- Cure-me da minha cegueira e eu pago-lhe bem. Mas se não me curar, não pagarei nada. Concorda?
O médico aceitou. Todas as semanas vinha à casa dela e aplicava-lhe nos olhos um falso remédio sem qualquer valor. Mas, a cada visita, levava consigo alguma coisa da casa da velha. Acabou por levar tudo o que ela possuía.
Algum tempo depois, finalmente, o médico começou a tratá-la a sério e deu-lhe um remédio que a curou.
Quando a velha voltou a ser capaz de ver, viu que a casa estava vazia e que não poderia pagar ao médico. Este, para cobrar a dívida, levou-a a tribunal.
Diante do juiz, a velha declarou:
- Este homem fala a verdade. Concordei que lhe pagaria se recuperasse a visão. E ele concordou que eu não precisaria de lhe pagar se permanecesse cega. Agora ele diz que eu estou curada. Mas eu digo que continuo cega, porque quando perdi a visão a minha casa estava cheia de objetos que agora não consigo ver!
O juiz deu-lhe razão e a velha ganhou a causa.
Moral da História: Quem está pronto a ganhar o que não merece, também deve estar pronto a perder.
Fonte> O Livro de Esopo - Fabulario Português Medieval. Lisboa: Imprensa Nacional, 1906. Publicado conforme a um manuscrito do seculo XV. Disponível em Domínio Público em https://pt.wikisource.org/wiki/O_Livro_de_Esopo
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