Ele era jornalista e trabalhava das 17h às 23h. Mas por causa de uma loira de se tirar o chapéu e o resto da roupa, dizia à esposa que trabalhava até as quatro da manhã e explicava que, após o expediente da redação, se ocupava da revisão de diversas matérias na oficina do "Diário". No começo, levou algumas broncas da esposa, que, após anos de rotina, acabou por não falar mais nada.
Certa noite, aconteceu o inesperado. A loira viajou para o interior, pois sua mãe precisava ser operada.
E ele, que por mais de três anos, tinha a casa da loira como passagem diária, resolveu sem saber o que fazer, ir direto para casa, pensando numa boa desculpa. Uma possível enxaqueca resolveria a questão.
À chegada, notou que sua mulher cantarolava ao chuveiro. Encaminhou-se ao quarto, arrancando a roupa no percurso, certo de fazer uma surpresa à cara metade.
Em sua cama estava o colega de trabalho, o Ricardão, revisor do jornal, que, de olhos fechados e braços abertos, dizia:
- Vem, querida, estou à espera... para mais uma revisão de material...
(Linguagem Viva - março 1992)
Fonte> Cláudio de Cápua. Retalhos de Imprensa. São Paulo: EditorAção, 2020. Enviado pelo escritor.
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