sábado, 30 de abril de 2022

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XLII

CONTRASTE


MOTE:
O cansaço é para mim
contraste nesta jornada.
- Meu corpo chegando ao fim,
minha alma em plena alvorada.

Alfredo de Castro
Pouso Alegre/MG, 1922 – 2011

GLOSA:
O cansaço é para mim

uma coisa inaceitável,
é triste senti-lo, enfim,
é uma dor insuportável!

Mas um contraste medonho,
contraste nesta jornada.
querendo acabar meu sonho,
sinto em minha caminhada.

A chorar, eu chego, sim,
pois não consigo aceitar:
- Meu corpo chegando ao fim,
e o peito querendo amar.

Eu não consigo entender:
Minha vida, terminada,
o corpo quase a morrer,
minha alma em plena alvorada.
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NOSSOS CORAÇÕES

MOTE:
Tão forte nos abraçamos
confundidos no entrelaço,
que eu acho até que trocamos
os corações nesse abraço!

Almerinda Liporage
Rio de Janeiro/RJ

GLOSA:
Tão forte nos abraçamos

com muito amor e alegria
e, com gosto, nos beijamos
com suspiros de euforia!

Ficamos, assim, juntinhos
confundidos no entrelaço.
Nossos sonhos e carinhos
ocuparam nosso espaço!

Com volúpia nos amamos
num amor de realidades,
que eu acho até que trocamos
as nossas identidades!

Porque sabemos amar
seguimos, num só compasso,
chegando mesmo a trocar
os corações nesse abraço!

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SE ÀS VEZES...

MOTE:
Se, às vezes, tenho vontade
de chorar...e tenho feito,
é porque minha saudade
não cabe mais no meu peito!

Aloísio Alves da Costa
Umari/CE, 1935 – 2010, Fortaleza/CE

GLOSA:

Se, às vezes, tenho vontade

de vagar pela amplidão,
buscando a felicidade,
eu sinto forte emoção!

Tenho vontade, também,
de chorar...e tenho feito.
Calar-me – não vai ninguém,
pois esse é o meu direito!

E se esta minha verdade
põe-se em ponto de explosão,
é porque minha saudade
nasce lá no coração!

Aperto, daqui e dali,
não dá mais, não tem mais jeito,
pois a dor que sinto aqui
não cabe mais no meu peito!
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VARAL DOS ANJOS...

MOTE:
O arco-íris tão bonito
e de tão finos arranjos,
é só o varal do infinito
secando a roupa dos anjos.
Amália Max
Ponta Grossa/PR, 1929 – 2014

GLOSA:

O arco-íris tão bonito
enfeitando o céu de cores,
é o meu quadro favorito
com colorido de flores!

De uma beleza sem fim
e de tão finos arranjos,
traz, com ele, até a mim,
murmúrios de anjos e arcanjos!

Encantada, então, o fito
e sinto muita emoção,
é só o varal do infinito
com roupas do coração!

Escuto a voz da ternura
e os sons doces de mil banjos,
que lembram aragem pura,
secando a roupa dos anjos.
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SER...

MOTE:
Ser poeta e trovador
é um dom que deus nos deu
prova sublime de amor

do pai para um filho seu.
Antônio Manoel Abreu Sardenberg
São Fidélis/RJ

GLOSA:

Ser poeta e trovador
é ser dono do universo,
é saber trovar a dor
com a beleza do verso!

E toda essa inspiração
é um dom que deus nos deu.
De emoção, em emoção,
alcançamos o apogeu!

Escrevendo com fervor,
obtemos com alegria,
prova sublime de amor,
sempre em forma de poesia!

Ser poeta é ser ternura.
Eu sinto em meu próprio eu,
que essa é uma dádiva pura
do pai para um filho seu.

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXIV. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Março 2005.

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