FINAL ABERTO
Sou um texto vivo repleto de hiatos, vírgulas e
reticências.
Procuro interpretar-me e sem respostas me vejo
refém do silêncio.
Questiono-me e aceito o desafio e um final aberto.
Fecho-me sem epílogo, sem garantia do amanhã.
Com o olhar de uma deusa pagã a vida tremula seus
guizos.
E, para não morrer de angústia, POETIZO!
= = = = = = = = = = = = =
FONTE DE INSPIRAÇÃO
O dia amanhecia flamejante.
Dentro de mim também flamejava, amanhecIa.
No carro de boi, Sô Quincas Carreiro carreava
nossas tralhas e alegrias.
íamos para vila assistir aos rituais da Semana Santa.
Meu pai, minha mãe e eu,
todos no carro que seguia rangente estrada afora.
Cantávamos hinos de louvor.
O carro também cantava um monólogo triste
que invadia os grotões do sertão das Minas Gerais.
Dentro dele eu, meio santa, meio profana,
sonhava encontrar meu seguidor entre os seguidores de Cristo.
Quanto sonho, quanta esperança no coração daquela
criança verde!
O tempo passou e cumpriu sua meta, à revelia.
O asfalto engoliu a terra, a estrada ficou cinzenta
e meus sonhos mudaram de cor.
Só o carro de boi varou meus sentimentos,
atravessou fronteiras
e até hoje me fala de POESIA!
= = = = = = = = = = = = =
QUANDO O DIA SE FOR
Quando eu morrer, não me busquem nas campas frias
onde crescem as flores fúnebres.
Quando eu morrer, minha alma povoará os jardins
em que existem persistentes sempre-vivas,
e enormes girassóis acompanhando o sol.
E quando o dia se for e as flores se quedarem exaustas,
procurem-me nas estrelas
porque eu estarei entre elas para iluminar os poetas!
= = = = = = = = = = = = =
SEM LIRISMO
Não me importam as rimas.
Importam-me os versos que sem volteios
falam da realidade que fere o coração dos sensíveis.
Hoje quero ser poeta de palavras duras, sem nexo e
sem lirismo.
Quero o desvario dos desvairados que soltam da
garganta
o grito de uma angústia rouca.
Quero a inteligência dos loucos, a liberdade da
censura
para falar dessa loucura que me fez poeta.
= = = = = = = = = = = = =
SEMEADURA
Não sou nada, nada tenho de nobreza,
mas guardo dentro do meu nada a riqueza das
palavras.
As palavras se transformam e me transformam.
Gosto de descrever o murmúrio das águas,
a conversação da brisa e o canto dos pássaros.
Queria que meus versos varassem lonjuras,
rompessem o silêncio e dominassem o mundo
envolto nas dobras de solidão.
Sou um texto vivo repleto de hiatos, vírgulas e
reticências.
Procuro interpretar-me e sem respostas me vejo
refém do silêncio.
Questiono-me e aceito o desafio e um final aberto.
Fecho-me sem epílogo, sem garantia do amanhã.
Com o olhar de uma deusa pagã a vida tremula seus
guizos.
E, para não morrer de angústia, POETIZO!
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FONTE DE INSPIRAÇÃO
O dia amanhecia flamejante.
Dentro de mim também flamejava, amanhecIa.
No carro de boi, Sô Quincas Carreiro carreava
nossas tralhas e alegrias.
íamos para vila assistir aos rituais da Semana Santa.
Meu pai, minha mãe e eu,
todos no carro que seguia rangente estrada afora.
Cantávamos hinos de louvor.
O carro também cantava um monólogo triste
que invadia os grotões do sertão das Minas Gerais.
Dentro dele eu, meio santa, meio profana,
sonhava encontrar meu seguidor entre os seguidores de Cristo.
Quanto sonho, quanta esperança no coração daquela
criança verde!
O tempo passou e cumpriu sua meta, à revelia.
O asfalto engoliu a terra, a estrada ficou cinzenta
e meus sonhos mudaram de cor.
Só o carro de boi varou meus sentimentos,
atravessou fronteiras
e até hoje me fala de POESIA!
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QUANDO O DIA SE FOR
Quando eu morrer, não me busquem nas campas frias
onde crescem as flores fúnebres.
Quando eu morrer, minha alma povoará os jardins
em que existem persistentes sempre-vivas,
e enormes girassóis acompanhando o sol.
E quando o dia se for e as flores se quedarem exaustas,
procurem-me nas estrelas
porque eu estarei entre elas para iluminar os poetas!
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SEM LIRISMO
Não me importam as rimas.
Importam-me os versos que sem volteios
falam da realidade que fere o coração dos sensíveis.
Hoje quero ser poeta de palavras duras, sem nexo e
sem lirismo.
Quero o desvario dos desvairados que soltam da
garganta
o grito de uma angústia rouca.
Quero a inteligência dos loucos, a liberdade da
censura
para falar dessa loucura que me fez poeta.
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SEMEADURA
Não sou nada, nada tenho de nobreza,
mas guardo dentro do meu nada a riqueza das
palavras.
As palavras se transformam e me transformam.
Gosto de descrever o murmúrio das águas,
a conversação da brisa e o canto dos pássaros.
Queria que meus versos varassem lonjuras,
rompessem o silêncio e dominassem o mundo
envolto nas dobras de solidão.
Fonte:
Rita Mourão. Maria, Marias. Ribeirão Preto/SP: Ed. da Autora, 2021.
Livro enviado pela poetisa.
Rita Mourão. Maria, Marias. Ribeirão Preto/SP: Ed. da Autora, 2021.
Livro enviado pela poetisa.
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