Hoje libertei o bem-te-vi que criei. Entramos na mata, casa dele, ele na minha mão fechada. Eu ia conversando e explicando.
E então eu abri a mão, mas ele não voou. Eu era a mulher com a mão aberta dando a liberdade ao passarinho. Mas ele não voava, Eu, cheia de tristeza, alegria, coragem e júbilo, arremessei ele para o alto, e ele voou para um galho lá em cima. Foi para bem alto.
Ficou olhando, olhando, me olhando lá de cima. Passou uma borboleta, ele virou a cabeça, acompanhou.
Eu pensei; "Que bom, ela agora é o seu alimento, e você está por você, agora não vem mais da minha mão". E ele vai conseguir. Já estava feito, peito estufado, inquieto, treinado, ansioso. Eu não quis que ele esperasse mais, ele já estava pronto. Ficar com ele seria egoísmo meu.
Eu me despedi e saí da mata, não olhei para trás. Como me apeguei a esse passarinho, ele no escritório cantando... Agora, este silêncio. Separar-se de quem se ama: a força que a vida pede de nós. Eu alimentei de três em três horas durante três semanas, só parando para dormir. E vi ele crescer. De criança passou a adolescente, o voo certeiro. O passarinho que voava pela minha cabeça enquanto eu digitava.
Há horas ele estava aqui, agora não está mais e nunca mais estará. E só importa que ele fique bem. E não importa que não nos vejamos. A nossa história é para sempre e foi linda.
Tive um bem-te-vi na minha vida por vinte e um dias. Ouvíamos Strauss e ele cantava. E ele teve a uma humana que o amou. Agora, ele está lá, na mata, sendo passarinho. Ele tem instintos. Lá na mata tem outros bem-te-vis, ele vai ficar bem, Ele solto no céu e na mata. Na minha cabeça, estou com os olhos, o bico aberto para mim, o amarelo do peito dele, o cheiro das penas, o ruflar das asas em cima de mim, o canto, o canto que era de um bem-te-vi.
Eu fui de um bem-te-vi. E cuidei. E hoje eu lancei ele para a vida da mata. Sei que esta noite eu estarei na cama e estarei com ele pousado no galho de uma árvore da mata escura. E, hoje, apesar de estar quente, vai ser uma noite fresca para mim, Eu e esse passarinho bem-te-vi.
E então eu abri a mão, mas ele não voou. Eu era a mulher com a mão aberta dando a liberdade ao passarinho. Mas ele não voava, Eu, cheia de tristeza, alegria, coragem e júbilo, arremessei ele para o alto, e ele voou para um galho lá em cima. Foi para bem alto.
Ficou olhando, olhando, me olhando lá de cima. Passou uma borboleta, ele virou a cabeça, acompanhou.
Eu pensei; "Que bom, ela agora é o seu alimento, e você está por você, agora não vem mais da minha mão". E ele vai conseguir. Já estava feito, peito estufado, inquieto, treinado, ansioso. Eu não quis que ele esperasse mais, ele já estava pronto. Ficar com ele seria egoísmo meu.
Eu me despedi e saí da mata, não olhei para trás. Como me apeguei a esse passarinho, ele no escritório cantando... Agora, este silêncio. Separar-se de quem se ama: a força que a vida pede de nós. Eu alimentei de três em três horas durante três semanas, só parando para dormir. E vi ele crescer. De criança passou a adolescente, o voo certeiro. O passarinho que voava pela minha cabeça enquanto eu digitava.
Há horas ele estava aqui, agora não está mais e nunca mais estará. E só importa que ele fique bem. E não importa que não nos vejamos. A nossa história é para sempre e foi linda.
Tive um bem-te-vi na minha vida por vinte e um dias. Ouvíamos Strauss e ele cantava. E ele teve a uma humana que o amou. Agora, ele está lá, na mata, sendo passarinho. Ele tem instintos. Lá na mata tem outros bem-te-vis, ele vai ficar bem, Ele solto no céu e na mata. Na minha cabeça, estou com os olhos, o bico aberto para mim, o amarelo do peito dele, o cheiro das penas, o ruflar das asas em cima de mim, o canto, o canto que era de um bem-te-vi.
Eu fui de um bem-te-vi. E cuidei. E hoje eu lancei ele para a vida da mata. Sei que esta noite eu estarei na cama e estarei com ele pousado no galho de uma árvore da mata escura. E, hoje, apesar de estar quente, vai ser uma noite fresca para mim, Eu e esse passarinho bem-te-vi.
Fonte:
Evely Libanori. Nós, animais. SP/RJ: Livro Expressão, 2013.
Livro enviado pela autora.
Evely Libanori. Nós, animais. SP/RJ: Livro Expressão, 2013.
Livro enviado pela autora.
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