domingo, 10 de abril de 2022

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XLI

OUTRA VEZ?


MOTE:
No amor, minha aprendizagem
com tantos erros se fez,
que não tenho mais coragem
de aprender tudo outra vez...
Sebas Sundfeld
(Pirassununga/SP, 1924 – 2015, Tambaú/SP)


GLOSA:

No amor, minha aprendizagem
foi difícil, fez chorar,
parecendo uma viagem
sem hora para voltar.

Essa aprendizagem louca,
com tantos erros se fez,
que os lábios da minha boca
sentiam a embriaguez!

Me lanço numa sondagem
e percebo torturado,
que não tenho mais coragem
não sou mais o do passado!

Pra dentro de mim, olhando,
eu vejo com nitidez:
não tenho força sobrando
de aprender tudo outra vez…
= = = = = = = = = = =

SE...

 
MOTE:
Se tens um sonho desfeito,
se a vida perdeu o encanto,
solta a angústia do teu peito,
desamarra o nó do pranto!
Selma Patti Spinelli
(São Paulo/SP)


GLOSA:

Se tens um sonho desfeito,
tenta sonhar outra vez,
sonhar nos traz, com seu jeito,
uma doce embriaguez!

Não sejas pra sempre triste
se a vida perdeu o encanto,
em nosso existir existe,
cada dia, outro acalanto!

Não fiques insatisfeito,
deixa o teu pranto rolar,
solta a angústia do teu peito,
que, um dia, ela vai findar!

Grita o teu pranto de dor,
faz dele o teu doce canto,
enche tua vida de amor,
desamarra o nó do pranto!
= = = = = = = = = = =

SOU PRAIA DESERTA

MOTE:
Tua ausência me desperta
a impressão de ser deixada...
como uma praia deserta
quando passa a temporada.
Vanda Alves da Silva
(Curitiba/PR)

GLOSA:

Tua ausência me desperta
uma saudade sem fim,
parece uma porta aberta,
que se fecha para mim!

Sinto, em tristeza tão minha,
a impressão de ser deixada...
para sempre, assim, sozinha,
pelo amor – abandonada!

A amargura enorme é certa
e eu me sinto a soluçar
como uma praia deserta
que chora a ausência do mar!

Assim, me sinto, também,
uma praia, sem pegada,
onde não passa ninguém,
quando passa a temporada.
= = = = = = = = = = =

VALEU A PENA...

MOTE:
É feliz quem vive a paz,
de uma velhice serena,
capaz de olhar para trás
e dizer: - Valeu a pena!
Vanda Fagundes Queiroz
(Curitiba/PR)


GLOSA:

É feliz quem vive a paz,
é feliz quem faz o bem,
é bem mais feliz, quem faz
o bem, sem olhar a quem!

Tem-se, então, a garantia
de uma velhice serena,
com muita, muita alegria
como fundo dessa cena!

É uma atitude que apraz,
que nos faz sentir felizes,
capaz de olhar para trás
e não ver só cicatrizes!

E quando o inverno chegar
em nossa vida terrena
podermos tudo lembrar
e dizer: - Valeu a pena!
= = = = = = = = = = =

SOZINHA AO LUAR...

MOTE:
Olho a rua... A noite avança,
tudo adormece ao luar...
Dorme até minha esperança,
pois cansou de te esperar!
Wanda de Paula Mourthé
(Belo Horizonte/MG)


GLOSA:

Olho a rua... A noite avança,
agora o Sol se escondeu
e a noite, quase criança,
aos poucos, apareceu!

É lindo, mais que magia!...
tudo adormece ao luar...
É tudo envolto em poesia
nos convidando a sonhar!

É bonita essa lembrança,
mas sob o luar prateado,
dorme até minha esperança,
na saudade do passado!

Meu coração, pobrezinho,
triste de tanto chorar,
segue só, o seu caminho,
pois cansou de te esperar!

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXIV. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Março 2005.

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