UM CORAÇÃO EM TERNURA
Eu trago dentro do peito,
na Ventura ou Desventura,
sem nunca mudar de jeito:
— Um coração em ternura...
Um coração emotivo,
pueril, para muita gente;
mesmo assim, com ele vivo,
feliz, tranquilo e contente.
É um jardim com muitas flores,
de tanta ternura cheio,
que além de ter suas dores,
também sofre o mal alheio…
Vai assim, meu coração,
sentindo dores e provas,
que por um milagre então,
vão se transformando em trovas.
Bendigo pois, satisfeito,
este dom, esta ventura,
de trazer sempre no peito:
— Um coração em ternura…
* * *
CANTIGAS COM PROVÉRBIOS
"Recua quem não avança…"
Eu fui avançar, recuei...
Tu me tiraste a esperança
quando um beijo te roubei...
"O cardo que há de picar,
logo nasce com espinhos..."
— Teu amor me fez penar,
e nasceu com mil carinhos...
"Pode se atrever a tudo,
quem tudo sabe sofrer…"
— Não sei sofrer e contudo
me atrevi a te querer…
"Não dá erva o chão pisado..."
Mas no amor não é assim...
Quanto mais sou desprezado,
tu mais versos tens de mim...
"Quem espera sempre alcança.
O que se alcança não sei...
Pois eu de tanto esperar,
só desespero alcancei...
Teu amor é leve, leve...
Longe estás!... — Vais me olvidar
"Barco pequeno não deve
navegar em alto mar..."
* * *
"Recua quem não avança…"
Eu fui avançar, recuei...
Tu me tiraste a esperança
quando um beijo te roubei...
"O cardo que há de picar,
logo nasce com espinhos..."
— Teu amor me fez penar,
e nasceu com mil carinhos...
"Pode se atrever a tudo,
quem tudo sabe sofrer…"
— Não sei sofrer e contudo
me atrevi a te querer…
"Não dá erva o chão pisado..."
Mas no amor não é assim...
Quanto mais sou desprezado,
tu mais versos tens de mim...
"Quem espera sempre alcança.
O que se alcança não sei...
Pois eu de tanto esperar,
só desespero alcancei...
Teu amor é leve, leve...
Longe estás!... — Vais me olvidar
"Barco pequeno não deve
navegar em alto mar..."
* * *
A UM POVO
(Povos felizes e cheios de paz, são arrastados no turbilhão da Guerra. O poeta, neste
verso, tenta traduzir, o que vai n'alma de um homem livre e poeta, ao ver a Guerra se aproximar de suas fronteiras.)
Também terás a tua fase incalma,
cheia de dor e de melancolia…
Para ganhares da vitória a palma,
terás que te bater com energia!
E perderás, esta invejada calma,
que sempre tu tiveste noite e dia...
Por isso deves preparar tu'alma
pois grande Temporal já se anuncia...
E sofrerás por veres tua terra,
cheia de Paz e tão feliz outrora,
lançada assim no turbilhão da Guerra!
Verás Escravidão em cada canto!
— E é por ser livre que já sofro agora…
E é por ser poeta que prevejo tanto!…
* * *
SUPONHAMOS
Suponhamos...
(Vamos apenas supor…)
— que sós assim como nós dois estamos,
estivesse também com meu amor…
Vamos imaginar ainda,
que ela fosse assim como você:
encantadora e linda… muito linda…
Com muito receio...
Trêmulo de emoção...
Havia de encontrar um meio
para fazer a "minha declaração”…
Suponhamos que estivesse também
a noite fria… muito fria…
Eu pediria a ela então,
para aquecer na sua mão esguia,
a emotiva algidez de minha mão…
E assim tão perto dela eu ficaria,
que oscilar do meu coração,
ela na certa notaria
quando eu pedisse a "sua mão".
…………………………………………
Suponhamos agora
que eu deixasse de supor...
……………………………………….
Mas como você está tão nervosa e corada!
Olhe bem para mim
e não se zangue, por favor!…
…………………………………
— O que?! Não ficou mesmo zangada!?
Você é sublime, meu amor... '
* * *
ROSAS...
Tão encantadoras rosas,
nunca mais observei,
como aquelas tão mimosas,
que nasceram no teu rosto
quando um beijo te roubei.
* * *
SANTA
Pálida e triste, suavemente bela,
de uma beleza fria, espiritual,
tal como num Crepúsculo, aquela
imagem de Maria num vitral...
… Pálida e triste, o seu olhar revela
candidez e pureza sem igual!
E um olhar ao fitar o rosto dela,
parece ver as santas de um Missal…
Por que trazes assim tristeza tanta,
num fundo misticismo que é de santa,
sem pressentir meu grande amor sequer?!
Tu não vês que a mính'alma te deseja?
— Se és santa, pois que fiques numa igreja.
Se não fores, que sejas mais mulher!...
Fonte:
Luiz Otávio. Um coração em ternura. 1a. ed. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1947.
Nenhum comentário:
Postar um comentário