
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À terra a semente desce,
pra vida então renascer,
no seu verdor transparece
a promessa de crescer.
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A um perfumado jardim
possa o mundo se igualar,
misto de rosa e jasmim
num sem fim, céu singular.
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Cada gesto tem seu preço
pago no tempo aprazado,
às vezes, noutro endereço,
ou com juros e atrasado.
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Como um pássaro voando
na mais plena liberdade,
nos campos sigo espalhando
mensagens à humanidade.
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Em toda a oportunidade
o ladrão se manifesta,
tão ruim pra sociedade,
a humanidade o detesta.
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Entre o corredor da morte
e o leito da extrema dor,
o homem deixa de ser forte
pra ser frágil sofredor.
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Luz crepuscular se pondo
fim de tarde, volta ao lar,
o poeta, em paz compondo,
a ode, ao sol crepuscular.
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Muito obrigado. Senhor!
Pelo que tem concedido,
a esse humilde trovador
mesmo sem ter merecido.
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Muito tenho me esforçado,
em meu sonho transformar,
mesmo sem tê-lo alcançado,
não deixo de me esforçar.
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Na Bíblia, o Livro Sagrado,
vem o Pai falar aos seus,
desde o santo ao desgarrado,
todos são filhos de Deus...
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Na mesa, o pão fragmentado,
junto ao vinho, em refeição,
passa a ser um dom sagrado,
força à vida, além de pão.
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Nos vastos campos mundanos
deixamos nossos sinais,
de inteligentes e humanos,
ou de simples animais.
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Nunca seja um motorista
que vagueia em ziguezague,
mas um condutor na pista,
que a segurança propague.
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Nunca tema em levantar
quando a dor leva a cair,
tem mais Deus para somar
que o maligno a subtrair.
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O sol empresta o suporte
para à noite a lua entrar,
também cede o passaporte
para o seu norte encontrar.
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Outrora, à ponta da mesa,
num debate, o pai falava,
no acato e delicadeza,
toda a família o escutava.
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Quando uma meta buscares,
ou seguires, dela um plano,
à luz a verás nos ares,
se olhares de forma lhano.
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Quão suave como a bruma
da relva, à noite se ascende,
tal lene lençol de espuma
que sobre a terra se estende.
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Quem viver cada momento
como sendo o derradeiro,
vê no outro o prolongamento,
numa extensão do primeiro.
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Sempre que leres um texto
lê tudo para entenderes,
não fujas do seu contexto
nem do tema enquanto leres.
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Sobre a areia movediça
frágil pedra se alicerça,
se pontiaguda ou roliça,
sob os éolos se dispersa.
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Terra que não produz fruto
seja com amor tratada,
pra não se tornar reduto
de uma planta rejeitada.
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Toda a luminosidade
que da aurora se irradia,
pode ser a claridade
do fulgor de um novo dia.
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Toda vez que o ocaso aponta
vem a noite em disparada,
ela apenas fica pronta
depois do fim da jornada.
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Todo o fim de uma amizade,
arde igual chama na mente,
transforma em brasa a saudade
e a alma numa cinza ardente.
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Tudo o que à vida alcançamos
com trabalho e com suor,
talvez não reconheçamos,
sempre tem algo melhor.
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Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro enviado pelo autor.

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