terça-feira, 12 de outubro de 2021

Therezinha Dieguez Brisolla (Livro de Trovas) 2


À droga, ao fumo, à bebida,
- é o bom senso quem avisa -
se der a um deles guarida,
torna-se vício... e escraviza!
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Ao conter minha ousadia
deu-me o destino, severo,
em vez do amor que eu queria,
a saudade... que eu não quero.
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Ao disfarçar a paixão,
quando na rua se olharam
bem à luz do lampião,
suas sombras... se abraçaram!
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Atua língua refreia,
porque a calúnia é um defeito
de quem pela vida alheia
não tem o menor respeito!
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Deus cria a lua e as estrelas
e uma pergunta o inquieta:
- Quem poderá descrevê-las?
Então, Deus... cria o poeta!
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Falo à minha confidente!...
Lá no céu, onde se esconde,
minha estrela, displicente,
pisca... pisca... e não responde!
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Foi o segredo a guarida
que o nosso amor protegeu...
e a inconfidência da vida
nos fez Marília e Dirceu!
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Há certos dias tristonhos
em que um livro me faz bem...
e enquanto não tenho sonhos,
vivo dos sonhos de alguém.
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Meu tempo é o da serenata...
do flerte... da matinê...
da valsa... terno e gravata...
do primeiro amor... você!
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Não acho coisas no chão
porque não consigo vê-las.
Sou poeta, eis a razão:
- Ando à procura de estrelas!
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O seu olhar tem tal brilho
que chega à sublimidade...
Toda mãe, que espera um filho,
tem um "quê" de majestade!
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Passam sorrindo ao meu lado
avó e neto... amor puro!
Nela, revivo o passado...
Nele, adivinho o futuro.
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Perguntei ao coração
se este amor o faz culpado.
Respondeu - e tem razão -
"Não amar é que é pecado".
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Por mais que o mundo me agrida,
minha fé não arrefece...
Mesmo no inverno da vida,
Deus manda o sol que me aquece!
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O homem, a cada investida,
em sua ambição funesta,
nos rouba o direito à vida
ao destruir a floresta.
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Quando desfazes a trança,
jogando longe teus grampos,
tu me recordas a dança
do trigo dourando os campos!
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Que eu não me esqueça, jamais,
que a moral é a diretriz
e ter ética é bem mais
do que a gente pensa e diz!
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Que eu tenha, no dia a dia,
cautela na trajetória...
Meus passos, na travessia
gravam, no chão, minha história.
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Que não haja cerca ou muro...
que entre as flores, no quintal,
a criança, no futuro,
celebre a paz mundial!
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Se a vida me desafia
e eu luto e venço a batalha,
o destino, à revelia,
põe noutro peito... a medalha.
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Sorrindo, tento esconder
toda a mágoa que me inspiras.
Finges me amar... finjo crer...
Nós somos duas mentiras!
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Sua mensagem chegou...
Rasguei a carta e, serena,
lembrei que o tempo passou
e agora é tarde... Que pena!
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Sufoca a dor em meu peito,
meu coração sonhador...
e ajeita o ninho desfeito,
à espera de um novo amor!
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Tantas juras de mãos dadas!...
Mas, a vida em seus desvãos,
ao namoro armou ciladas
e separou nossas mãos!
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Tanto amor na despedida!!!
Voltas... e eu não sinto nada...
Pior que o adeus, na partida,
foi nosso adeus, na chegada!
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Uma foto... uma missiva...
que eu guardei da mocidade.
Uma flor, a sempre-viva
e a sempre viva... saudade!

Fonte:
Therezinha Dieguez Brisolla. À procura de estrelas.
Porto Alegre/RS: Odisséia, 2014.
Livro enviado pela trovadora.

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