Publicado pela primeira vez em 1898, essa obra-prima de ficção especulativa de H.G. Wells aterrorizou e divertiu gerações de leitores, gerou inúmeras imitações e serviu de inspiração a mestres como Orson Welles e Steven Spielberg.
Por tempos, os homens foram estudados à distância pelos marcianos, que nos observavam como quem analisa micróbios por um microscópio. No final do século XIX, entretanto, eles partem para a Terra e aterrissam nos arredores de Londres. À primeira vista, os marcianos parecem risíveis: mal conseguem se mover, e não saem da cratera criada pela aterrissagem de sua espaçonave.
Mas, conforme seus corpos começam a se acostumar com a gravidade terrestre, revelam também seu verdadeiro poder. Os marcianos são máquinas biomecânicas assassinas com mais de 30 metros de altura, que destroem tudo a sua volta. Aniquilando toda tentativa de retaliação do exército britânico, eles rapidamente eles chegam à capital britânica, que é evacuada às pressas por uma população desesperançada.
O enredo é uma analogia à Inglaterra e à Europa do século XIX - potências imperialistas que submetiam, colonizavam e sugavam recursos de culturas menos avançadas tecnologicamente. Com A Guerra dos Mundos, Wells procurava mostrar o que seria da Inglaterra se ela enfrentasse o mesmo tipo de extermínio social, econômico e cultural que impunha a outros povos.
O livro é narrado em primeira pessoa e tem pouquíssimos diálogos. A história é contada quase integralmente através de narrativa. Mas além dos conflitos entre homens X marcianos o autor toma a liberdade de questionar a soberania do homem sobre tudo que os rodeia. De início, os cidadãos de Londres não se assustam com a chegada dos primeiros aliens; tem em mente que "aconteça o que acontecer nos sempre venceremos", porém se esquecem que não somos Deus, somos parte de um todo e nem sempre estamos no topo... Nessa "pirâmide social" até mesmo o mais simples ser vivo tem o seu poder...
Um ponto característico da narração é o foco nas regiões de Londres: muitas descrições de localidades são tão específicas que provavelmenete somente alguém que conheça entenderá.
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O DORMINHOCO
Publicado em 1910, conta a história de Graham, um homem na casa dos 30 anos, herdeiro de uma grande fortuna, mas que vive uma vida desmotivada e sofre de uma insônia crônica. Quando finalmente cai no sono, dorme durante 203 anos e acorda numa sociedade totalmente diferente da que conhecia. Para sua estupefação, o patrimônio que possuía o tornou uma espécie de dono do mundo e alvo de uma idolatria mística, graças a investimentos e aquisições feitos durante seu sono. Aqui a veia satírica de Wells aparece com vigor, ao descrever um mundo em que uma elite desfruta de ambientes sofisticados em metrópoles hipertrofiadas, com intensas luzes brancas, elevadores, domos, caminhos móveis e estruturas de vidro, enquanto operários vivem em estado de semiescravidão em subterrâneos escuros, recebendo comida em troca de trabalho. Como é comum nas obras de Wells, o entrecho foi uma inspiração para Woody Allen no filme O Dorminhoco (1973).
A narrativa é bem construída, excelente. Há capítulos mais descritivos, e um capítulo especialmente longo, preparando um final, na época, futurista, que tornou-se uma realidade obscura anos depois. Há, também, críticas socioeconômicas bem contundentes, ao capitalismo, à exploração do trabalho (alguns trechos lembram bem o sistema taylorista) e às condições de trabalho desumanas na indústria do século XIX, e um alinhamento com a luta das mulheres por igualdade de direitos.
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UMA UTOPIA MODERNA
Enquanto caminhavam pelos alpes suíços, dois viajantes ingleses caem em uma dobra espacial e de repente se encontram em outro mundo. Em muitos aspectos igual ao nosso, mas ainda assim radicalmente diferente, os dois caminhantes estão agora sobre uma terra utópica controlada por um único governo mundial. Logo eles aprendem que todos compartilham uma linguagem comum, há igualdade econômica, racial e de gênero, e a sociedade é governada por ideais socialistas reforçados por uma elite austera e voluntária: o Samurai. Mas o que os utópicos farão com esses novos visitantes de um mundo menos perfeito?
Fonte:
Skoob – Resenhas
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