quarta-feira, 27 de março de 2024

Recordando Velhas Canções (Marcha de quarta-feira de cinzas)


(marcha-rancho, 1963) 

Carlos Lyra e Vinícius de Moraes

Acabou nosso carnaval 
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações 
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando   
cantigas de amor

    E no entanto é preciso cantar
    Mais que nunca é preciso cantar
      É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida,    
feliz  a cantar

    Porque são tantas coisas azuis
    E há tão grandes promessas de luz
      Tanto amor  para amar
De que agente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto  de paz
        Seu canto de paz
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A Melancolia Pós-Carnaval em 'Marcha de Quarta-Feira de Cinzas'

A canção 'Marcha de Quarta-Feira de Cinzas', reflete sobre o sentimento de melancolia que sucede a euforia do Carnaval. A letra descreve o silêncio e a tristeza que tomam conta das ruas após o término das festividades, um contraste marcante com a alegria e a vivacidade características desse período.

A música evoca a imagem de pessoas que, após se entregarem à celebração coletiva, agora caminham sem se notar, sem o calor humano que antes era tão presente. A referência às 'cinzas' não é apenas literal, remetendo à Quarta-Feira de Cinzas, mas também simbólica, representando o que resta após a chama da festa se extinguir. No entanto, Vinicius de Moraes insere um elemento de esperança, um chamado para que a alegria seja retomada e a cidade se reanime, apesar da tristeza momentânea.

A canção termina com uma visão otimista, lembrando que existem 'tantas coisas azuis' e 'grandes promessas de luz', metáforas para as possibilidades e o amor que ainda estão por vir. O desejo do poeta de reviver a beleza dos carnavais passados e de ver a paz cantada pelo povo reflete uma esperança resiliente, um anseio por dias felizes que, apesar de tudo, permanecem no horizonte.

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