terça-feira, 26 de outubro de 2021

Ialmar Pio Schneider (Versos Diversos) – 6 –

AO LEITOR

Quando escrevo me assalta um pensamento
indeciso de não saber a quem
possa atingir meu louco sentimento
e duvidar assim não me faz bem...

Espero apenas que o meu sofrimento
não vá prejudicar... ferir ninguém...
Ponho aqui realidade e fingimento
para a escolha daqueles que me leem.

Segue junto comigo se te apraz
conhecer solidão e fantasia,
às vezes desespero, às vezes paz:

meus Sonetos e Cânticos Dispersos
dizendo que no mundo da poesia
cada qual é o poeta dos seus versos…
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AQUELA NOITE, AQUELE SONHO...

Aquela noite que eu sonhei contigo
não foi tão triste como as outras mais.
Aquele sonho belo eu não maldigo,
naquelas horas eu te amei demais.

Sonhei imensamente e não consigo
esquecer teus abraços irreais.
O destino era então o meu amigo
e tu, meus devaneios ideais...

Hoje, volto pra o quarto novamente,
sem vontade de me atirar ao leito
que me espera num único convite.

Por fim, meu corpo pálido consente
e na esperança de sonhar-te deito,
ouvindo os pios que a coruja emite!…
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“CIGARRAS CANTAM NA MANHÃ SERENA”

Cigarras cantam na manhã serena
que se aproxima já do meio-dia,
e escutando a estridente cantilena
fico a pensar... do mundo o que seria ?

se não houvesse o encanto da poesia
pra libertar o espírito que pena
mergulhado em tristeza e nostalgia
afeito assim à condição terrena.

E me pergunto nestas horas calmas
o que pudera confortar as almas
quando envoltas em ânsias e conflito,

se não fossem os sons da natureza,
as flores coloridas e a beleza
do céu azul, das nuvens, do infinito?!…
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NOITES DE LUAR

Estou de novo só... mas conformado
porque posso enfrentar a solidão,
sem esquecer também que no passado
derramei minhas lágrimas em vão.

É preciso entoar uma canção
que venha merecer o teu agrado,
isenta de qualquer desilusão
como se nunca houvesse soluçado.

Eu olho os céus e como antigamente
as noites têm estrelas e luar
que me permitem outra vez sonhar;

e não me sinto triste nem contente,
porquanto a vida agora é diferente:
tenho a poesia para não chorar…
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SONETO A MÁRIO QUINTANA

Leio Mário Quintana e A Rua dos Cata-ventos
me leva à infância de menino sonhador,
quando inda não pensava em mágoas e tormentos
que havia de sofrer ao procurar o amor...

Vejo os dias sem sol, frios e nevoentos,
tal a Londres longínqua envolvida em palor,
... (tudo esquecer talvez !)... os bons e maus momentos,
as horas de alegria e também as de dor.

A ruazinha é tão calma e sossegada; agora
minha imaginação ouve canções de outrora ,
e os lindos pregões da madrugada , me acordam...

Olho ao alto girar um cata-vento triste,
parece ser assim o último que persiste
de todos que, os de minha infância, hoje recordam !

Fonte:
www.sonetos.com. Acesso em 15.01.2016. (site fora do ar)

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